Capítulo Nove
As Opulências de Kṛṣṇa
Porque o Senhor Caitanya é misericordioso sobretudo com as pessoas inocentes e simples, Seu nome também é Patita-pāvana, o libertador das almas condicionadas mais caídas. Embora possa estar caída na posição mais baixa, uma alma condicionada pode avançar em ciência espiritual se for inocente. De acordo com o sistema social hindu, Sanātana Gosvāmī era considerado caído, pois estava a serviço do governo maometano. Na verdade, ele chegou a ser excomungado da sociedade bramânica devido a seu emprego. Porém, como era uma alma sincera, o Senhor Caitanya mostrou-lhe favor especial garantindo-lhe uma riqueza de informação espiritual.
Em seguida, o Senhor explicou a situação dos diversos planetas do céu espiritual. Os planetas espirituais também são conhecidos como planetas Vaikuṇṭhas. Os universos da criação material têm comprimento e largura limitados, porém, as dimensões dos planetas Vaikuṇṭhas não têm limite, pois eles são espirituais. O Senhor Caitanya informou a Sanātana Gosvāmī que o comprimento e largura de cada planeta Vaikuṇṭha atinge milhões e bilhões de quilômetros. Cada um desses planetas expande-se ilimitadamente, e em cada um, existem residentes plenos de todas as seis opulências – riqueza, força, conhecimento, beleza, fama e renúncia. Em cada planeta Vaikuṇṭha, uma expansão de Kṛṣṇa tem Sua morada eterna, e o próprio Kṛṣṇa tem sua eterna morada original chamada Kṛṣṇaloka, ou Goloka Vṛndāvana.
Neste universo, até mesmo o maior planeta repousa em um canto do espaço sideral. Embora o Sol seja milhares de vezes maior que a Terra, ainda assim ele paira num canto do espaço sideral. Da mesma maneira, cada um dos infinitos planetas, embora ilimitados em comprimento e largura, repousa num canto do céu espiritual conhecido como brahmajyoti. Na Brahma-saṁhitā, descreve-se que esse brahmajyoti é niṣkalam anantam aśeṣa-bhūtam, ou indiviso, ilimitado e sem vestígio dos modos da natureza material. Todos os planetas Vaikuṇṭhas são como pétalas de uma flor de lótus, e a principal parte desse lótus, chamada Kṛṣṇaloka ou Goloka Vṛndāvana, é o centro de todos os Vaikuṇṭhas.
Logo, as expansões de Kṛṣṇa sob diversas formas, como descritas acima, bem como Suas várias moradas nos planetas do céu espiritual, são ilimitadas. Mesmo semideuses como Brahmā e Śiva não conseguem ver, nem sequer estimar a extensão dos planetas Vaikuṇṭhas. Como se confirma no Śrīmad-Bhāgavatam (10.14.21): “Ninguém pode estimar o comprimento e largura de todos os planetas Vaikuṇṭhas”. Lá também se afirma que não apenas semideuses como Brahmā e Śiva são incapazes de fazer tal estimativa, mas mesmo Ananta, a própria encarnação da opulência de força do Senhor, não consegue determinar o limite da potência do Senhor ou da área dos diferentes planetas Vaikuṇṭhas.
A este respeito, as orações de Brahmā, mencionadas no Śrīmad-Bhāgavatam (10.14.21), são muito convincentes. Ali, o senhor Brahmā diz:
guṇātmanas te ’pi guṇān vimātuṁ
hitāvatīrṇasya ka īśire ’sya
kālena yair vā vimitāḥ su-kalpair
bhū-pāṁśavaḥ khe mihikā dyu-bhāsaḥ
“Os cientistas e eruditos nem sequer podem estimar a constituição atômica de um mero planeta. Mesmo que pudessem contar as moléculas da neve ou o número de estrelas no espaço, eles não poderiam estimar como desceis a esta Terra ou a este universo, acompanhado de Vossas inumeráveis potências, energias e qualidades transcendentais.” O Senhor Brahmā informou a Nārada que nem um grande sábio, incluindo ele próprio, poderia estimar a força e energia potenciais do Senhor Supremo. Ele admitiu que, mesmo que Ananta, com Suas milhares de línguas, tentasse estimar as energias do Senhor, Ele fracassaria. Portanto, os Vedas Personificados também oraram:
dyu-pataya eva te na yayur antam anantatayā
tvam api yad-antarāṇḍa-nicayā nanu sāvaraṇāḥ
kha iva rajāṁsi vānti vayasā saha yac chrutayas
tvayi hi phalanty atan-nirasanena bhavan-nidhanāḥ
“Meu Senhor, sois ilimitado, e ninguém avalia a extensão de Vossas potências. Considero que mesmo Vós não conheceis o alcance de Vossas energias potenciais. Ilimitados planetas flutuam no céu exatamente como átomos, e eminentes vedantistas, ocupados em pesquisas para encontrar-Vos, descobrem que tudo é diferente de Vós. Portanto, eles enfim concluem que sois tudo.”
