VERSO 18
rājan patir gurur alaṁ bhavatāṁ yadūnāṁ
daivaṁ priyaḥ kula-patiḥ kva ca kiṅkaro vaḥ
astv evam aṅga bhagavān bhajatāṁ mukundo
muktiṁ dadāti karhicit sma na bhakti-yogam
rājan — ó meu querido rei; patiḥ — mantenedor; guruḥ — mestre espiritual; alam — decerto; bhavatām — tua; yadūnām — a dinastia Yadu; daivam — a Deidade adorável; priyaḥ — amigo muito querido; kula-patiḥ — o senhor da dinastia; kva ca — mesmo às vezes; kiṅkaraḥ — servo; vaḥ — vosso (os Pāṇḍavas); astu — fica sabendo; evam — assim; aṅga — ó rei; bhagavān — a Suprema Personalidade de Deus; bhajatām — daqueles devotos ocupados em serviço; mukundaḥ — o Senhor, a Suprema Personalidade de Deus; muktim — liberação; dadāti — concede; karhicit — a qualquer instante; sma — na verdade; na — não; bhakti-yogam — serviço devocional amoroso.
Śukadeva Gosvāmī continuou: Meu querido rei, a Pessoa Suprema, Mukunda, é realmente o mantenedor de todos os membros das dinastias Pāṇḍava e Yadu. Ele é teu mestre espiritual, Deidade adorável, amigo e dirigente de tuas atividades. Como se isso não bastasse, Ele às vezes serve à tua família como um mensageiro ou servo. Isso significa que Ele agiu do mesmíssimo modo que os servos comuns. Aqueles que estão ocupados em obter o favor do Senhor têm muita facilidade para receber dEle a liberação, mas Ele não concede muito facilmente a oportunidade de se prestar serviço direto a Ele.
SIGNIFICADO—Enquanto instruía Mahārāja Parīkṣit, Śukadeva Gosvāmī julgou prudente animar o rei, pois esse poderia estar pensando na posição gloriosa de várias dinastias reais. Especialmente gloriosa é a dinastia de Priyavrata, na qual o Senhor Ṛṣabhadeva encarnou. Assim também, a família de Uttānapāda Mahārāja, o pai de Mahārāja Dhruva, é gloriosa devido ao fato de o rei Pṛthu ter nascido nela. A dinastia de Mahārāja Raghu recebe glórias porque o Senhor Rāmacandra apareceu nessa família. Quanto às dinastias Yadu e Kuru, elas existiram simultaneamente, mas, das duas, a dinastia Yadu foi a mais gloriosa, devido ao aparecimento do Senhor Kṛṣṇa. Mahārāja Parīkṣit poderia estar pensando que, não tendo o Senhor Supremo aparecido na dinastia Kuru, nem como Kṛṣṇa, Senhor Rāmacandra, Senhor Ṛṣabhadeva ou Mahārāja Pṛthu, essa família não era tão afortunada quanto as outras. Portanto, neste verso específico, Mahārāja Parīkṣit foi encorajado por Śukadeva Gosvāmī.
A dinastia Kuru pode ser considerada mais gloriosa devido à presença de devotos como os cinco Pāṇḍavas, que prestaram serviço devocional imaculado. Embora não tivesse aparecido na dinastia Kuru, o Senhor Kṛṣṇa sentia-Se tão agradecido ao serviço devocional executado pelos Pāṇḍavas que agia como mantenedor da família e mestre espiritual dos Pāṇḍavas. Embora tivesse nascido na dinastia Yadu, o Senhor Kṛṣṇa dedicava mais afeição aos Pāṇḍavas. Através de Suas ações, o Senhor Kṛṣṇa provou que tinha mais inclinação pela dinastia Kuru do que pela dinastia Yadu. Na verdade, o Senhor Kṛṣṇa, endividado com o serviço devocional dos Pāṇḍavas, às vezes agia como mensageiro deles, e os guiou em muitas situações perigosas. Portanto, Mahārāja Parīkṣit não deveria ficar melancólico pelo motivo de que o Senhor Kṛṣṇa não apareceu em sua família. A Suprema Personalidade de Deus sempre favorece os Seus devotos puros, e, através de Sua ação, torna-se evidente que a liberação não é muito importante para os devotos. O Senhor Kṛṣṇa facilmente concede a liberação, mas Ele não dá tão facilmente o privilégio de a pessoa tornar-se um devoto. Muktiṁ dadāti karhicit sma na bhakti-yogam. Direta ou indiretamente, está comprovado que bhakti-yoga é a base da relação suprema com o Senhor Supremo. Trata-se de algo muito superior à liberação. O devoto puro do Senhor alcança mukti sem nenhum esforço.