VERSO 37
sama-viṣama-matīnāṁ matam anusarasi yathā rajju-khaṇḍaḥ sarpādi-dhiyām.
sama — equilibrada ou apropriada; viṣama — e desigual ou errônea; matīnām — daqueles que têm inteligência; matam — conclusão; anusarasi — seguis; yathā — assim como; rajju-khaṇḍaḥ — um pedaço de corda; sarpa-ādi — uma serpente etc.; dhiyām — daqueles que percebem.
Uma corda causa medo a uma pessoa que, confusa, pensa estar diante de uma serpente, mas não a outrem que, com inteligência adequada, sabe que se trata apenas de uma corda. Do mesmo modo, Vós, como a Superalma no coração de todos, infundis temor ou destemor de acordo com a inteligência da pessoa, mas não há dualidade em Vós.
SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā (4.11), o Senhor diz que ye yathā māṁ prapadyante tāṁs tathaiva bhajāmy aham: “Na medida em que alguém se rende a Mim, Eu o recompenso proporcionalmente.” A Suprema Personalidade de Deus é o reservatório de tudo, incluindo todo o conhecimento, toda a verdade e todas as contradições. O exemplo citado aqui é muito apropriado. Uma corda é uma verdade, mas alguns a tomam por uma serpente, ao passo que outros sabem que se trata de uma corda. Do mesmo modo, os devotos que conhecem a Suprema Personalidade de Deus não veem contradições nEle, mas, para os não-devotos, Ele, parecendo uma cobra, é a fonte de todo o temor. Por exemplo, quando Nṛsiṁhadeva apareceu, Prahlāda Mahārāja viu no Senhor a consolação suprema, ao passo que seu pai, um demônio, viu nEle a morte derradeira. Como se afirma no Śrīmad-Bhāgavatam (11.2.37), bhayaṁ dvitīyābhiniveśataḥ syāt: o temor decorre da absorção na dualidade. Quando alguém conhece a dualidade, sabe o que é medo ou bemaventurança. Esse mesmo Senhor Supremo causa bem-aventurança aos devotos e medo aos não-devotos que têm um pobre fundo de conhecimento. Deus é apenas um, mas as pessoas compreendem a Verdade Absoluta de diferentes pontos de vista. As pessoas sem inteligência veem contradições nEle, mas os devotos sóbrios não enxergam contradições nEle.