Quando o Senhor Kṛṣṇa esteve neste universo, Brahmā pregou-Lhe uma peça para confirmar se o vaqueirinho de Vṛndāvana era de fato o próprio Kṛṣṇa. Mediante seu poder místico, Brahmā roubou todas as vacas, bezerros e vaqueirinhos amigos de Kṛṣṇa e escondeu-os. Contudo, ao regressar para ver o que Kṛṣṇa fazia a sós, ele viu que Kṛṣṇa continuava brincando com as mesmas vacas, bezerros e vaqueirinhos. Em outras palavras, através de Sua potência Vaikuṇṭha, o Senhor Kṛṣṇa expandira todas as vacas, bezerros e amigos roubados. Na verdade, Brahmā viu milhões e bilhões deles, e também viu milhões e bilhões de toneladas de cana-de-açúcar, frutas, flores de lótus e chifres. Os vaqueirinhos estavam decorados com roupas e ornamentos diversos, e ninguém poderia calcular a sua vasta quantidade. De fato, Brahmā viu que cada vaqueirinho tornara-se um Nārāyaṇa de quatro braços tal qual a Deidade predominante de cada brahmāṇḍa, e viu também que inúmeros Brahmās ofereciam reverências ao Senhor. Ele viu que todos eles emanavam do corpo de Kṛṣṇa e, após um segundo, também entravam em Seu corpo. O Senhor Brahmā ficou atônito e em sua oração admitiu que, embora qualquer pessoa possa dizer que conhece Kṛṣṇa, no que dizia respeito a ele, não conhecia nada sobre Kṛṣṇa. “Meu querido Senhor,” disse ele, “as potências e opulências que acabastes de exibir estão além da capacidade de compreensão de minha mente.”
O Senhor Caitanya explicou ainda que ninguém pode calcular a potência de Kṛṣṇaloka, nem a de Vṛndāvana, a morada do Senhor Kṛṣṇa neste planeta. De um ponto de vista, calcula-se que Vṛndāvana possui uma área de oitenta e dois quilômetros quadrados, todavia num canto de Vṛndāvana estão todos os Vaikuṇṭhas. A área atual de Vṛndāvana contém doze florestas e seu perímetro perfaz cerca de oitenta e quatro krośas, ou seja, 268 quilômetros, e calcula-se que a cidade de Vṛndāvana tenha de perímetro cerca de dezesseis krośas, ou cinquenta quilômetros. Está além dos cálculos materiais conceber como se localizam ali todos os Vaikuṇṭhas. Assim, Caitanya Mahāprabhu proclamou que as potências e opulências de Kṛṣṇa são ilimitadas. Tudo que Ele disse a Sanātana Gosvāmī foi apenas parcial, mas através dessa apresentação parcial pode-se tentar imaginar a totalidade.
Enquanto falava com Sanātana Gosvāmī sobre as opulências de Kṛṣṇa, o Senhor Caitanya estava em êxtase profundo, e neste estado transcendental Ele citou um verso do Śrīmad-Bhāgavatam (3.2.21) no qual Uddhava, após o desaparecimento de Kṛṣṇa, disse a Vidura:
svayaṁ tv asāmyātiśayas try-adhīśaḥ
svārājya-lakṣmy-āpta-samasta-kāmaḥ
baliṁ haradbhiś cira-loka-pālaiḥ
kirīṭa-koṭīḍita-pāda-pīṭhaḥ
“Kṛṣṇa é o amo de todos os semideuses, incluindo o Senhor Brahmā, o Senhor Śiva e a expansão de Viṣṇu dentro deste universo. Portanto, ninguém se iguala a Ele ou supera-O, e Ele possui em plenitude seis opulências. Todos os semideuses, encarregados da administração de cada universo [brahmāṇḍa] oferecem-Lhe respeitosas reverências. Na realidade, os elmos em suas cabeças são belos porque estão decorados com as marcas dos pés de lótus do Senhor Supremo.” Afirma também a Brahma-saṁhitā (5.1) que Kṛṣṇa é a Suprema Personalidade de Deus, e ninguém pode se igualar a Ele ou superá-lO. Embora sejam senhores de todo universo, Brahmā, Viṣṇu e Śiva são servos do Supremo Senhor Kṛṣṇa.
