VERSO 16
athātale maya-putro ’suro balo nivasati yena ha vā iha sṛṣṭāḥ ṣaṇ-ṇavatir māyāḥ kāścanādyāpi māyāvino dhārayanti yasya ca jṛmbhamāṇasya mukhatas trayaḥ strī-gaṇā udapadyanta svairiṇyaḥ kāminyaḥ puṁścalya iti yā vai bilāyanaṁ praviṣṭaṁ puruṣaṁ rasena hāṭakākhyena sādhayitvā sva-vilāsāvalokanānurāga-smita-saṁlāpopagūhanādibhiḥ svairaṁ kila ramayanti yasminn upayukte puruṣa īśvaro ’haṁ siddho ’ham ity ayuta-mahā-gaja-balam ātmānam abhimanyamānaḥ katthate madāndha iva.
atha — agora; atale — no planeta chamado Atala; maya-putraḥ asuraḥ — o demônio filho de Maya; balaḥ — Bala; nivasati — reside; yena — por quem; ha vā — na verdade; iha — nesse; sṛṣṭāḥ — propagadas; ṣaṭ-ṇavatiḥ — noventa e seis; māyāḥ — variedades de ilusão; kāścana — alguns; adya api — mesmo hoje em dia; māyā-vinaḥ — aqueles que conhecem a arte de feitos mágicos (por exemplo, como fabricar ouro); dhārayanti — utilizam; yasya — de quem; ca — também; jṛmbhamāṇasya — enquanto boceja; mukhataḥ — da boca; trayaḥ — três; strī-gaṇāḥ — variedades de mulheres; udapadyanta — foram geradas; svairiṇyaḥ — svairiṇī (aquela que somente se casa em sua mesma classe); kāminyaḥ — kāmiṇī (aquela que, sendo luxuriosa, casa-se com um homem de qualquer linhagem); puṁścalyaḥ — puṁścalī (aquela que quer ir de marido em marido); iti — assim; yāḥ — quem; vai — decerto; bila-ayanam — os planetas subterrâneos; praviṣṭam — adentrando; puruṣam — um varão; rasena — com um suco; hāṭaka-ākhyena — feito de uma erva intoxicante conhecida como hāṭaka; sādhayitvā — tornando sexualmente potente; sva-vilāsa — para seu próprio gozo dos sentidos; avalokana — através de olhares; anurāga — luxuriosos; smita — sorrindo; saṁlāpa — conversando; upagūhana-ādibhiḥ — e abraçando; svairam — de acordo com seus próprios desejos; kila — na verdade; ramayanti — desfrutam do prazer sexual; yasmin — que; upayukte — quando usado; puruṣaḥ — um homem; īśvaraḥ aham — eu sou a pessoa mais poderosa; siddhaḥ aham — eu sou a pessoa maior e mais elevada; iti — assim; ayuta — dez mil; mahā-gaja — de grandes elefantes; balam — a força; ātmānam — ele próprio; abhimanyamānaḥ — estando cheio de orgulho; katthate — eles dizem; mada-andhaḥ — cego pelo falso prestígio; iva — como.
Meu querido rei, começando por Atala, passarei, então, a descrever-te cada um dos sistemas planetários inferiores. Em Atala, existe um demônio, o filho de Maya Dānava chamado Bala, que criou noventa e seis espécies de poder místico. Alguns pretensos yogīs e svāmīs aproveitam-se desse poder místico para enganar as pessoas até a atualidade. Mediante seu simples bocejo, o demônio Bala criou três classes de mulheres, conhecidas como svairiṇī, kāmiṇī e puṁścalī. As svairiṇīs gostam de se casar com homens de sua própria linhagem, as kāmiṇīs se casam com homens de qualquer linhagem, e as puṁścalīs estão sempre trocando de marido. Se um homem entra no planeta de Atala, essas mulheres imediatamente o capturam e o induzem a tomar uma bebida intoxicante feita com uma droga conhecida como hāṭaka [Cannabis indica]. Essa substância intoxicante concede ao homem grande poder sexual, e as mulheres se aproveitam disso para o seu prazer. Uma mulher o seduz com olhares atrativos, palavras íntimas, sorrisos amorosos e, em seguida, com abraços. Dessa maneira, ela o induz a fazer sexo com ela até se sentir plenamente satisfeita. Devido ao desmesurado poder sexual, o homem se julga mais forte do que dez mil elefantes e se considera perfeitíssimo. De fato, iludido e embriagado pelo falso orgulho, ele se julga Deus, ignorando a morte iminente.