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VERSO 11

śrī-bādarāyaṇir uvāca
karmaṇā karma-nirhāro
na hy ātyantika iṣyate
avidvad-adhikāritvāt
prāyaścittaṁ vimarśanam

śrī-bādarāyaniḥ uvāca — Śukadeva Gosvāmī, o filho de Vyāsadeva, respondeu; karmaṇā — através das atividades fruitivas; karma-nirhāraḥ — anulação das atividades fruitivas; na — não; hi — na verdade; ātyantikaḥ — definitiva; iṣyate — torna-se possível; avidvat-adhikāritvāt — àquele que está sem conhecimento; prāyaścittam — expiação verdadeira; vimarśanam — pleno conhecimento do vedānta.

Śukadeva Gosvāmī, o filho de Vedavyāsa, respondeu: Meu querido rei, como os atos destinados a neutralizar as ações impiedosas também são fruitivos, eles não tirarão de ninguém a tendência a executar atividades fruitivas. Aqueles que se sujeitam às regras e regulações da expiação não são nada inteligentes. Na verdade, eles estão no modo da escuridão. Enquanto alguém não conseguir libertar-se do modo da ignorância, tentar valer-se de uma ação para neutralizar outra será inútil, pois isso não extirpará seus desejos. Assim, muito embora a pessoa superficialmente pareça piedosa, ela sem dúvida terá a tendência a agir de maneira ímpia. Portanto, realiza verdadeira expiação quem se ilumina em conhecimento perfeito, vedānta, através do qual ele passa a entender a Suprema Verdade Absoluta.

SIGNIFICADO—Śukadeva Gosvāmī testou seu discípulo Parīkṣit Mahārāja, e pa­rece que o rei passou em uma fase do exame, rejeitando o processo de expiação por este envolver atividades fruitivas. Agora, Śukadeva Gosvāmī apresenta a plataforma de conhecimento especulativo. Progredindo de karma-kāṇḍa a jñāna-kāṇḍa, ele propõe que prāyaścittaṁ vimarśanam: “Verdadeira expiação é ter conhecimento completo.” Vimarśana refere-se ao cultivo de conhecimento especulativo. Na Bhagavad-gītā, os karmīs, que são desprovidos de conhecimento, são comparados a asnos. Na Bhagavad-gītā (7.15), Kṛṣṇa diz:

na māṁ duṣkṛtino mūḍhāḥ
prapadyante narādhamāḥ
māyayāpahṛta-jñānā
āsuraṁ bhāvam āśritāḥ

“Os canalhas que são grosseiramente tolos, que são os mais baixos da humanidade, cujo conhecimento é roubado pela ilusão e que compartilham da natureza ateísta dos demônios, não se rendem a Mim.” Portanto, os karmīs que se ocupam em atos pecaminosos e não co­nhecem o verdadeiro objetivo da vida são chamados de mūḍhas, asnos. Entretanto, também se explica o que é vimarśana na Bhagavad-gītā (15.15), onde Kṛṣṇa diz que vedaiś ca sarvair aham eva vedyaḥ: o propósito de se estudar os Vedas é compreender a Suprema Personalidade de Deus. Se alguém estuda o Vedānta, mas simplesmente se aprofunda em conhecimento especulativo e não compreende o Senhor Supremo, permanece o mesmo mūḍha. Como se afirma na Bhagavad-gītā (7.19), alcança verdadeiro conhecimento quem compreende Kṛṣṇa e se rende a Ele (bahūnāṁ janmanām ante jñāna­vān māṁ prapadyate). Portanto, para se tornar erudito e se livrar da contaminação material, deve-se tentar entender Kṛṣṇa, pois quem age assim imediatamente se liberta de todas as atividades piedosas e impiedosas e das reações que lhes são decorrentes.

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