Esta é a conclusão. Sendo a causa de todas as causas, o Senhor Kṛṣṇa é a causa do Mahā-Viṣṇu, a primeira encarnação e controlador desta criação material. De Mahā-Viṣṇu advêm o Garbhodakaśāyī Viṣṇu e o Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu; desse modo, Kṛṣṇa é o amo do Garbhodakaśāyī Viṣṇu e Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu, e é também a Superalma dentro de toda entidade viva do Universo. Na Brahma-saṁhitā (5.48), afirma-se que mediante a respiração de Mahā-Viṣṇu criam-se inumeráveis universos, e em cada universo existem inumeráveis viṣṇu-tattvas, mas deve-se compreender que de todos eles o Senhor Kṛṣṇa é o amo, e eles são apenas parciais expansões plenárias de Kṛṣṇa.
Através das escrituras reveladas, compreende-se que Kṛṣṇa mora em três lugares transcendentais. A residência mais confidencial de Kṛṣṇa é Goloka Vṛndāvana. É lá, que Kṛṣṇa permanece com Seu pai, mãe e amigos; exibe Suas relações transcendentais e concede Sua misericórdia a Seu séquito eterno. Lá, yogamāyā age como Sua criada na dança da rāsa-līlā. Os residentes de Vrajabhūmi pensam: “O Senhor é glorificado em virtude das partículas de Sua misericórdia e afeição transcendentais, e nós, os residentes de Vṛndāvana, não temos a mínima ansiedade devido à Sua misericordiosa existência”. Como se afirma na Brahma-saṁhitā (5.43), todos os planetas Vaikuṇṭhas no céu espiritual (conhecidos como Viṣṇuloka) situam-se no planeta conhecido como Kṛṣṇaloka, Goloka Vṛndāvana. Naquele planeta supremo, o Senhor desfruta Sua bem-aventurança transcendental em múltiplas formas, e ali todas as opulências dos Vaikuṇṭhas exibem-se em plenitude. Os associados de Kṛṣṇa também são plenos de seis opulências. No Pādmottara-khaṇḍa (225.57), afirma-se que a energia material e a energia espiritual estão separadas pela água conhecida como rio Virajā, que flui da transpiração da primeira encarnação puruṣa. Numa margem do rio Virajā está a natureza eterna, ilimitada e bem-aventurada, chamada céu espiritual, e este é o reino espiritual, ou reino de Deus.
Os planetas espirituais chamam-se Vaikuṇṭhas, porque lá não existe lamentação ou medo; tudo é eterno. Calcula-se que o mundo espiritual compreende três quartos das energias do Senhor Supremo, e afirma-se que o mundo material compreende um quarto de Sua energia; porém, ninguém pode entender o que são esses três quartos, visto que não se pode descrever este universo material, que compreende apenas um quarto de Sua energia. Tentando transmitir a Sanātana Gosvāmī algo sobre a extensão de um quarto da energia de Kṛṣṇa, Caitanya Mahāprabhu citou um incidente do Śrīmad-Bhāgavatam no qual Brahmā, o senhor do Universo, foi ver Kṛṣṇa em Dvārakā. Quando Brahmā aproximou-se da morada de Kṛṣṇa, o porteiro informou a Kṛṣṇa que Brahmā chegara para vê-lO. Ao ouvir isso, Kṛṣṇa perguntou qual Brahmā chegara, e o porteiro voltou a Brahmā e perguntou: “Kṛṣṇa deseja saber qual Brahmā és tu?”
Brahmā ficou espantado. Por que Kṛṣṇa teria feito esta pergunta? Ele informou ao porteiro: “Por favor, dize-Lhe que Brahmā, que tem quatro cabeças e é o pai dos quatro Kumāras, veio vê-lO”.
O porteiro informou isso a Kṛṣṇa e depois pediu que Brahmā entrasse. Brahmā ofereceu suas reverências aos pés de lótus de Kṛṣṇa e, após recebê-lo com todas as honras, Kṛṣṇa perguntou sobre o propósito de sua visita.
“Falar-Vos-ei do meu propósito em vir aqui”, respondeu o Senhor Brahmā, “porém, primeiro peço-Vos o obséquio de dirimirdes uma dúvida. Vosso porteiro disse-me que perguntastes qual Brahmā viera vê-lO. Poderia saber se existem outros Brahmās além de mim?”
