VERSOS 14-15
ahaṁ mahendro nirṛtiḥ pracetāḥ
somo ’gnir īśaḥ pavano viriñciḥ
āditya-viśve vasavo ’tha sādhyā
marud-gaṇā rudra-gaṇāḥ sasiddhāḥ
anye ca ye viśva-sṛjo ’mareśā
bhṛgv-ādayo ’spṛṣṭa-rajas-tamaskāḥ
yasyehitaṁ na viduḥ spṛṣṭa-māyāḥ
sattva-pradhānā api kiṁ tato ’nye
aham — eu, Yamarāja; mahendraḥ — Indra, o rei dos céus; nirṛtiḥ — Nirṛti; pracetāḥ — Varuṇa, o controlador da água; somaḥ — a Lua; agniḥ — fogo; īśaḥ — o senhor Śiva; pavanaḥ — o semideus do ar; viriñciḥ — senhor Brahmā; āditya — o Sol; viśve — Viśvāsu; vasavaḥ — os oito Vasus; atha — também; sādhyāḥ — os semideuses; marut-gaṇāḥ — senhores do vento; rudra-gaṇāḥ — as expansões do senhor Śiva; sa-siddhāḥ — com os habitantes de Siddhaloka; anye — outros; ca — e; ye — quem; viśva-sṛjaḥ — Marīci e os outros criadores dos afazeres universais; amara-īśāḥ — os semideuses como Bṛhaspati; bhṛgu-ādayaḥ — os grandes sábios encabeçados por Bhṛgu; aspṛṣṭa — que não fomos contaminados; rajaḥ-tamaskāḥ — pelos modos inferiores da natureza material (rajo-guṇa e tamo-guṇa); yasya — de quem; īhitam — a atividade; na viduḥ — não conhecem; spṛṣṭa-māyāḥ — que estão sob o encanto da energia ilusória; sattva-pradhānāḥ — principalmente no modo da bondade; api — embora; kim — o que falar de; tataḥ — do que eles; anye — outros.
Eu, Yamarāja; Indra, o rei dos céus; Nirṛti; Varuṇa; Candra, o deus da Lua; Agni; o senhor Śiva; Pavana; o senhor Brahmā; Sūrya, o deus do Sol; Viśvāsu; os oito Vasus; os Sādhyas; os Maruts; os Rudras; os Siddhas, e Marīci e os outros grandes ṛṣis que estão ocupados em manter os afazeres departamentais do universo, bem como os melhores dos semideuses encabeçados por Bṛhaspati, e os grandes sábios liderados por Bhṛgu certamente estamos todos livres da influência dos dois modos básicos da natureza material, a saber, paixão e ignorância. Entretanto, embora estejamos no modo da bondade, não conseguimos entender as atividades da Suprema Personalidade de Deus. O que se dirá de outros, então, que, sob a ilusão, meramente especulam tentando conhecer Deus?
SIGNIFICADO—Os homens e outras entidades vivas dentro desta manifestação cósmica são controlados pelos três modos da natureza. As entidades vivas controladas pelas qualidades básicas da natureza, paixão e ignorância, não têm a possibilidade de compreender Deus. Mesmo aqueles que estão situados no modo da bondade, tais como os muitos semideuses e grandes ṛṣis descritos nestes versos, não podem entender as atividades da Suprema Personalidade de Deus. Como se afirma na Bhagavad-gītā, a pessoa situada no serviço devocional ao Senhor é transcendental a todas as qualidades materiais. Portanto, o Senhor diz pessoalmente que, a não ser os bhaktas, que são transcendentais a todas as qualidades materiais (bhaktyā mām abhijānāti), ninguém pode entendê-lO. Como Bhīṣmadeva afirma a Mahārāja Yudhiṣṭhira no Śrīmad-Bhāgavatam (1.9.16):
na hy asya karhicid rājan
pumān veda vidhitsitam
yad-vijijñāsayā yuktā
muhyanti kavayo ’pi hi
“Ó rei, ninguém pode conhecer o plano do Senhor [Śrī Kṛṣṇa]. Embora grandes filósofos indaguem exaustivamente, eles ficam confusos.” Portanto, não é através do conhecimento especulativo que alguém conseguirá entender Deus. Na verdade, através da especulação, a pessoa ficará confusa (muhyanti). Na Bhagavad-gītā (7.3), o próprio Senhor confirma isso:
manuṣyāṇāṁ sahasreṣu
kaścid yatati siddhaye
yatatām api siddhānāṁ
kaścin māṁ vetti tattvataḥ
Entre muitos milhares de homens, talvez um se esforce por obter a perfeição, e, mesmo entre os siddhas, aqueles que já se tornaram perfeitos, somente aquele que adota o processo de bhakti, o serviço devocional, pode entender Kṛṣṇa.