VERSO 20
rahūgaṇa tvam api hy adhvano ’sya
sannyasta-daṇḍaḥ kṛta-bhūta-maitraḥ
asaj-jitātmā hari-sevayā śitaṁ
jñānāsim ādāya tarāti-pāram
rahūgaṇa — ó rei Rahūgaṇa; tvam — tu; api — também; hi — decerto; adhvanaḥ — do caminho da existência material; asya — este; sannyastadaṇḍaḥ — tendo abandonado o cetro real com que os criminosos são punidos; kṛta-bhūta-maitraḥ — tornando-te amistoso com todos; asat-jita-ātmā — cuja mente não se deixa atrair pelo prazer da vida materialista; hari-sevayā — por meio do amoroso serviço ao Senhor Supremo; śitam — afiada; jñāna-asim — a espada do conhecimento; ādāya — empunhando; tara — cruza; ati-pāram — rumo ao objetivo último da existência espiritual.
Meu querido rei Rahūgaṇa, já que estás situado no caminho da atração ao prazer material, és também vítima da energia externa. Para que te tornes um amigo equânime de todas as entidades vivas, aconselho-te que abandones tua posição real e o cetro com o qual punes os criminosos. Não mais te deixes atrair pelos objetos dos sentidos e empunha a espada do conhecimento, afiada pelo serviço devocional. Então serás capaz de cortar o forte nó da energia ilusória e de cruzar até o outro lado do oceano da ignorância.
SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā (15.3-4), o Senhor Kṛṣṇa compara o mundo material a uma árvore ilusória da qual devemos libertar-nos:
na rūpam asyeha tathopalabhyate
nānto na cādir na ca sampratiṣṭhā
aśvattham enaṁ suvirūḍha-mūlam
asaṅga-śastreṇa dṛḍhena chittvā
tataḥ padaṁ tat parimārgitavyaṁ
yasmin gatā na nivartanti bhūyaḥ
tam eva cādyaṁ puruṣaṁ prapadye
yataḥ pravṛttiḥ prasṛtā purāṇī
“Não se pode perceber a verdadeira forma desta árvore neste mundo. Ninguém pode compreender onde ela acaba, onde começa ou onde ela se alicerça. Mas, com determinação, deve-se derrubar com a arma do desapego essa árvore fortemente arraigada. Em seguida, deve-se procurar aquele lugar do qual ninguém volta após ter chegado e lá render-se a esta Suprema Personalidade de Deus de quem tudo começou e de quem tudo emana desde tempos imemoriais.”