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Capítulo Sete

Ilimitadas Formas do Supremo

Segundo o almanaque vaiṣṇava, denominam-se os doze meses do ano de acordo com as doze formas do Senhor Kṛṣṇa em Vaikuṇṭha, as quais são conhecidas como as Deidades predominantes dos doze meses. Esse calendário começa com o mês de mārgaśīrṣa, que equivale a fins de outubro e início de novembro. O restante de novembro é conhecido pelos vaiṣṇavas como keśava. Dezembro chama-se nārāyaṇa; janeiro chama-se mādhava; fevereiro chama-se govinda; março chama-se viṣṇu; abril chama-se śrī madhusūdana; maio, trivikrama; junho, vāmana; julho, śrīdhara; agosto, hṛṣīkeśa; setembro, padmanābha; e o começo de outubro chama-se dāmodara (Kṛṣṇa recebeu o nome Dāmodara quando foi amarrado com cordas por Sua mãe, porém, a forma de Dāmodara no mês de outubro é outra manifestação).

Assim como os meses do ano são conhecidos de acordo com os doze diferentes nomes do Senhor Supremo, a comunidade vaiṣṇava marca doze partes do corpo de acordo com esses nomes. Por exemplo, a marca de tilaka aplicada na testa chama-se Keśava, e dão-se os outros nomes às marcas aplicadas no estômago, peito e braços. Esses nomes são iguais aos dos meses.

As quatro formas (Vāsudeva, Saṅkarṣaṇa, Pradyumna e Aniruddha) também se expandem nas vilāsa-mūrtis, as quais perfazem um número de oito, cujos nomes são: Puruṣottama, Acyuta, Nṛsiṁha, Janārdana, Hari, Kṛṣṇa, Adhokṣaja e Upendra. Entre as oito, Adhokṣaja e Puruṣottama são as formas vilāsa de Vāsudeva. De igual modo, Upendra e Acyuta são as formas de Saṅkarṣaṇa; Nṛsiṁha e Janārdana são as formas de Pradyumna, e Hari e Kṛṣṇa são as formas vilāsa de Aniruddha (este Kṛṣṇa difere do Kṛṣṇa original).

Essas vinte e quatro formas são conhecidas como a manifestação vilāsa da forma prābhava (de quatro braços), e recebem diversos nomes segundo a posição das representações simbólicas (maça, disco, flor de lótus e búzio). Dentre essas vinte e quatro, existem formas vilāsa e vaibhava. Os nomes supracitados, tais como Pradyumna, Trivikrama, Vāmana, Hari e Kṛṣṇa, também são de aspectos diferentes. Então, vindo até a prābhava-vilāsa de Kṛṣṇa (incluindo Vāsudeva, Saṅkarṣaṇa, Pradyumna e Aniruddha), há um total de mais vinte variações. Todas elas possuem planetas Vaikuṇṭhas no céu espiritual e situam-se em oito direções distintas. Embora cada uma esteja eternamente no céu espiritual, algumas se manifestam também no mundo material.

No céu espiritual, todos os planetas dominados pelo aspecto Nārāyaṇa são eternos. O planeta mais elevado no céu espiritual chama-se Kṛṣṇaloka e divide-se em três porções: Gokula, Mathurā e Dvārakā. Na porção denominada Mathurā, situa-se perpetuamente a forma de Keśava. Ele também é representado neste planeta terrestre. Em Mathurā, Índia, adora-se a mūrti Keśava, e, em Jagannātha Purī, Orissa, existe uma forma de Puruṣottama. Em Ānandāraṇya, existe uma forma de Viṣṇu, e, em Māyāpur, o local de nascimento do Senhor Caitanya, existe a forma de Hari. Muitas outras formas também estão situadas em diversos lugares da Terra.

Não apenas neste universo, mas também em todos os outros universos, as formas de Kṛṣṇa distribuem-Se por toda parte. Indica-se que esta Terra é dividida em sete ilhas, que são os sete continentes, e compreende-se que em toda ilha há formas semelhantes, mas no momento atual elas se encontram apenas na Índia. Embora, fundamentados nos textos védicos, possamos compreender que existem formas em outras partes do mundo, por ora não há informação sobre a sua localização.

As diversas formas de Kṛṣṇa distribuem-se por todo o Universo para dar prazer aos devotos. Não é verdade que nascem devotos apenas na Índia. Há devotos em todas as partes do mundo, porém eles simplesmente esqueceram sua identidade. Essas formas encarnam não só para dar prazer ao devoto, mas também para restabelecer o serviço devocional e executar outras atividades de interesse vital para a Suprema Personalidade de Deus. Algumas dessas formas são encarnações mencionadas nas escrituras, tais como a encarnação de Viṣṇu, a encarnação de Trivikrama, a encarnação de Nṛsiṁha e a encarnação de Vāmana.

