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VERSO 7

śūrair hṛta-svaḥ kva ca nirviṇṇa-cetāḥ
śocan vimuhyann upayāti kaśmalam
kvacic ca gandharva-puraṁ praviṣṭaḥ
pramodate nirvṛtavan muhūrtam

śūraiḥ — por inimigos poderosíssimos; hṛta-svaḥ — todas as suas posses tendo sido roubadas; kva ca — às vezes; nirviṇṇa-cetāḥ — muito melancólico e magoado no coração; śocan — lamentando-se profundamente; vimuhyan — ficando confuso; upayāti — alcança; kaśmalam — inconsciência; kvacit — às vezes; ca — também; gandharva-puram — uma cidade imaginária na floresta; praviṣṭaḥ — tendo penetrado; pramodate — ele desfruta; nirvṛta-vat — exatamente como uma pessoa que alcançou o sucesso; muhūrtam — por um simples momento.

Às vezes, sendo agredida ou assaltada por um agente superior e poderoso, a entidade viva perde todas as suas posses. Em resposta a isso, ela fica muito melancólica e, lamentando essa perda, às vezes perde a consciência. Ocasionalmente, ela imagina uma grande cidade palaciana onde deseja viver feliz com suas riquezas e membros familiares. Acha que, conseguindo isso, alcançará a felicidade plena, mas essa aparente felicidade dura apenas um momento.

SIGNIFICADO—Neste verso, a palavra gandharva-puram é muito expressiva. Às vezes, na floresta, aparece um grande castelo, o qual é chamado de castelo no ar. Na verdade, a não ser em nossa imaginação, esse castelo não existe em parte alguma. Isso se chama gandharva-pura. Na floresta material, a alma condicionada às vezes fixa sua atenção em grandes castelos e arranha-céus e desperdiça sua energia com essas coisas, esperando sempre viver neles muito pacificamente com sua família. Contudo, as leis da natureza não permitem isso. Ao entrar nesse castelo, ela tem a impressão momentânea de que é muito feliz, muito embora sua felicidade seja efêmera. Talvez a sua felicidade dure alguns anos, mas, visto que o proprietário do castelo terá de deixá-lo na hora da morte, perderá tudo. É nesse contexto que se dão as relações mundanas. Vidyāpati descreve que semelhante felicidade é igual à felicidade que sentimos ao vermos uma gota de água no deserto. O deserto é aquecido pelo sol abrasador e, caso queiramos reduzir a temperatura do deserto, precisaremos de uma imensa quantidade de água – milhões e milhões de litros. Que efeito terá uma gota? Decerto a água é importante, mas uma mera gota não reduzirá o calor do deserto. Neste mundo material, todos são ambiciosos, mas o calor é muito inclemente. De que adiantaria um castelo imaginário no ar? Portanto, Śrīla Vidyāpati canta: tāṭala saikate, vāri-bindu-sama, suta-mita-ramaṇi-samāje. A felicidade da vida familiar, da amizade e da sociedade é comparada a uma gota de água em um deserto escaldante. Como a felicidade é prerrogativa do ser vivo, todo o mundo material está atarefado na tentativa de alcançar a felicidade. Infelizmente, ao entrar em contato com o mundo material, tudo o que a entidade viva faz é lutar pela existência. Mesmo que alguém consiga ser feliz por um momento, um inimigo poderosíssimo pode saquear tudo. Existem muitos exemplos nos quais importantes homens de negócios subitamente se tornam indigentes e moradores de rua. No entanto, conforme a natureza da existência material, os tolos se deixam atrair por essas transações e se esquecem de seu verdadeiro dever, a autorrealização.

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