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VERSO 40

yamadūtā ūcuḥ
veda-praṇihito dharmo
hy adharmas tad-viparyayaḥ
vedo nārāyaṇaḥ sākṣāt
svayambhūr iti śuśruma

yamadūtāḥ ūcuḥ — os mensageiros de Yamarāja disseram; veda — pelos quatro Vedas (Sāma, Yajur, Ṛg e Atharva); praṇihitaḥ — prescritos; dharmaḥ — princípios religiosos; hi — na verdade; adharmaḥ — princípios irreligiosos; tat-viparyayaḥ — o oposto disso (aquilo que não é apoiado pelos preceitos védicos); vedaḥ — os Vedas, livros de conhecimento; nārāyaṇaḥ sākṣāt — diretamente a Suprema Persona­lidade de Deus (sendo as palavras de Nārāyaṇa); svayam-bhūḥ — autógeno, autossuficiente (aparecendo somente da respiração de Nārāyaṇa e não sendo ensinados por nenhuma outra pessoa); iti — assim; śuśruma — ouvimos.

Os Yamadūtas responderam: Aquilo que os Vedas prescrevem constitui o dharma, princípios religiosos, e o oposto disso é irreligião. Os Vedas são diretamente a Suprema Personalidade de Deus, Nārāyaṇa, e são autógenos. Foi Yamarāja quem nos disse isso.

SIGNIFICADO—Os servos de Yamarāja responderam de maneira bem adequada. Eles não inventaram princípios de religião ou irreligião. Ao contrá­rio, explicaram o que lhe transmitiu uma autoridade: Yamarāja. Mahājano yena gataḥ sa panthāḥ: deve-se seguir o mahājana, a pessoa autorizada. Yamarāja é uma das doze autoridades. Portanto, os servos de Yamarāja, os Yamadūtas, responderam com toda a preci­são quando disseram śuśruma (“ouvimos”). Através da invenção especulativa, os membros da civilização moderna inventam princí­pios religiosos defeituosos. Isso não é dharma. Eles não sabem o que é dharma e o que é adharma. Portanto, como se afirma no começo do Śrīmad-Bhāgavatam, dharmaḥ projjhita-kaitavo ’tra: o Śrīmad-bhāgavata-dharma rejeita todo dharma que não é apoiado pelos Vedas. Bhāgavata-dharma abrange somente aquilo que é dado pela Suprema Personalidade de Deus. Bhāgavata-dharma é sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja: deve-se aceitar a autoridade da Suprema Personalidade de Deus e se render a Ele e a tudo o que Ele diz. Isso é dharma. Arjuna, por exemplo, pensando que a vio­lência era adharma, estava recusando-se a lutar, mas Kṛṣṇa o instigou a lutar. Arjuna acatou as ordens de Kṛṣṇa, daí ele realmente ser um dharmī, pois a ordem de Kṛṣṇa é o dharma. Na Bhagavad-gītā (15.15), Kṛṣṇa diz que vedais ca sarvair aham eva vedyaḥ: “O verdadeiro propósito do veda, o conhecimento, é conhecer­-Me.” Aquele que conhece Kṛṣṇa perfeitamente está liberado. Como Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā (4.9):

janma karma ca me divyam
evaṁ yo vetti tattvataḥ
tyaktvā dehaṁ punar janma
naiti mām eti so ’rjuna

“Aquele que conhece a natureza transcendental do Meu aparecimento e atividades, ao deixar o corpo não volta a nascer neste mundo material, senão que alcança Minha morada eterna, ó Arjuna.” Aquele que compreende Kṛṣṇa e acarta Sua ordem torna-se apto a regressar ao lar, regressar ao Supremo. Pode-se concluir que dharma, religião, refere-se àquilo que os Vedas ordenam, e adharma, irreligião, refere­-se àquilo que não encontra apoio nos Vedas.

Na verdade, o dharma não é inventado por Nārāyaṇa. Como se afirma nos Vedas, asya mahato bhūtasya niśvasitam etad yad ṛg-vedaḥ iti: os preceitos de dharma emanam da respiração de Nārāyaṇa, a entidade viva suprema. Nārāyaṇa existe eternamente e respira eter­namente, daí o dharma, os preceitos de Nārāyaṇa, também existirem eternamente. Śrīla Madhvācārya, o ācārya original para aqueles que pertencem ao Mādhva-Gauḍīya-sampradāya, diz:

vedānāṁ prathamo vaktā
harir eva yato vibhuḥ
ato viṣṇv-ātmakā vedā
ity āhur veda-vādinaḥ

As palavras transcendentais dos Vedas emanam da boca da Suprema Personalidade de Deus. Portanto, os princípios védicos devem ser tidos como princípios vaiṣṇavas porque Viṣṇu é a origem dos Vedas. Os Vedas não contêm nada além das instruções de Viṣṇu, e quem segue os princípios védicos é um vaiṣṇava. O vaiṣṇava não é um membro de uma comunidade inventada neste mundo material. O vaiṣṇava é o verdadeiro conhecedor dos Vedas, como se confirma na Bhagavad-gītā (vedaiś ca sarvair aham eva vedyaḥ).

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