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VERSO 1

brāhmaṇa uvāca
duratyaye ’dhvany ajayā niveśito
rajas-tamaḥ-sattva-vibhakta-karmadṛk
sa eṣa sārtho ’rtha-paraḥ paribhraman
bhavāṭavīṁ yāti na śarma vindati

brāhmaṇaḥ uvāca — o brāhmaṇa Jaḍa Bharata continuou a falar; duratyaye — que é muito difícil de atravessar; adhvani — no caminho das atividades fruitivas (executar ações nesta vida, criando, através dessas ações, um corpo na próxima vida e, dessa maneira, continuar a aceitar nascimentos e mortes); ajayā — por māyā, a energia externa da Suprema Personalidade de Deus; niveśitaḥ — levada a entrar; rajaḥ-tamaḥ-sattva-vibhakta-karma-dṛk — uma alma condicionada que vê apenas as atividades fruitivas benéficas e seus resultados imediatos, que pertencem a três grupos representados pelos modos da bondade, paixão e ignorância; saḥ — ela; eṣaḥ — isto; sa-arthaḥ — a entidade viva buscando o falso gozo dos sentidos; artha-paraḥ — decidida a ficar rica; paribhraman — perambulando; bhava-aṭavīm — a floresta conhecida como bhava, que significa a repetição de nascimentos e mortes; yāti — penetra; na — não; śarma — felicidade; vindati — obtém.

Jaḍa Bharata, que compreendera na íntegra o Brahman, continuou: Meu querido rei Rahūgaṇa, a entidade viva perambula pelos caminhos do mundo material, os quais ela tem muita dificuldade de percorrer, e aceita repetidos nascimentos e mortes. Ficando sob a influência dos três modos da natureza material (sattva-guṇa, rajo-guṇa e tamo-guṇa), e se deixando, então, cativar pelo mundo material, a entidade viva vê apenas os três frutos de suas atividades desenvolvidas sob o encanto da natureza material. Esses frutos são auspiciosos, inauspiciosos e mistos. Ela, então, apega-se à religião, ao desenvolvimento econômico, ao gozo dos sentidos e à teoria monista da liberação (imersão no Supremo). Dia e noite, ela trabalha muito arduamente, tal qual um mercador que vai à floresta comprar alguns artigos e, mais tarde, vende-os a fim de lucrar. Contudo, ela não pode realmente alcançar a felicidade dentro deste mundo material.

SIGNIFICADO—Pode-se compreender muito facilmente o quanto o caminho do gozo dos sentidos é difícil e intransponível. Desconhecendo o que é o caminho do gozo dos sentidos, a pessoa se envolve em repetidos nascimentos e continua aceitando diferentes classes de corpos. Desse modo, ela sofre na existência material. Nesta vida, talvez alguém se julgue muito feliz porque é americano, indiano, inglês ou alemão, mas, na próxima vida, terá de aceitar um corpo dentre as 8.400.000 espécies. De acordo com seu karma, será obrigado a aceitar outro corpo imediatamente. Forçado a aceitar determinada classe de corpo, não adiantará protestar. Essa é a estrita lei da natureza. Por ignorar a sua vida eterna e bem-aventurada, a entidade viva sob o encanto de māyā se deixa cativar pelas atividades materiais. Embora, neste mundo, jamais possa experimentar a felicidade, ela trabalha arduamente na esperança de alcançá-la. Isso se chama māyā.

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