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VERSO 15

athāham amarācāryam
agādha-dhiṣaṇaṁ dvijam
prasādayiṣye niśaṭhaḥ
śīrṣṇā tac-caraṇaṁ spṛśan

atha — portanto; aham — eu; amara-ācāryam — o mestre espiritual dos semideuses; agādha-dhiṣaṇam — cujo conhecimento espiritual é profundo; dvijam — o brāhmaṇa perfeito; prasādayiṣye — eu satisfa­rei; niśaṭhaḥ — sem duplicidade; śīrṣṇā — com minha cabeça; tat-­caraṇam — seus pés de lótus; spṛśan — tocando.

O rei Indra disse: Portanto, com toda a franqueza e sem duplicidades, prostrarei minha cabeça aos pés de lótus de Bṛhaspati, o mestre espiritual dos semideuses. Porque está no modo da bondade, ele está sempre a par de todo o conhecimento e é o melhor dos brāhmaṇas. Portanto, tentando satisfazê-lo, tocarei seus pés de lótus e lhe oferecerei minhas reverências.

SIGNIFICADO—Voltando a si, o rei Indra percebeu que não era um discípulo muito sincero do seu mestre espiritual, Bṛhaspati. Portanto, decidiu que, a partir de então, seria niśaṭha, alguém livre de duplicidades. Niśaṭhaḥ śīrṣṇa-tac-caraṇaṁ spṛśan: ele decidiu tocar com sua cabeça os pés do seu mestre espiritual. Com esse exemplo, devemos aprender o princípio enun­ciado por Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura:

yasya prasādād bhagavat-prasādo
yasyāprasādān na gatiḥ kuto ’pi

“Através da misericórdia do mestre espiritual, recebe-se a bênção da misericórdia de Kṛṣṇa. Sem a graça do mestre espiritual, ninguém pode fazer nenhum avanço.” O discípulo nunca deve ser hipócrita ou se mostrar infiel a seu mestre espiritual. No Śrīmad-Bhāgavatam (11.17.27), o mestre espiritual também é chamado de ācārya. Ācāryaṁ maṁ vijānīyān: a Suprema Personalidade de Deus diz que todos devem respeitar o mestre espiritual, reconhecendo-o como o próprio Senhor. Nāvamanyeta karhicit: ninguém jamais deve desrespeitar o ācārya. Na martya-buddhyāsūyeta: jamais se deve pensar que o ācārya é uma pessoa comum. Familiaridade, às vezes, gera negligência, de modo que a pessoa deve ser muito cuidadosa nas relações mantidas com o ācārya. Agādha-dhiṣaṇaṁ dvijam: o ācārya é um brāhmaṇa perfeito e tem inteligência ilimitada para guiar as ativi­dades do seu discípulo. Portanto, Kṛṣṇa aconselha na Bhagavad-gītā (4.34):

tad viddhi praṇipātena
paripraśnena sevayā
upadekṣyanti te jñānaṁ
jñāninas tattva-darśinaḥ

“Tenta aprender a verdade aproximando-te de um mestre espiritual. Faze-lhe perguntas com submissão e presta-lhe serviço. As almas autorrealizadas podem te transmitir conhecimento porque elas são videntes da verdade.” A pessoa deve render-se plenamente ao mestre espiritual, e, com serviço (sevayā), deve aproximar-se dele para continuar obten­do esclarecimento espiritual.

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