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VERSO 30

aviveka-kṛtaḥ puṁso
hy artha-bheda ivātmani
guṇa-doṣa-vikalpaś ca
bhid eva srajivat kṛtaḥ

aviveka-kṛtaḥ — feita em ignorância, sem análise criteriosa; puṁsaḥ — da entidade viva; hi — na verdade; artha-bhedaḥ — diferenciação de valor; iva — como; ātmani — nela própria; guṇa-doṣa — de virtude e de defeito; vikalpaḥ — imaginação; ca — e; bhit — diferença; eva — decerto; sraji — em uma guirlanda; vat — como; kṛtaḥ — feita.

Assim como alguém erroneamente considera uma guirlanda de flores como sendo uma serpente ou, ao sonhar, experimenta felicidade e aflição, do mesmo modo, no mundo material, devido à falta de uma análise criteriosa, diferenciamos entre felicidade e infelicidade, considerando uma como sendo boa e outra como sendo ruim.

SIGNIFICADO—Tanto a felicidade quanto a infelicidade no mundo material de dualidades são ideias errôneas. No Caitanya-caritāmṛta (Antya 4.176), afirma-se:

“dvaite” bhadrābhadra-jñāna, saba — “manodharma”
“ei bhāla, ei manda” — ei saba “bhrama”

As distinções entre felicidade e infelicidade no mundo material de dualidades são meras invenções mentais, pois a aparente felicidade e infelicidade são, na verdade, a mesma coisa. São como a felicidade e a infelicidade sentidas nos sonhos. Adormecido, um homem cria sua felicidade e infelicidade ao sonhar, embora elas não tenham uma exis­tência substancial.

O outro exemplo dado neste verso é que, originalmente, uma guirlanda de flores é muito bela, mas, por engano, por falta de conhecimento maduro, talvez alguém a considere como sendo uma serpente. Com relação a isso, há uma afirmação de Prabodhānanda Sarasvatī: viśvaṁ pūrṇa­-sukhāyate. Todos no mundo material são afligidos pelas condições dolorosas, mas Śrīla Prabodhānanda Sarasvatī diz que este mundo está repleto de felicidade. Como isso é possível? Ele responde: yat-kāruṇya-katākṣa-vaibhavavatāṁ taṁ gauram eva stumaḥ. É apenas devido à imotivada misericórdia de Śrī Caitanya Mahāprabhu que o devoto aceita como felicidade a infelicidade deste mundo material. Através de Seu comportamento pessoal, Śrī Caitanya Mahāprabhu mostrou que jamais Se sentiu infeliz, senão que vivia contente, cantando o mahā-mantra Hare Kṛṣṇa. Todos devem seguir os passos de Śrī Caitanya Mahāprabhu e se ocupar no canto constante do mahā­-mantra – Hare Kṛṣṇa, Hare Kṛṣṇa, Kṛṣṇa Kṛṣṇa, Hare Hare/ Hare Rāma, Hare Rāma, Rāma Rāma, Hare Hare. Então, ninguém jamais sentirá as aflições do mundo de dualidades. Em qualquer condição de vida, as pessoas serão felizes se cantarem o santo nome do Senhor.

Às vezes, em sonhos, nós sentimos prazer comendo arroz-doce e, outras vezes, sofremos como se um de nossos amados membros familiares tivesse morrido. Porque, quando estamos acordados, a mesma mente e o mesmo corpo existem no mesmo mundo material de dualidades, a aparente felicidade e infelicidade deste mundo não são coisas melhores do que a falsa e superficial felicidade sentida nos sonhos. A mente é o veículo de conexão tanto com os sonhos quanto com a vigília, e tudo o que ela cria em termos de saṅkalpa e vikalpa, aceitação e rejeição, chama-se manodharma, ou invenção mental.

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