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VERSO 20

barhiṣi tasminn eva viṣṇudatta bhagavān paramarṣibhiḥ prasādito nābheḥ priya-cikīrṣayā tad-avarodhāyane merudevyāṁ dharmān darśayitu-kāmo vāta-raśanānāṁ śramaṇānām ṛṣīṇām ūrdhva-manthināṁ śuklayā tanuvāvatatāra.

barhiṣi — na arena de sacrifícios; tasmin — aquela; eva — dessa maneira; viṣṇu-datta — ó Mahārāja Parīkṣit; bhagavān — a Suprema Personalidade de Deus; parama-ṛṣibhiḥ — com os grandes ṛṣis; prasā­ditaḥ — ficando contente; nābheḥ priya-cikīrṣayā — para satisfazer o rei Nābhi; tat-avarodhāyane — em sua esposa; merudevyām — Meru­devī; dharmān — os princípios da religião; darśayitu-kāmaḥ — desejan­do mostrar o processo de realizá-los; vāta-raśanānām — dos sannyāsīs (que quase não têm roupas); śramaṇānām — dos vānaprasthas; ṛṣīṇām — dos grandes sábios; ūrdhva-manthinām — dos brahmacārīs; śuklayā tanuvā — sob Sua forma espiritual original, que está situada acima dos modos da natureza material; avatatāra — apareceu como uma encarnação.

Ó Viṣṇudatta, Parīkṣit Mahārāja, os grandes sábios presentes naquele sacrifício satisfizeram a Suprema Personalidade de Deus. Em consequência disso, o Senhor decidiu demonstrar pessoalmente o método de executar princípios religiosos [como seguem os brahmacārīs, os sannyāsīs, os vānaprasthas e os gṛhasthas ocupados em rituais] e também satisfazer o desejo de Mahārāja Nābhi. Por isso, sob Sua forma original, que está situada acima dos modos da natureza ma­terial, Ele apareceu como o filho de Merudevī.

SIGNIFICADO—Ao aparecer ou descer como uma encarnação dentro deste mundo material, o Senhor Supremo não aceita um corpo feito dos três modos da natureza material (sattva-guṇa, rajo-guṇa e tamo-guṇa). Os filósofos māyāvādīs dizem que, ao aparecer neste mundo, o Deus impes­soal aceita um corpo em sattva-guṇa. Śrīla Viśvanātha Cakravartī afirma que a palavra śukla significa “consistindo em śuddha-sattva”. O Senhor Viṣṇu faz Seu advento em Sua forma de śuddha-sattva. Śuddha­-sattva refere-se ao sattva-guṇa que jamais se contamina. Neste mundo material, mesmo o modo da bondade (sattva-guṇa) tem máculas de rajo-guṇa e tamo-guṇa. O sattva-guṇa jamais contaminado por rajo-guṇa e tamo-guṇa chama-se śuddha-sattva. Sattvaṁ viśuddhaṁ vasudeva-śabditam. (Śrīmad-Bhāgavatam 4.3.23) Essa é a plataforma de vasudeva, através da qual podemos sentir Vāsudeva, a Suprema Personalidade de Deus. Na Bhagavad-gītā (4.7), o próprio Śrī Kṛṣṇa diz:

yadā yadā hi dharmasya
glānir bhavati bhārata
abhyutthānam adharmasya
tadātmānaṁ sṛjāmy aham

“Sempre e onde quer que haja um declínio na prática religiosa, ó descendente de Bharata, e um aumento predominante da irreligião, nesse momento Eu próprio desço.”

Ao contrário do que acontece com as entidades vivas comuns, os modos da natureza material não forçam o Senhor Supremo a aparecer. Ele aparece dharmān darśayitu-kāma – para mostrar como o ser hu­mano deve executar suas funções. A palavra dharma aplica-se aos seres humanos e nunca é usada em relação aos seres inferiores, tais como os animais. Infelizmente, quando estão desprovidos da orien­tação do Senhor Supremo, os seres humanos às vezes inventam seu processo de dharma. Na verdade, o homem não pode criar o dharma. Dharmaṁ tu sākṣād bhagavat-praṇītam. (Śrīmad-Bhāgavatam 6.3.19) O dharma é dado pela Suprema Personalidade de Deus, assim como a lei é dada pelo governo do Estado. O dharma criado pelo homem é inútil. O Śrīmad-Bhāgavatam refere-se ao dharma feito pelo homem como kaitava-dharma, “religião enganadora”. O Senhor Supremo envia um avatāra (encarnação) para ensinar à sociedade humana a maneira apropriada de executar os princípios religiosos. Esses princípios reli­giosos são bhakti-mārga. Como o próprio Senhor Supremo diz na Bhagavad-gītā: sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja. O filho de Mahārāja Nābhi, Ṛṣabhadeva, apareceu nesta Terra para pregar os princípios da religião. Isso será explicado no quinto capí­tulo deste quinto canto.

Neste ponto, encerram-se os Significados Bhaktivedanta do quinto canto, terceiro capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, intitulado “O Aparecimento de Ṛṣabhadeva no Ventre de Merudevī, a Esposa do Rei Nābhi”.

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