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VERSO 36

akiñcanānāṁ hi dhanaṁ śiloñchanaṁ
teneha nirvartita-sādhu-satkriyaḥ
kathaṁ vigarhyaṁ nu karomy adhīśvarāḥ
paurodhasaṁ hṛṣyati yena durmatiḥ

akiñcanānām — de pessoas que praticaram austeridades e peni­tências para se desapegarem das posses mundanas; hi — decerto; dhanam — a riqueza; śila — a coleta de grãos deixados no campo; uñchanam — e a coleta de grãos deixados nos mercados atacadistas; tena — por estes meios; iha — aqui; nirvartita — obtendo; sādhu — dos devotos grandiosos; sat-kriyaḥ — todas as atividades piedosas; ka­tham — como; vigarhyam — censurável; nu — na verdade; karomi — executarei; adhīśvarāḥ — ó grandes governantes dos sistemas plane­tários; paurodhasam — o dever do sacerdócio; hṛṣyati — é satisfeito; yena — através do qual; durmatiḥ — alguém que é pouco inteligente.

Ó sublimes governantes de vários planetas, o verdadeiro brāhmaṇa, que é desprovido de posses materiais, mantém-se através do ofício de aceitar śiloñchana. Em outras palavras, ele apanha cereais deixados no campo ou no chão dos mercados atacadistas. Por esse meio, o brāhmaṇa pai de família que realmente acata os princípios de austeridade e penitência mantém a si mesmo e a sua família e executa todas as atividades piedosas necessárias. O brāhmaṇa que deseja alcançar a felicidade obtendo riquezas através do sacerdócio profissional decerto deve ter uma mentalidade muito baixa. Como eu aceitaria semelhante sacerdócio?

SIGNIFICADO—O brāhmaṇa de primeira classe não aceita recompensa alguma de seus discípulos ou yajamānas. Ao contrário, praticando austerida­des e penitências, ele prefere dirigir-se aos campos agrícolas e coleta os grãos alimentícios que os agricultores deixam para que sejam co­letados pelos brāhmaṇas. Do mesmo modo, esses brāhmaṇas vão aos mercados onde os cereais são comprados e vendidos por atacado, e lá coletam os cereais deixados pelos mercadores. Dessa maneira, esses brāhmaṇas elevados mantêm a si mesmos e a suas famílias. Tais sacerdotes nunca procuram os seus discípulos para exigir que lhes deem riquezas, como se fossem kṣatriyas ou vaiśyas. Em outras palavras, o brāhmaṇa puro aceita voluntariamente uma vida de pobreza e se coloca sob a completa dependência da misericórdia do Senhor. Não faz muitos anos que, em Kṛṣṇanagara, perto de Navadvīpa, um zamindar local, chamado Rājā Kṛṣṇacandra, ofereceu ajuda a um brāhmaṇa, o qual se recusou a aceitá-la. Ele disse que, como em sua vida familiar era muito feliz recebendo o arroz dado por seus discípulos e cozinhando vegetais de folhas de tamarindo, não havia razão para ele receber ajuda do latifundiário. A conclusão é que, embora o brāhmaṇa possa receber muitas riquezas de seus discípulos, ele não deve utilizar para seu próprio benefício as recompensas adquiridas em seu sacerdócio, senão que deve usá-las a serviço da Suprema Personalidade de Deus.

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