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VERSO 53

tvaṁ tvām ahaṁ deva-varaṁ vareṇyaṁ
prapadya īśaṁ pratibodhanāya
chindhy artha-dīpair bhagavan vacobhir
granthīn hṛdayyān vivṛṇu svam okaḥ

tvam — quão elevado sois; tvām — a Vós; aham — eu próprio; deva­-varam — adorado pelos semideuses; vareṇyam — o maior de todos; prapadye — rendendo-me plenamente; īśam — ao controlador supremo; pratibodhanāya — para entender o verdadeiro propósito da vida; chindhi — cortai; artha-dīpaiḥ — com a luz das instruções coerentes; bhagavan — ó Senhor Supremo; vacobhiḥ — com Vossas palavras; granthīn — nós; hṛdayyān — fixos no âmago do coração; vivṛṇu — por favor, explicai; svam okaḥ — o destino da minha vida.

Ó Senhor Supremo, em busca de autorrealização, rendo-me a Vós, que sois adorado pelos semideuses como o controlador supremo de tudo. Através de Vossas instruções, que expõem o propósito da vida, por favor, cortai o nó do âmago do meu coração e deixai-me conhecer o destino da minha vida.

SIGNIFICADOÀs vezes, argumenta-se que as pessoas não sabem como identificar um mestre espiritual e que é muito difícil encontrar um mestre espiritual de quem se possa obter iluminação no que diz respeito ao destino da vida. Para responder a todas essas perguntas, o rei Satyavrata nos mostra o processo que consiste em aceitar a Suprema Personalidade de Deus como o verdadeiro mestre espiritual. Na Bhagavad-gītā, o Senhor Supremo forneceu instruções completas sobre como alguém deve lidar com todas as atividades deste mundo material e como retornar ao lar, retornar ao Supremo. Portanto, ninguém deve se deixar desencaminhar pelos falsos gurus, os quais, na verdade, são tolos e patifes. Ao contrário, todos devem procurar ver diretamente a Su­prema Personalidade de Deus como seu guru ou instrutor. Entretanto, sem a ajuda do guru, é difícil entender a Bhagavad-gītā. Por isso, o guru aparece no sistema paramparā. Na Bhagavad-gītā (4.34), a Suprema Personalidade de Deus recomenda:

tad viddhi praṇipātena
paripraśnena sevayā
upadekṣyanti te jñānaṁ
jñāninas tattva-darśinaḥ

“Tenta aprender a verdade aproximando-te de um mestre espiritual. Faze-lhe perguntas com submissão e presta-lhe serviço. As almas autorrealizadas podem te transmitir conhecimento porque elas são videntes da verdade.” O Senhor Kṛṣṇa instruiu Arjuna diretamente. Arjuna, portanto, é tattva-darśī, ou guru. Arjuna aceitou a Suprema Personalidade de Deus (paraṁ brahma paraṁ dhāma pavitraṁ paramaṁ bhavān). Do mesmo modo, seguindo os passos de Śrī Arjuna, que é um devoto pessoal do Senhor, deve-se aceitar a supremacia do Senhor Kṛṣṇa, como comprovam Vyāsa, Devala, Asita, Nārada e, em uma época posterior, os ācāryas Rāmānujācārya, Madhvācārya, Nimbārka e Viṣṇu Svāmī e, mais recentemente, o maior de todos os ācāryas, Śrī Caitanya Mahāprabhu. Qual é a dificuldade, então, de se en­contrar um guru? Se alguém é sincero, poderá encontrar o guru e aprender tudo. Deve-se receber lições do guru e descobrir a meta da vida. Mahārāja Satyavrata, portanto, mostra-nos o método do mahājana. Mahājano yena gataḥ sa panthāḥ. Todos devem render­-se à Suprema Personalidade de Deus (daśāvatāra) e aprender com Ele sobre o mundo espiritual e a meta da vida.

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