VERSO 25
prāyeṇa veda tad idaṁ na mahājano ’yaṁ
devyā vimohita-matir bata māyayālam
trayyāṁ jaḍī-kṛta-matir madhu-puṣpitāyāṁ
vaitānike mahati karmaṇi yujyamānaḥ
prāyeṇa — quase sempre; veda — sabem; tat — disto; idam — isto; na — não; mahājanaḥ — grandes personalidades além de Svayambhū, Śambhu e os outros dez; ayam — esta; devyā — pela energia da Suprema Personalidade de Deus; vimohita-matiḥ — cuja inteligência está desorientada; bata — na verdade; māyayā — pela energia ilusória; alam — grandemente; trayyām — nos três Vedas; jaḍī-kṛta-matiḥ — cuja inteligência se tornou obtusa; madhu puṣpitāyām — na linguagem florida védica, que descreve os resultados das práticas ritualísticas; vaitānike — nas práticas mencionadas nos Vedas; mahati — muito grandes; karmaṇi — atividades fruitivas; yujyamānaḥ — estando ocupados.
Porque estão desorientados pela energia ilusória da Suprema Personalidade de Deus, Yājñavalkya e Jaimini e outros compiladores das escrituras religiosas não podem conhecer o sistema religioso dos doze mahājanas, que é secreto e confidencial. Eles não podem entender o valor transcendental de se prestar serviço devocional ou de cantar o mantra Hare Kṛṣṇa. Porque suas mentes se deixam atrair pelas cerimônias ritualísticas mencionadas nos Vedas – especialmente no Yajur Veda, Sāma Veda e Ṛg Veda –, sua inteligência se tornou obtusa. Assim, eles estão ocupados em coletar os ingredientes para as cerimônias ritualísticas que produzem apenas benefícios temporários, tais como elevação a Svargaloka, onde, então, pode-se gozar de felicidade material. Eles não se sentem atraídos pelo movimento de saṅkīrtana; ao contrário, estão interessados em dharma, artha, kāma e mokṣa.
SIGNIFICADO—Visto que pode alcançar facilmente o sucesso máximo quem canta o santo nome do Senhor, pode-se perguntar por que existem tantas cerimônias ritualísticas védicas e por que as pessoas se sentem atraídas por elas. Este verso responde tal pergunta. Como se declara na Bhagavad-gītā (15.15), vedaiś ca sarvair aham eva vedyaḥ: o verdadeiro propósito de alguém estudar os Vedas é que ele consiga aproximar-se dos pés de lótus do Senhor Kṛṣṇa. Infelizmente, pessoas sem inteligência, desorientadas pela magnificência dos yajñas védicos, querem ver a execução de sacrifícios suntuosos. Querem que se cantem mantras védicos e que se apliquem grandes quantidades de dinheiro nessas cerimônias. Às vezes, para satisfazer esses homens sem inteligência, temos que observar as cerimônias ritualísticas védicas. Recentemente, quando estabelecemos em Vṛndāvana um grande templo de Kṛṣṇa-Balarāma, fomos obrigados a promover cerimônias védicas cuja execução ficou sob o encargo de determinados brāhmaṇas porque os habitantes de Vṛndāvana, especialmente os smārta-brāhmaṇas, não aceitariam europeus e americanos como brāhmaṇas autênticos. Assim, tivemos que encarregar aos brāhmaṇas a execução de yajñas dispendiosos. Apesar desses yajñas, os membros da nossa Sociedade, ao acompanhamento de mṛdaṅgas, executaram um saṅkīrtana muito alto, e dei mais importância ao saṅkīrtana do que às cerimônias ritualísticas védicas. Tanto as cerimônias quanto o saṅkīrtana procediam simultaneamente. As cerimônias se destinavam às pessoas interessadas nos rituais védicos para a elevação aos planetas celestiais (jaḍī-kṛta-matir madhu-puṣpitāyām), ao passo que o saṅkīrtana se destinava aos devotos puros, interessados em satisfazer a Suprema Personalidade de Deus. Por nosso gosto, teríamos simplesmente executado o saṅkīrtana, mas, se procedêssemos assim, os moradores de Vṛndāvana não levariam a sério a cerimônia de instalação. Como se explica aqui, reservam-se os rituais védicos àqueles cuja inteligência foi embotada pela linguagem florida dos Vedas, os quais descrevem atividades fruitivas destinadas a elevar as pessoas aos planetas superiores.
Especialmente nesta era de Kali, fazer apenas saṅkīrtana é suficiente. Se os membros de nossos templos nas diferentes partes do mundo continuarem o saṅkīrtana diante da Deidade, em especial diante de Śrī Caitanya Mahāprabhu, eles permanecerão perfeitos. Não há necessidade de quaisquer outras práticas. Entretanto, para que se mantenham hábitos e mente limpos, a adoração à Deidade e outros princípios reguladores são necessários. Śrīla Jīva Gosvāmī diz que, embora o saṅkīrtana seja suficiente para a perfeição da vida, arcana, ou adoração à Deidade no templo, deve continuar para que os devotos possam permanecer limpos e puros. Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura, portanto, recomenda que se sigam ambos os processos simultaneamente. Seguimos à risca esse princípio de executar adoração à Deidade e fazer saṅkīrtana como dois processos que, lado a lado, percorrem linhas paralelas. Nunca devemos descontinuar essa política.