VERSO 15
yad u ha vāva tava punar adabhra-kartar iha samāhūtas tatrārtha-dhiyāṁ mandānāṁ nas tad yad deva-helanaṁ deva-devārhasi sāmyena sarvān prativoḍhum aviduṣām.
yat — porque; u ha vāva — na verdade; tava — a Vós; punaḥ — novamente; adabhra-kartaḥ — ó Senhor, que realizais muitas atividades; iha — aqui, nesta arena de sacrifício; samāhūtaḥ — convidamos; tatra — portanto; artha-dhiyām — que aspiramos a satisfazer os desejos materiais; mandānām — não muito inteligentes; naḥ — nosso; tat — isso; yat — o qual; deva-helanam — desrespeito à Suprema Personalidade de Deus; deva-deva — Senhor dos senhores; arhasi — por favor; sāmyena — devido à Vossa atitude equânime; sarvān — tudo; prativoḍhum — tolerai; aviduṣām — de nós, que somos todos ignorantes.
Ó Senhor, realizais muitas atividades maravilhosas. Nossa única meta era obter um filho através da execução deste grande sacrifício; portanto, nossa inteligência não é muito aguçada. Não somos experientes em determinar a meta da vida. Ao convidar-Vos a este sacrifício insignificante, o qual foi preparado em busca de um benefício material, certamente cometemos uma grande ofensa aos Vossos pés de lótus. Portanto, ó Senhor dos senhores, por favor, recorrendo à Vossa misericórdia imotivada e mente equânime, perdoai a nossa ofensa.
SIGNIFICADO—Os sacerdotes estavam com certeza infelizes por terem, por uma razão insignificante, pedido que o Senhor Supremo viesse de Vaikuṇṭha. O devoto puro nunca deseja ver o Senhor desnecessariamente. O Senhor está ocupado em várias atividades, e o devoto puro não quer vê-lO por capricho, para o gozo de seus próprios sentidos. O devoto puro simplesmente depende da misericórdia do Senhor e, quando o Senhor está satisfeito, semelhante devoto pode vê-lO face a face. O Senhor é invisível até mesmo aos semideuses como o senhor Brahmā e o senhor Śiva. Ao convocarem o Senhor Supremo, os sacerdotes de Mahārāja Nābhi provaram que eram desprovidos de inteligência; todavia, o Senhor veio por Sua misericórdia imotivada. Todos eles, portanto, desejavam ser perdoados pelo Senhor.
As autoridades não aprovam quem adora o Senhor Supremo em busca de ganhos materiais. Como se afirma na Bhagavad-gītā (7.16):
catur-vidhā bhajante māṁ
janāḥ sukṛtino ’rjuna
ārto jijñāsur arthārthī
jñānī ca bharatarṣabha
“Ó melhor entre os Bhāratas [Arjuna], quatro classes de homens piedosos passam a Me prestar serviço devocional – o aflito, o que deseja riquezas, o inquisitivo e o que busca conhecer o Absoluto.”
A iniciação em bhakti começa quando alguém está em uma condição aflita ou sem dinheiro, ou quando tem curiosidade de entender a Verdade Absoluta. Todavia, aqueles que se aproximam do Senhor Supremo dessa maneira ainda não são devotos de verdade. Eles são aceitos como piedosos (sukṛtinaḥ) devido a buscarem a Verdade Absoluta, a Suprema Personalidade de Deus. Desconhecendo as várias atividades e ocupações do Senhor, essas pessoas perturbam desnecessariamente o Senhor em busca de ganho material. Contudo, o Senhor é tão bondoso que, muito embora seja por eles incomodado, satisfaz os desejos desses pedintes. O devoto puro é anyābhilāṣitā-śūnya; em sua adoração não há motivações ulteriores. Ele não é conduzido pela influência de māyā sob a forma de karma ou jñāna. O devoto puro está sempre preparado para executar a ordem do Senhor sem fazer considerações pessoais. Os ṛtvijaḥ, os sacerdotes do sacrifício, sabiam muito bem a distinção entre karma e bhakti e, como julgavam estar sob a influência de karma, atividades fruitivas, eles imploraram o perdão do Senhor. Eles sabiam que o Senhor fora convidado a comparecer por uma razão medíocre.