Na Siddhārtha-saṁhitā, há uma descrição das vinte e quatro formas de Viṣṇu, as quais são denominadas de acordo com a posição das representações simbólicas em Suas quatro mãos. Ao se descreverem as posições dos objetos nas mãos da mūrti de Viṣṇu, deve-se começar com a mão direita inferior, então passar para a mão direita superior, depois, a mão esquerda superior e, enfim, a mão esquerda inferior. Dessa maneira, Vāsudeva é representado pela maça, búzio, disco e flor de lótus. Saṅkarṣaṇa é representado pela maça, búzio, flor de lótus e disco. Pradyumna é representado pelo disco, búzio, maça e flor de lótus. Aniruddha é representado pelo disco, maça, búzio e flor de lótus. No céu espiritual, as representações de Nārāyaṇa perfazem um número de vinte e são descritas da seguinte maneira: Śrī Keśava (flor, búzio, disco e maça), Nārāyaṇa (búzio, flor, maça, disco), Śrī Mādhava (maça, disco, búzio e flor), Śrī Govinda (disco, maça, flor e búzio), Viṣṇu-mūrti (maça, flor, búzio e disco), Madhusūdana (disco, búzio, flor e maça), Trivikrama (flor, maça, disco e búzio), Śrī Vāmana (búzio, disco, maça e flor), Śrīdhara (flor, disco, maça e búzio), Hṛṣīkeśa (maça, disco, flor e búzio), Padmanābha (búzio, flor, disco e maça), Dāmodara (flor, disco, maça e búzio), Puruṣottama (disco, flor, búzio e maça), Acyuta (maça, flor, disco e búzio), Nṛsiṁha (disco, flor, maça e búzio), Janārdana (flor, disco, búzio e maça), Śrī Hari (búzio, disco, flor e maça), Śrī Kṛṣṇa (búzio, maça, flor e disco), Adhokṣaja (flor, maça, búzio e disco) e Upendra (búzio, maça, disco e flor).

Segundo o Hayaśīrṣa-pañcarātra, existem dezesseis formas, que recebem nomes distintos de acordo com a disposição do disco e da maça. Conclui-se que a original Suprema Personalidade de Deus é Kṛṣṇa. Ele é chamado de līlā-puruṣottama, e reside sobretudo em Vṛndāvana como filho de Nanda. No Hayaśīrṣa-pañcarātra, explica-se também que há nove formas protegendo as duas Purīs, conhecidas como Mathurā Purī e Dvārakā Purī: Vāsudeva, Saṅkarṣaṇa, Pradyumna e Aniruddha protegem uma, e Nārāyaṇa, Nṛsiṁha, Hayagrīva, Varāha e Brahmā protegem a outra. Estas são distintas manifestações das formas prakāśa e vilāsa do Senhor Kṛṣṇa.

O Senhor Caitanya informa a Sanātana Gosvāmī que também existem diversas formas de svāṁśa, as quais se classificam em divisão Saṅkarṣaṇa e divisão de encarnação. Da primeira divisão vêm os três puruṣa-avatāras – Kāraṇodakaśāyī Viṣṇu, Garbhodakaśāyī Viṣṇu e Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu –, e da outra divisão vêm os līlā-avatāras, tais como as encarnações do Senhor sob a forma de peixe, tartaruga, etc.

Há seis categorias de encarnações: (1) o puruṣa-avatāra, (2) o līlā-avatāra, (3) o guṇa-avatāra, (4) o manvantara-avatāra, (5) o yuga-avatāra e (6) o śaktyāveśa-avatāra. Dentre as seis manifestações vilāsa de Kṛṣṇa, há duas divisões baseadas em Sua idade, chamadas bālya e paugaṇḍa. Como filho de Nanda Mahārāja, Kṛṣṇa, sob Sua forma original, desfruta os dois aspectos infantis – a saber, bālya e paugaṇḍa.

Logo, conclui-se, com efeito, que não existe limite para as expansões e encarnações de Kṛṣṇa. O Senhor Caitanya explica algumas delas a Sanātana Gosvāmī só para dar-lhe uma ideia de como o Senhor expande-Se e desfruta. O Śrīmad-Bhāgavatam (1.3.26) também confirma essas conclusões. Ali se diz que não há limite para as encarnações do Senhor Supremo, assim como não há limite para as ondas do oceano.

Primeiro, Kṛṣṇa encarna como os três puruṣa-avatāras, a saber, Mahā-Viṣṇu ou Kāraṇodakaśāyī avatāra, Garbhodakaśāyī avatāra e Kṣīrodakaśāyī avatāra. O Sātvata-tantra também confirma isso. Podem-se ainda dividir as energias de Kṛṣṇa em três: Sua energia pensativa, sensitiva e ativa. Ao exibir Sua energia pensativa, Ele é o Senhor Supremo; ao exibir Sua energia sensitiva, Ele é o Senhor Vāsudeva, e ao exibir Sua energia ativa, Ele é Saṅkarṣaṇa Balarāma. Sem que Ele pensasse, sentisse e agisse, não haveria possibilidade de criação. Embora não exista criação no mundo espiritual – pois lá os planetas são sem-princípio –, existe criação no mundo material. Em ambos os casos, contudo, tanto o mundo espiritual quanto o material são manifestações da energia ativa, na qual Kṛṣṇa age sob a forma de Saṅkarṣaṇa e Balarāma.

