VERSO 7
tāvān ayaṁ vyavahāraḥ sadāviḥ
kṣetrajña-sākṣyo bhavati sthūla-sūkṣmaḥ
tasmān mano liṅgam ado vadanti
guṇāguṇatvasya parāvarasya
tāvān — até aquele instante; ayam — isto; vyavahāraḥ — as denominações artificiais (gordo ou magro, ou estar incluído entre os semideuses ou seres humanos); sadā — sempre; āviḥ — manifestando; kṣetra-jña — da entidade viva; sākṣyaḥ — evidência; bhavati — é; sthūla-sūkṣmaḥ — gorda ou magra; tasmāt — portanto; manaḥ — a mente; liṅgam — a causa; adaḥ — isto; vadanti — eles dizem; guṇa-aguṇatvasya — de estar absorta em qualidades materiais ou não ter qualidades materiais; para-avarasya — e das condições de vida inferiores ou superiores.
A mente faz a entidade viva vagar por diferentes espécies de vida, dentro deste mundo material, e assim, em diferentes formas, a entidade viva se entrega a afazeres mundanos, ora como ser humano, ora como semideus, ora como pessoa gorda, ora como pessoa magra e assim por diante. Os estudiosos eruditos afirmam que é a mente que causa a aparência corpórea, o cativeiro e a liberação.
SIGNIFICADO—Assim como é a causa do cativeiro, a mente também pode ser a causa da liberação. Aqui, descreve-se a mente como para-avara. Para significa transcendental, e avara, material. Ao ocupar-se a serviço do Senhor (sa vai manaḥ kṛṣṇa padāravindayoḥ), a mente se chama para, transcendental. Ao se ocupar em gozo dos sentidos materiais, ela se chama avara, ou material. No momento atual, em nosso estado condicionado, nossa mente está absorta no mais completo gozo dos sentidos materiais, apesar do que, através do processo de serviço devocional, ela pode ser purificada e colocada em sua consciência de Kṛṣṇa original. Várias vezes, demos o exemplo de Ambarīṣa Mahārāja. Sa vai manaḥ kṛṣṇa-padāravindayor vacāṁsi vaikuṇṭha-guṇānuvarṇane. A mente deve ficar sob o controle da consciência de Kṛṣṇa. A língua pode ser utilizada em difundir a mensagem da consciência de Kṛṣṇa, glorificar o Senhor ou tomar prasāda, os restos do alimento oferecido a Kṛṣṇa. Sevonmukhe hi jihvādau: quando alguém utiliza a língua a serviço do Senhor, seus outros sentidos podem purificar-se. Como afirma o Nārada-pañcarātra, sarvopādhi-vinirmuktaṁ tat-paratvena nirmalam: o indivíduo purifica sua mente e seus sentidos, purifica toda a sua existência bem como suas designações. Ele não se considera mais um ser humano, semideus, gato, cachorro, hindu, muçulmano e assim por diante. Com os sentidos e a mente purificados e estando inteiramente ocupado a serviço de Kṛṣṇa, ele pode libertar-se e voltar ao lar, voltar ao Supremo.