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VERSO 33

yaḥ kaścaneśo balino ’ntakoragāt
pracaṇḍa-vegād abhidhāvato bhṛśam
bhītaṁ prapannaṁ paripāti yad-bhayān
mṛtyuḥ pradhāvaty araṇaṁ tam īmahi

yaḥ — aquele que (a Suprema Personalidade de Deus); kaścana — alguém; īśaḥ — o controlador supremo; balinaḥ — muito poderoso; an­taka-uragāt — da grande serpente do tempo, que traz a morte; pracaṇḍa-vegāt — cuja força é amedrontadora; abhidhāvataḥ — que está seguindo no encalço de; bhṛśam — interminavelmente (a cada hora e a cada minuto); bhītam — aquele que teme a morte; prapannam — que é rendido (à Suprema Personalidade de Deus); paripāti — Ele protege; yat-bhayāt — com medo do Senhor; mṛtyuḥ — a própria morte; pradhāvati — foge; araṇam — verdadeiro refúgio de todos; tam — a Ele; īmahi — rendo-me ou busco como meu refúgio.

A Suprema Personalidade de Deus na certa não é conhecido por todas as pessoas, mas Ele é muito poderoso e influente. Portanto, embora a serpente do tempo eterno, cuja força é amedrontadora, não se canse de correr no encalço de todos, pronta para engoli-los, se alguém que teme essa serpente busca abrigo no Senhor, o Senhor lhe confere proteção, pois até mesmo a morte foge com medo do Senhor. Portanto, rendo-me a Ele, a grande e poderosa autoridade suprema, o verdadeiro abrigo de todos.

SIGNIFICADO—Pessoas inteligentes compreendem que existe uma grande e suprema autoridade que está acima de tudo. Essa grande autoridade aparece em diferentes encarnações para que os inocentes possam salvar-se das perturbações. Como se confirma na Bhagavad-gītā (4.8), paritrāṇāya sādhūnāṁ vināśāya ca duṣkṛtām: o Senhor aparece em Suas várias encarnações com dois propósitos – aniquilar o duṣkṛtī, o pecaminoso, e proteger Seu devoto. O rei dos elefantes decidiu render-se a Ele. Essa foi uma medida inteligente. Todos devem conhecer essa grande Suprema Personalidade de Deus e se render a Ele. O Senhor vem pessoalmente nos instruir como devemos agir para sermos felizes, e somente os tolos e patifes não usam a inteligên­cia para ver essa autoridade suprema, a Pessoa Suprema. No śruti-mantra, afirma-se:

bhīṣāsmād vātaḥ pavate
bhīṣodeti sūryaḥ
bhīṣāsmād agniś candraś ca
mṛtyur dhāvati pañcamaḥ

(Taittirīya Upaniṣad 2.8)

É por temor à Suprema Personalidade de Deus que o vento sopra, que o Sol distribui calor e luz e que a morte segue no encalço de todos. Logo, existe um controlador supremo, como se confirma na Bhagavad-gītā (9.10): mayādhyakṣeṇa prakṛtiḥ sūyate sacarācaram. Esta manifestação material funciona muito bem devido ao controlador supremo. Portanto, toda pessoa inteligente pode entender que existe um controlador supremo. Ademais, o próprio controlador supremo aparece como o Senhor Kṛṣṇa, como o Senhor Caitanya Mahāprabhu e como o Senhor Rāmacandra para nos dar instruções e, através do exemplo, mostrar-nos como devemos proceder para nos rendermos à Suprema Personalidade de Deus. Entretanto, aqueles que são duṣkṛtī, os mais baixos dos homens, não se rendem (na māṁ duṣkṛtino mūḍhāḥ prapadyante narādhamāḥ).

Na Bhagavad-gītā, o Senhor claramente diz que mṛtyuḥ sarva-haraś cāham: “Eu sou a morte que tudo devora.” Assim, mṛtyu, ou a Morte, é o representante que leva tudo da entidade viva que aceitou um corpo material. Ninguém pode dizer: “Eu não temo a morte.” Isso é falso. Todos temem a morte. No entanto, quem busca o refúgio da Suprema Personalidade de Deus pode salvar-se da morte. Talvez alguém objete: “Acaso o devoto não morre?” A resposta é que o devoto certamente tem que abandonar seu corpo, pois o corpo é material. Entretanto, a diferença é que, para quem se rende completamente a Kṛṣṇa e é protegido por Kṛṣṇa, o corpo atual é o seu último corpo; ele não voltará a receber um corpo material que o torne suscetível a morrer. Isso está assegurado na Bhagavad-gītā (4.9), tyaktvā dehaṁ punar janma naiti mām eti so ’rjuna: após abandonar seu corpo, o devoto não aceita outro corpo mate­rial, senão que retorna ao lar, retorna ao Supremo. Sempre estamos em perigo porque, a qualquer momento, a morte pode acontecer. Que ninguém pense que apenas Gajendra, o rei dos elefantes, temia a morte! Todos devem temer a morte porque todos são capturados pelo crocodilo do tempo eterno e podem morrer a qualquer instante. A melhor atitude, portanto, é buscar refúgio em Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, e salvar-se da luta pela existência empreen­dida por todos aqueles que estão no mundo material, no qual a pessoa se submete a repetidos nascimentos e mortes. Alcançar essa compreensão é a meta última da vida.

Neste ponto, encerram-se os Significados Bhaktivedanta do oitavo canto, segundo capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, intitulado “A Crise do Elefante Gajendra”.

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