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VERSO 11

athāham apy ātma-ripos tavāntikaṁ
daivena nītaḥ prasabhaṁ tyājita-śrīḥ
idaṁ kṛtāntāntika-varti jīvitaṁ
yayādhruvaṁ stabdha-matir na budhyate

atha — portanto; aham — eu; api — também; ātma-ripoḥ — que sois o inimigo tradicional da família; tava — Vosso; antikam — o refúgio; daivena — pela providência; nītaḥ — trazido a; prasabham — à força; tyājita — destituído de; śrīḥ — toda a opulência; idam — esta filosofia de vida; kṛta-anta-antika-varti — sempre recebendo condições de morrer; jīvitam — a duração da vida; yayā — por essa opulência material; adhruvam — como temporária; stabdha-matiḥ — tal pessoa sem inteligência; na budhyate — não pode entender.

É somente pela providência que, forçosamente, fui trazido aos Vossos pés de lótus e fiquei privado de toda a minha opulência. Devido à ilusão criada pela opulência temporária, as pessoas em geral, que vivem em condições materiais, deparando-se a cada momento com a morte inesperada, não entendem que esta vida é temporária. Somente pela providência fui salvo dessa condição.

SIGNIFICADO—Bali Mahārāja apreciou as ações da Suprema Personalidade de Deus, embora todos os membros das famílias demoníacas, com exceção de Prahlāda Mahārāja e Bali Mahārāja, considerassem Viṣṇu como seu eterno e tradicional inimigo. Como declarou Bali Mahā­rāja, o Senhor Viṣṇu, na verdade, não era inimigo da família, mas o melhor amigo da família. Já se descreveu qual o princípio dessa amizade. Yasyāham anugṛhṇāmi hariṣye tad-dhanaṁ śanaiḥ: o Senhor outorga favor especial ao Seu devoto, tirando-lhe todas as opulên­cias materiais. Bali Mahārāja apreciou esse comportamento do Senhor. Portanto, ele disse que daivena nītaḥ prasabhaṁ tyājita-śrīḥ: “Foi para me levar à plataforma correta de vida eterna que me pusestes nestas circunstâncias.”

Na verdade, todos devem temer a dita sociedade, amizade e amor pelos quais trabalham tão arduamente ao longo do dia e da noite. Como Bali Mahārāja indica através das palavras janād bhītaḥ, todo devo­to em consciência de Kṛṣṇa deve sempre temer os homens comuns ocupados em buscar pela prosperidade material. Tais pessoas são des­critas como pramatta, loucos que buscam o fogo-fátuo. Semelhan­tes homens não sabem que, após uma árdua luta pela vida, deve-se mudar de corpo, sem a certeza de que classe de corpo se receberá em seguida. Aqueles que estão completamente estabelecidos na filo­sofia da consciência de Kṛṣṇa e que, portanto, entendem a meta da vida jamais adotarão as atividades em que os cães empreendem uma corrida materialista. Contudo, se o devoto since­ro acaso caia de alguma forma, o Senhor o corrigirá e o impedirá de deslizar à mais escura região de vida infernal.

adānta-gobhir viśatāṁ tamisraṁ
punaḥ punaś carvita-carvaṇānām

(Śrīmad-Bhāgavatam 7.5.30)

O modo de vida materialista é simplesmente mastigar repetidas vezes aquilo que já foi mastigado. Embora não haja proveito nesse tipo de vida, as pessoas estão enamoradas dela devido aos sentidos des­controlados. Nūnaṁ pramattaḥ kurute vikarma. Devido aos senti­dos descontrolados, as pessoas se ocupam inteiramente em atividades pecaminosas através das quais obtêm um corpo que propiciará muito sofrimento. Bali Mahārāja soube valorizar o fato de o Senhor tê-lo resgatado dessa vida confusa e ignorante. Portanto, ele disse que sua inteligência estava aturdida. Stabdha-matir na budhyate. Antes, ele não conseguia entender como a Suprema Personalidade de Deus favorece Seus devotos cessando à força suas atividades materiais.

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