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VERSO 7

sa vai sva-dharmeṇa prajā-pālana-poṣaṇa-prīṇanopalālanānuśāsana-lakṣaṇenejyādinā ca bhagavati mahā-puruṣe parāvare brahmaṇi sarvātmanārpita-paramārtha-lakṣaṇena brahmavic-caraṇānusevayāpādita-bhagavad-bhakti-yogena cābhīkṣṇaśaḥ paribhāvitāti-śuddha-matir uparatānātmya ātmani svayam upalabhyamāna-brahmātmānubhavo ’pi nirabhimāna evāvanim ajūgupat.

saḥ — esse rei Gaya; vai — na verdade; sva-dharmeṇa — através de seu próprio dever; prajā-pālana — de proteger os súditos; poṣaṇa — de mantê-los; prīṇana — de fazê-los felizes sob todos os aspectos; upalālana — de tratá-los como filhos; anuśāsana — de às vezes castigá-los por seus erros; lakṣaṣena — pelos atributos de um rei; ijyā-ādinā — por realizar as cerimônias ritualísticas recomendadas nos Vedas; ca — também; bhagavati — à Suprema Personalidade de Deus, Viṣṇu; mahā-puruṣe — a principal de todas as entidades vivas; para-avare — a fonte de todas as entidades vivas, desde a mais elevada, o senhor Brahmā, até as ínfimas, tais como as formigas insignificantes; brahmaṇi — ao Parabrahman, a Suprema Personalidade de Deus, Vāsudeva; sarva-ātmanā — sob todos os aspectos; arpita — de que é rendido; parama-artha-lakṣaṇena — com características espirituais; brahma-vit — dos devotos santos e autorrealizados; caraṇa-anusevayā — mediante o serviço aos pés de lótus; āpādita — alcançou; bhagavat-bhakti-yogena — da prática do serviço devocional ao Senhor; ca — também; abhīkṣṇaśaḥ — continuamente; paribhāvita — repleto; ati-śuddha-matiḥ — cuja consciência é inteiramente pura (compreensão plena de que o corpo e a mente são distintos da alma); uparata-anātmye — onde cessava a identificação com as coisas materiais; ātmani — o seu próprio eu; svayam — pessoalmente; upalabhyamāna — tendo compreendido; brahma-ātma-anubhavaḥ — percepção de sua própria posição como o Espírito Supremo; api — embora; nirabhimānaḥ — sem falso prestígio; eva — dessa maneira; avanim — o mundo inteiro; ajūgupat — governava estritamente de acordo com os princípios védicos.

O rei Gaya dava plena proteção e segurança aos cidadãos para que a propriedade pessoal deles não fosse perturbada por elementos indesejáveis. Ele também atentava para que houvesse suficiente comida para alimentar todos os cidadãos. (Isso se chama poṣaṇa.) Às vezes, ele distribuía presentes aos cidadãos para satisfazê-los. (Isso se chama prīṇana.) Às vezes, convocava reuniões e, usando palavras doces, satisfazia os cidadãos. (Isso se chama upalālana.) Dava-lhes também boas instruções sobre como tornarem-se cidadãos de primeira classe. (Isso se chama anuśāsana.) Essas eram as características da ordem real do rei Gaya. Além de tudo isso, o rei Gaya era um chefe de família que observava estritamente as normas e os preceitos da vida familiar. Ele realizava sacrifícios e era um autêntico devoto puro da Suprema Personalidade de Deus. Chamava-se Mahāpuruṣa porque, como rei, conferia todas as facilidades aos cidadãos e, como chefe de família, executava todos os seus deveres para que, no final, se tornasse um estrito devoto do Senhor. Como devoto, estava sempre disposto a oferecer respeitos a outros devotos e a ocupar-se no serviço devocional ao Senhor. É esse o processo de bhakti-yoga. Devido a todas essas atividades transcendentais, o rei Gaya vivia livre da concepção corpórea. Compreendia o Brahman na íntegra e, consequentemente, mantinha-se sempre feliz. Não se entregava jamais à lamentação material. Embora fosse perfeito sob todos os aspectos, não era orgulhoso, tampouco ansiava governar o reino.

SIGNIFICADO—Como o Senhor Kṛṣṇa afirma na Bhagavad-gītā, Ele desce à Terra com dois propósitos – proteger os fiéis e aniquilar os demônios (paritrāṇāya sādhūnāṁ vināśāya ca duṣkṛtām). Como representante da Suprema Personalidade de Deus, é comum o rei ser chamado de nara-deva, isto é, o Senhor como um ser humano. Segundo os preceitos védicos, ele é adorado como Deus na plataforma material. Como representante do Senhor Supremo, o rei tinha o dever de proteger os cidadãos de maneira perfeita, para que eles não ficassem ansiosos ao verem que lhes faltavam alimento e proteção, e para que pudessem, então, ser felizes. Em benefício deles, o rei costumava fornecer tudo e, com esse propósito, ele cobrava impostos. Se, visando a outros fins, o rei ou o governo cobra impostos dos cidadãos, torna-se responsável pelas atividades pecaminosas deles. Em Kali-yuga, aboliu-se a monarquia porque os próprios reis estão sujeitos à influência de Kali-yuga. O Rāmāyaṇa nos informa que, ao se tornar amigo do Senhor Rāmacandra, Bibhīṣaṇa prometeu que se ele, acidental ou deliberadamente, quebrasse a conduta de amizade que passara a cultivar com o Senhor Rāmacandra, ele se tornaria um brāhmaṇa ou um rei em Kali-yuga. Nesta era, como Bibhīṣaṇa deixou claro, tanto os brāhmaṇas quanto os reis gozam de uma posição desprestigiosa. Na verdade, nesta era, não há reis ou brāhmaṇas, e, devido a essa falta, o mundo inteiro está em uma situação caótica e em constante aflição. Comparando-se ao que se vê hoje em dia, Mahārāja Gaya era um verdadeiro representante do Senhor Viṣṇu; portanto, ele era conhecido como Mahāpuruṣa.

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