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VERSO 3

tataḥ sapta ṛṣayas tat prabhāvābhijñā yāṁ nanu tapasa ātyantikī siddhir etāvatī bhagavati sarvātmani vāsudeve ’nuparata-bhakti-yoga-lābhenaivopekṣitānyārthātma-gatayo muktim ivāgatāṁ mumukṣava iva sabahu-mānam adyāpi jaṭā-jūṭair udvahanti.

tataḥ — em seguida; sapta ṛṣayaḥ — os sete grandes sábios (a começar por Marīci); tat prabhāva-abhijñāḥ — que conheciam muito bem a influência do rio Ganges; yām — essa água do Ganges; nanu — na verdade; tapasaḥ — de nossas austeridades; ātyantikī — a definitiva; siddhiḥ — perfeição; etāvatī — esse tanto; bhagavati — a Suprema Personalidade de Deus; sarva-ātmani — no onipenetrante; vāsudeve — Kṛṣṇa; anuparata — contínuo; bhakti-yoga — do processo místico de serviço devocional; lābhena — pelo simples fato de alcançar essa plataforma; eva — decerto; upekṣita — rejeitaram; anya — outros; artha-ātma-gatayaḥ — todos os outros meios de perfeição (a saber, religião, desenvolvimento econômico, gozo dos sentidos e liberação); muktim — ausência de cativeiro material; iva — como; āgatām — obtiveram; mumukṣavaḥ — pessoas que desejam a liberação; iva — como; sa-bahu-mānam — com muita honra; adya api — mesmo agora; jaṭā-jūṭaiḥ — nos tufos de cabelos anelados; udvahanti — eles ostentam.

Os sete grandes sábios [Marīci, Vasiṣṭha, Atri e assim por diante] residem em planetas abaixo de Dhruvaloka. Cientes da influência das águas do Ganges, até hoje eles mantêm a água do Ganges nos tufos de seus cabelos. Eles concluíram que essa é a riqueza definitiva, a perfeição de todas as austeridades e o melhor meio de praticar vida transcendental. Tendo alcançado o ininterrupto serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus, eles rejeitam todos os outros processos benéficos, tais como religião, desenvolvimento econômico, gozo dos sentidos e, inclusive, a imersão no Supremo. Assim como os jñānīs pensam que imergir na existência do Senhor é a realidade máxima, essas sete personalidades elevadas aceitam o serviço devocional como a perfeição da vida.

SIGNIFICADO—Os transcendentalistas dividem-se em dois grupos principais: os nirviśeṣa-vādīs, ou impersonalistas, e os bhaktas, ou devotos. Os impersonalistas não aceitam a variedade da vida espiritual. Eles querem fundir-se no brahmajyoti, o aspecto Brahman do Senhor Supremo. Por sua vez, os devotos desejam participar das atividades transcendentais do Senhor Supremo. No sistema planetário superior, o planeta mais elevado é Dhruvaloka, e, abaixo de Dhruvaloka, encontram-se os sete planetas onde residem os grandes sábios, a começar por Marīci, Vasiṣṭha e Atri, todos os quais têm o serviço devocional como a perfeição máxima da vida. Portanto, todos eles ostentam sobre suas cabeças a água sagrada do Ganges. Este verso comprova que, para a pessoa que alcançou a plataforma de serviço devocional puro, nada mais, nem mesmo a dita liberação (kaivalya), reveste-se de importância. Śrīla Śrīdhara Svāmī afirma que só pode abandonar todas as outras ocupações, considerando-as insignificantes, quem adota o serviço devocional puro ao Senhor. Prabodhānanda Sarasvatī confirma da seguinte maneira essa afirmação:

kaivalyaṁ narakāyate tri-daśa-pūr ākāśa-puṣpāyate
durdāntendriya-kāla-sarpa-paṭalī protkhāta-daṁṣṭrāyate
viśvaṁ pūrṇa-sukhāyate vidhi-mahendrādiś ca kīṭāyate
yat kāruṇya-kaṭākṣa-vaibhavavatāṁ taṁ gauram eva stumaḥ

(Caitanya-candrāmṛta 5)

Śrī Caitanya Mahāprabhu explicou e difundiu perfeitamente o processo de bhakti-yoga. Consequentemente, se para aquele que se refugiou aos pés de lótus de Śrī Caitanya Mahāprabhu, a perfeição máxima dos māyāvādīs, kaivalya, ou tornar-se uno com o Supremo, é considerada infernal, o que falar das aspirações dos karmīs que estão apenas interessados em se promoverem aos planetas celestiais? Os devotos consideram tais metas como fantasmagorias inúteis. Há também os yogīs, que tentam controlar os sentidos, porém, enquanto não se estabelecerem na plataforma de serviço devocional, não obterão êxito. Comparam-se os sentidos a serpentes venenosas, mas os sentidos do bhakta ocupado a serviço do Senhor são como serpentes cujas presas peçonhentas foram removidas. O yogī tenta reprimir os sentidos, contudo, mesmo grandes místicos como Viśvāmitra falham nesse intento. Ao se deixar cativar por Menakā enquanto meditava, Viśvāmitra foi dominado pelos seus sentidos. Mais tarde, ela deu à luz Śakuntalā. Portanto, como o Senhor Kṛṣṇa confirma na Bhagavad-gītā (6.47), as pessoas mais sábias do mundo são os bhakti-yogīs:

yoginām api sarveṣāṁ
mad-gatenāntarātmanā
śraddhāvān bhajate yo māṁ
sa me yuktatamo mataḥ

“De todos os yogīs, aquele que tem muita fé e sempre se refugia em Mim, adorando-Me em serviço amoroso transcendental, é o mais intimamente unido a Mim em yoga e é o mais elevado de todos.”

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