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VERSO 23

ye tv iha vai vṛṣalī-patayo naṣṭa-śaucācāra-niyamās tyakta-lajjāḥ paśu-caryāṁ caranti te cāpi pretya pūya-viṇ-mūtra-śleṣma-malā-pūrṇārṇave nipatanti tad evātibībhatsitam aśnanti.

ye — pessoas que; tu — mas; iha — nesta vida; vai — na verdade; vṛṣalī-patayaḥ — os esposos das śūdras; naṣṭa — perdida; śauca-ācāra-niyamāḥ — cuja limpeza, bom comportamento e vida regulada; tyakta-lajjāḥ — descarados; paśu-caryām — o comportamento de animais; caranti — eles adotam; te — eles; ca — também; api — na verdade; pretya — ao morrer; pūya — de pus; viṭ — excremento; mūtra — urina; śleṣma — muco; malā — saliva; pūrṇa — cheio; arṇave — em um oceano; nipatanti — caem; tat — isto; eva — apenas; atibībhatsitam — extremamente detestável; aśnanti — comem.

Os desavergonhados esposos de mulheres śūdras, as quais são de nascimento inferior, vivem exatamente como animais, de modo que não têm bom comportamento, limpeza ou vida regulada. Após a morte, tais pessoas são atiradas no inferno chamado Pūyoda, onde são postas em um oceano cheio de pus, excremento, urina, muco, saliva e similares. Os śūdras que não foram capazes de se aprimorarem, caem nesse oceano e são forçados a comer essas substâncias detestáveis.

SIGNIFICADO—Śrīla Narottama Dāsa Ṭhākura canta:

karma-kāṇḍa, jñāna-kāṇḍa, kevala viṣera bāṇḍa,
amṛta baliyā yebā khāya
nānā yoni sadā phire, kadarya bhakṣaṇa kare,
tāra janma adaḥ-pate yāya

Ele diz que as pessoas que seguem os caminhos de karma-kāṇḍa e jñāna-kāṇḍa (atividades fruitivas e pensamento especulativo) não estão aproveitando o seu nascimento humano e deslizam rumo ao ciclo de nascimentos e mortes. Assim, sempre estão em perigo de serem postas em Pūyoda Naraka, o inferno chamado Pūyoda, onde terão de comer excremento, urina, pus, muco, saliva e outras coisas abomináveis. É significativo que este verso fale especialmente dos śūdras. Se alguém nasce śūdra, ele deve continuamente retornar ao oceano de Pūyoda para comer substâncias detestáveis. Assim, mesmo um śūdra de nascença deve tornar-se brāhmaṇa; essa é a serventia da vida humana. Todos devem se aperfeiçoar. Na Bhagavad-gītā (4.13), Kṛṣṇa diz que cātur-varṇyaṁ mayā sṛṣṭaṁ guṇa-karma-vibhāgaśaḥ: “Conforme os três modos da natureza material e o trabalho atribuído a eles, as quatro divisões da sociedade humana são criadas por Mim.” Mesmo que alguém se qualifique como śūdra, deve tentar melhorar de posição e se tornar um brāhmaṇa. Ninguém deve impedir alguém, não importa qual seja sua atual posição, de chegar à plataforma de brāhmaṇa ou vaiṣṇava. Na verdade, a pessoa deve chegar à plataforma de vaiṣṇava. Então, automaticamente ela se torna brāhmaṇa. Isso só pode ser feito caso se propague o movimento da consciência de Kṛṣṇa, pois estamos tentando elevar todos à plataforma de vaiṣṇavas. A propósito, na Bhagavad-gītā (18.66), Kṛṣṇa diz que sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja: “Abandona todos os outros deveres e simplesmente rende-te a Mim.” A pessoa deve abandonar os deveres ocupacionais de śūdra, kṣatriya ou vaiśya e adotar os deveres ocupacionais de vaiṣṇava, que incluem atividades de brāhmaṇa. Kṛṣṇa explica isso na Bhagavad-gītā (9.32):

māṁ hi pārtha vyapāśritya
ye ’pi syuḥ pāpa-yonayaḥ
striyo vaiśyās tathā śūdrās
te ’pi yānti parāṁ gatim

“Ó filho de Pṛthā, aqueles que se refugiam em Mim, mesmo que sejam de nascimento inferior – as mulheres, os vaiśyas [comerciantes], bem como os śūdras [operários] – podem aproximar-se do destino supremo.” A vida humana se destina especificamente a proporcionar a volta ao lar, a volta ao Supremo. Todos devem receber essa facilidade, quer sejam śūdras, vaiśyas, mulheres ou kṣatriyas. Esse é o propósito do movimento da consciência de Kṛṣṇa. Contudo, se alguém está satisfeito em permanecer śūdra, tem de sofrer as punições descritas neste verso: tad evātibībhatsitam aśnanti.

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