O mundo espiritual dos planetas Vaikuṇṭhas e Kṛṣṇaloka, o planeta supremo, está situado em Sua energia pensativa. Embora não haja criação no mundo espiritual, pois ele é eterno, ainda assim deve-se entender que os planetas Vaikuṇṭhas dependem da energia pensativa do Senhor Supremo. Esta energia pensativa é descrita na Brahma-saṁhitā (5.2), segundo o qual a morada suprema, conhecida como Goloka, manifesta-se como uma flor de lótus com centenas de pétalas. Nesse lugar, tudo se manifesta por intermédio de Ananta, a forma de Balarāma ou Saṅkarṣaṇa. A manifestação cósmica material e seus diferentes universos, manifestam-se por intermédio de māyā, ou energia material. Entretanto, ninguém deve pensar que a natureza material ou energia material é a causa desta manifestação cósmica. Ao contrário, ela é causada pelo Senhor Supremo, que usa Suas diferentes expansões para agirem através da natureza material. Em outras palavras, não há possibilidade de qualquer criação sem a superintendência do Senhor Supremo. A forma mediante a qual a energia da natureza material atua para efetuar a criação chama-se forma Saṅkarṣaṇa, e compreende-se que esta manifestação cósmica é criada sob a superintendência do Senhor Supremo.

No Śrīmad-Bhāgavatam (10.46.31), afirma-se que Balarāma e Kṛṣṇa são a origem de todas as entidades vivas e que essas duas personalidades permeiam tudo. O Śrīmad-Bhāgavatam (1.3) apresenta uma lista de encarnações, que são as seguintes: (1) Kumāras, (2) Nārada, (3) Varāha, (4) Matsya, (5) Yajña, (6) Nara-nārāyaṇa, (7) Kārdami Kapila, (8) Dattātreya, (9) Hayaśīrṣa, (10) Haṁsa, (11) Dhruvapriya ou Pṛśnigarbha, (12) Ṛṣabha, (13) Pṛthu, (14) Nṛsiṁha, (15) Kūrma, (16) Dhanvantari, (17) Mohinī, (18) Vāmana, (19) Bhārgava (Paraśurāma), (20) Rāghavendra, (21) Vyāsa, (22) Pralambāri Balarāma, (23) Kṛṣṇa, (24) Buddha e (25) Kalkī. Porque quase todos esses vinte e cinco līlā-avatāras aparecem em um dia de Brahmā, que se chama kalpa, eles, às vezes, são chamados de kalpa-avatāras. Entre eles, a encarnação de Haṁsa e de Mohinī não são permanentes, porém, Kapila, Dattātreya, Ṛṣabha, Dhanvantari e Vyāsa são cinco formas eternas, e são as mais célebres. Consideram-se como vaibhava as encarnações da tartaruga Kūrma, do peixe Matsya, de Nara-nārāyaṇa, de Varāha, de Hayaśīrṣa, de Pṛśnigarbha e de Balarāma. Da mesma maneira, existem três guṇa-avatāras, ou encarnações dos modos qualitativos da natureza, a saber, Brahmā, Viṣṇu e Śiva.

Existem quatorze manvantara-avatāras: (1) Yajña, (2) Vibhu, (3) Satyasena, (4) Hari, (5) Vaikuṇṭha, (6) Ajita, (7) Vāmana, (8) Sārvabhauma, (9) Ṛṣabha, (10) Viṣvaksena, (11) Dharmasetu, (12) Sudhāmā, (13) Yogeśvara e (14) Bṛhadbhānu. Entre esses quatorze manvantara-avatāras, Yajña e Vāmana também são līlā-avatāras, e os outros são manvantara-avatāras. Esses quatorze manvantara-avatāras também são conhecidos como vaibhava-avatāras.

O Śrīmad-Bhāgavatam também descreve os quatro yuga-avatāras. Na Satya-yuga, a encarnação de Deus é branca; na Tretā-yuga, Ele é vermelho; na Dvāpara-yuga, Ele é escuro; e, na Kali-yuga, Ele também é escuro, mas, às vezes, numa Kali-yuga especial, Sua cor é amarelada (como no caso de Caitanya Mahāprabhu). No que se refere aos śaktyāveśa-avatāras, eles incluem Kapila, Ṛṣabha, Ananta, Brahmā (às vezes, o próprio Senhor torna-Se Brahmā), Catuḥsana (a encarnação do conhecimento), Nārada (a encarnação do serviço devocional), rei Pṛthu (a encarnação do poder administrativo), e Paraśurāma (a encarnação que subjuga os princípios nocivos).

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