VERSO 32
na mām ime jñātaya āturaṁ gajāḥ
kutaḥ kariṇyaḥ prabhavanti mocitum
grāheṇa pāśena vidhātur āvṛto
’py ahaṁ ca taṁ yāmi paraṁ parāyaṇam
na — não; mām — a mim; ime — todos esses; jñātayaḥ — amigos e parentes (os outros elefantes); āturam — em minha aflição; gajāḥ — o elefante; kutaḥ — como; kariṇyaḥ — minhas esposas; prabhavanti — são capazes; mocitum — de salvar (desta posição perigosa); grāheṇa — pelo crocodilo; pāśena — pela trama de cordas; vidhātuḥ — da providência; āvṛtaḥ — capturado; api — embora (eu esteja nessa posição); aham — eu; ca — também; tam — esta (Suprema Personalidade de Deus); yāmi — refugio-me em; param — que é transcendental; parāyaṇam — que é o refúgio até mesmo de semideuses tão grandiosos como Brahmā e Śiva.
Se os outros elefantes, que são meus amigos e parentes, não puderam livrar-me deste perigo, o que dizer, então, de minhas esposas? Elas nada podem fazer. É pela vontade da providência que fui atacado por este crocodilo, e, portanto, buscarei o abrigo da Suprema Personalidade de Deus, que sempre é o refúgio de todos, inclusive das grandes personalidades.
SIGNIFICADO—Este mundo material é descrito como padaṁ padaṁ yad vipadām, o que significa que há um perigo a cada passo. O tolo pensa que é feliz neste mundo material, mas de fato ele não o é, pois quem cultiva esse pensamento está apenas iludido. A cada passo, a cada momento, há perigos. Na civilização moderna, pensa-se que, com uma boa casa e um bom carro, a vida é perfeita. Nos países ocidentais, especialmente nos Estados Unidos, é muito bom ter um carro de qualidade, mas logo que a pessoa está na estrada, surge o perigo, visto que, a qualquer momento, pode ocorrer um acidente fatal. As estatísticas realmente mostram que muitas pessoas morrem nesses acidentes. Portanto, se pensarmos que este mundo material é realmente um lugar feliz, isso se deve apenas à nossa ignorância. O verdadeiro conhecimento é sabermos que este mundo material está cheio de perigos. Talvez lutemos pela existência tanto quanto nossa existência o permita, e talvez tentemos cuidar de nós mesmos, mas, a menos que Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, em última análise nos salve do perigo, nossos esforços serão inúteis. Portanto, Prahlāda Mahārāja diz:
bālasya neha śaraṇaṁ pitarau nṛsiṁha
nārtasya cāgadam udanvati majjato nauḥ
taptasya tat-pratividhir ya ihāñjaseṣṭas
tāvad vibho tanu-bhṛtāṁ tvad-upekṣitānām
(Bhāg. 7.9.19)
Podemos inventar muitas maneiras de sermos felizes ou de anularmos os perigos deste mundo material, mas, se nossos esforços não forem sancionados pela Suprema Personalidade de Deus, nunca nos trarão felicidade. Aqueles que tentam ser felizes sem se refugiarem na Suprema Personalidade de Deus são mūḍhas, patifes. Na māṁ duṣkṛtino mūḍhāḥ prapadyante narādhamāḥ. Aqueles que são os mais baixos dos homens se recusam a adotar a consciência de Kṛṣṇa porque pensam que serão capazes de se proteger sem recorrer à ajuda de Kṛṣṇa. Esse é o erro deles. A decisão do rei dos elefantes, Gajendra, foi correta. Em uma condição tão perigosa, ele buscou refúgio na Suprema Personalidade de Deus.