VERSO 2
ṛṣir uvāca
satyam uktaṁ kintv iha vā eke na manaso ’ddhā viśrambham anavasthānasya śaṭha-kirāta iva saṅgacchante.
ṛṣiḥ uvāca — Śukadeva Gosvāmī disse; satyam — a coisa correta; uktam — disseste; kintu — porém; iha — neste mundo material; vā — ou; eke — alguns; na — não; manasaḥ — da mente; addhā — de maneira direta; viśrambhām — fiéis; anavasthānasya — sendo instável; śaṭha — muito astuto; kirātaḥ — um caçador; iva — como; saṅgacchante — tornam-se.
Śrīla Śukadeva Gosvāmī respondeu: Meu querido rei, falaste as palavras corretas. Contudo, após capturar um animal, o caçador astuto não confia nele, pois ele pode escapar. Assim também, aqueles que são avançados na vida espiritual não confiam na mente. Na verdade, eles sempre permanecem vigilantes e observam as atividades mentais.
SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā (18.5), o Senhor Kṛṣṇa diz:
yajña-dāna-tapaḥ-karma
na tyājyaṁ kāryam eva tat
yajño dānaṁ tapaś caiva
pāvanāni manīṣiṇām
“Os atos de sacrifício, caridade e penitência não devem ser abandonados, mas sim executados. Na verdade, sacrifício, caridade e penitência purificam até as grandes almas.”
Mesmo a pessoa que renunciou ao mundo e aceitou sannyāsa não deve deixar de cantar o mahā-mantra Hare Kṛṣṇa. Renúncia não significa que devemos renunciar ao saṅkīrtana-yajña. Do mesmo modo, não devemos renunciar a caridade ou o tapasya. Devemos seguir à risca o sistema de yoga para o controle da mente e dos sentidos. O Senhor Ṛṣabhadeva mostrou como podiam-se realizar severas espécies de tapasya, e Ele deu o exemplo para todos os demais.