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VERSO 12

viśeṣa-buddher vivaraṁ manāk ca
paśyāma yan na vyavahārato ’nyat
ka īśvaras tatra kim īśitavyaṁ
tathāpi rājan karavāma kiṁ te

viśeṣa-buddheḥ — do conceito de distinção entre amo e servo; vivaram — a meta; manāk — um pouco; ca — também; paśyāmaḥ — vejo; yat — a qual; na — não; vyavahārataḥ — do que o uso temporário ou convenção; anyat — outra; kaḥ — quem; īśvaraḥ — o amo; tatra — nisto; kim — quem; īśitavyam — deve ser controlado; tathāpi — todavia; rājan — ó rei (se ainda julgas que és amo e que sou servo); karavāma — posso fazer; kim — que; te — por ti.

Meu querido rei, se ainda pensas que és o soberano e que sou teu servo, deves dar-me ordens, e eu deverei segui-las. Posso então dizer que essa distinção é temporária, e que persiste apenas graças ao uso ou à convenção. Não vejo nenhuma outra causa. Sendo assim, quem é o amo, e quem é o servo? Todos estão sendo forçados pelas leis da natureza material; portanto, ninguém é amo e ninguém é servo. Entretanto, se pensas que és o amo e que sou o servo, aceitarei isso. Por favor, ordena-me. O que posso fazer por ti?

SIGNIFICADO—No Śrīmad-Bhāgavatam, afirma-se que ahaṁ mameti, o indivíduo pensa: “Eu sou este corpo, e, nessa relação corpórea, ele é meu amo, ele é meu servo, ela é minha esposa e ele é meu filho.” Devido à mudança inevitável do corpo e ao desígnio da natureza material, todas essas concepções têm um caráter temporário. Unimo-nos como palhas que flutuam nas ondas de um oceano, palhas que são inevitavelmente separadas pelas leis das ondas. Neste mundo material, todos estão flutuando sobre as ondas do oceano da ignorância. Como descreve Bhaktivinoda Ṭhākura:

(miche) māyāra vaśe, yāccha bhese’,

khāccha hābuḍubu, bhāi

(jīva) kṛṣṇa-dāsa, ei viśvāsa,

karle ta’ āra duḥkha nāi

Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura afirma que todos os homens e mulheres estão flutuando como palhas sobre as ondas da natureza material. Se entendem que são servos eternos de Kṛṣṇa, findarão esta condição flutuante. Como afirma a Bhagavad-gītā (3.37): kāma eṣa krodha eṣa rajo-guṇa-samudbhavaḥ. Em virtude do modo da paixão, desejamos muitas coisas, e, de acordo com nossos desejos ou anseios, e conforme a ordem do Senhor Supremo, a natureza material nos proporciona certa espécie de corpo. Por algum tempo, desempenhamos o papel de patrão ou servo, assim como os atores trabalham no palco sob a direção de outrem. Na forma humana, devemos findar essa desvairada representação teatral. Devemos estabelecer-nos em nossa posição constitucional original, conhecida como consciência de Kṛṣṇa. Nas atuais circunstâncias, o verdadeiro amo é a natureza material. Daivī hy eṣā guṇa-mayī mama māyā duratyayā. (Bhagavad-gītā 7.14) Sob o encanto da natureza material, estamos nos tornando servos e patrões, mas se concordarmos em sermos controlados pela Suprema Personalidade de Deus e Seus servos eternos, essa condição temporária deixará de existir.

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