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VERSO 10

māgāra-dārātmaja-vitta-bandhuṣu
saṅgo yadi syād bhagavat-priyeṣu naḥ
yaḥ prāṇa-vṛttyā parituṣṭa ātmavān
siddhyaty adūrān na tathendriya-priyaḥ

 — não; agāra — casa; dāra — esposa; ātma-ja — filhos; vitta — saldo bancário; bandhuṣu — entre amigos e parentes; saṅgaḥ — associação ou apego; yadi — caso; syāt — tem que haver; bhagavat-priyeṣu — entre pessoas a quem a Suprema Personalidade de Deus é muito querido; naḥ — de nós; yaḥ — qualquer pessoa que; prāṇa-vṛttyā — com as necessidades básicas da vida; parituṣṭaḥ — fica satisfeita; ātma-vān — que controlou sua mente e sabe o que é o eu; siddhyati — torna-se exitosa; adūrāt — muito em breve; na — não; tathā — esse tanto; indriya-priyaḥ — uma pessoa apegada ao gozo dos sentidos.

Meu querido Senhor, rogamos que nunca nos deixes sentir atração pela prisão da vida familiar, que consiste no lar, na esposa, nos filhos, nos amigos, no saldo bancário, nos parentes e assim por diante. Se tivermos de desenvolver algum apego, então que nos apeguemos aos devotos, cujo único amigo querido é Kṛṣṇa. Alguém realmente autorrealizado e com a mente controlada fica perfeitamente satisfeito com as necessidades básicas da vida. Ele não tenta desfrutar dos sentidos. Semelhante pessoa empreende um rápido avanço em consciência de Kṛṣṇa, ao passo que os demais, muitíssimo apegados às coisas materiais, têm muita dificuldade em avançar.

SIGNIFICADO—Quando solicitado a explicar o dever do vaiṣṇava, a saber, da pessoa consciente de Kṛṣṇa, Śrī Kṛṣṇa Caitanya Mahāprabhu imediatamente disse: asat-saṅga-tyāga, — ei vaiṣṇava-ācāra. A primeira obrigação do vaiṣṇava é romper a associação com pessoas que não são devotos de Kṛṣṇa e são demasiadamente apegadas a coisas materiais – esposa, filhos, conta bancária e assim por diante. Prahlāda Mahārāja também ora à Personalidade de Deus que possa evitar a companhia de não-devotos apegados ao modo de vida materialista. Se tiver de se apegar a alguém, roga apegar-se somente aos devotos.

O devoto não está interessado em desfrutar, tentando dar vazão às demandas dos sentidos. É claro que, enquanto viver neste mundo material, a pessoa deverá ter um corpo material, e esse será mantido para que ela preste serviço devocional. Pode manter muito facilmente o corpo quem come kṛṣṇa-prasāda. Como Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā (9.26):

patraṁ puṣpaṁ phalaṁ toyaṁ
yo me bhaktyā prayacchati
tad ahaṁ bhakty-upahṛtam
aśnāmi prayatātmanaḥ

“Se alguém Me oferecer, com amor e devoção, uma folha, uma flor, frutas ou água, Eu as aceitarei.” Por que se deveria aumentar desnecessariamente o cardápio apenas para satisfazer a língua? Os devotos devem comer da maneira mais simples possível. Caso contrário, o apego às coisas materiais se intensificará aos poucos, e os sentidos, estando bem fortes, logo exigirão mais e mais prazer material. Então, a verdadeira ocupação na vida – avançar em consciência de Kṛṣṇa – cessará.

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