Ao ouvir isso, Kṛṣṇa sorriu e imediatamente chamou muitos Brahmās de muitos universos. Então, o Brahmā de quatro cabeças viu muitos outros Brahmās vindo ver Kṛṣṇa e oferecendo-Lhe seus respeitos. Alguns deles tinham dez cabeças, alguns tinham vinte, alguns tinham cem e alguns até mesmo um milhão de cabeças. Na verdade, o Brahmā de quatro cabeças nem sequer podia contar os Brahmās que estavam oferecendo suas reverências a Kṛṣṇa. Kṛṣṇa então chamou muitos outros semideuses de vários universos, e todos eles vieram oferecer seus respeitos ao Senhor. Ao ver essa maravilhosa exibição, o Brahmā de quatro cabeças ficou nervoso e começou a sentir-se nada mais que um mosquito no meio de muitos elefantes. Como tantos semideuses ofereciam reverências aos pés de lótus de Kṛṣṇa, Brahmā concluiu que ninguém pode calcular a ilimitada potência de Kṛṣṇa. Os elmos dos diversos semideuses e Brahmās brilhavam reluzentemente na grande assembleia, e as orações dos semideuses faziam um som ensurdecedor.
“Querido Senhor”, disseram os semideuses, “é uma grande misericórdia que nos chamastes para Vos ver. Tendes alguma ordem específica? Caso tiverdes, executá-la-emos imediatamente.”
“Não quero nada especial de vós”, respondeu o Senhor Kṛṣṇa. “Só queria ver-vos juntos de uma só vez. Ofereço-vos Minha bênção. Não temais os demônios.”
“Por Vossa misericórdia tudo está bem”, responderam todos eles. “Não há perturbações no momento, pois, em virtude de Vossa encarnação todo infortúnio é subjugado.”
Enquanto via Kṛṣṇa, cada Brahmā pensava que Ele estava apenas dentro de seu universo. Depois desse incidente, Kṛṣṇa despediu-Se de todos os Brahmās, e eles, após oferecerem-Lhe reverências, retornaram para seus respectivos universos. Ao ver isso, o Brahmā de quatro cabeças caiu de imediato aos pés de Kṛṣṇa e disse: “Tudo que pensei sobre Vós, a princípio, foi tolice. Qualquer um pode dizer que Vos conhece perfeitamente, mas quanto a mim, não posso sequer conceber quão grandioso sois Vós. Estais além de minha concepção e entendimento”.
“Este universo específico tem a largura de apenas seis bilhões e meio de quilômetros”, informou-lhe Kṛṣṇa, “mas existem muitos milhões e bilhões de universos que são muitíssimo maiores que este. Alguns deles têm a largura de muitos trilhões de quilômetros, e todos esses universos precisam de Brahmās fortes, e não apenas Brahmās de quatro cabeças.” Kṛṣṇa então informou a Brahmā: “Esta criação material é só um quarto da manifestação da Minha potência criativa; três quartos dessa potência estão no reino espiritual”.
Após oferecer reverências, o Brahmā de quatro cabeças despediu-se de Kṛṣṇa e pôde entender o significado da “energia de três quartos” do Senhor.
Portanto, o Senhor é conhecido como Tryadhīśvara, um nome que indica Suas principais moradas – Gokula, Mathurā e Dvārakā. Essas três moradas são plenas de opulências, e o Senhor Kṛṣṇa é o amo de todas elas. Situado em Sua potência transcendental, o Senhor Kṛṣṇa é o amo de todas as energias transcendentais, e Ele é pleno de seis opulências. Porque é o senhor de todas as opulências, todos os textos védicos aclamam Kṛṣṇa como a Suprema Personalidade de Deus.
O Senhor Caitanya, então, cantou uma bela canção sobre as opulências de Kṛṣṇa, e Sanātana Gosvāmī a ouviu. “Todos os passatempos de Kṛṣṇa são exatamente como as atividades dos seres humanos”, cantou o Senhor. “Portanto, deve-se compreender que Sua forma é como a de um ser humano. Na verdade, um ser humano é apenas uma imitação de Sua forma. A roupa de Kṛṣṇa é tal qual a de um vaqueirinho. Ele carrega uma flauta em Sua mão e parece exatamente com um jovem adolescente. Ele é sempre travesso e brinca como um menino comum.”
O Senhor Caitanya falou então a Sanātana Gosvāmī sobre os belos aspectos de Kṛṣṇa. Ele disse que quem compreende essas belas qualidades, desfruta um oceano de néctar. A potêncio yogamāyā de Kṛṣṇa é transcendental e está além da energia material, mas o Senhor exibe Sua potência transcendental mesmo dentro deste mundo material só para satisfazer Seus devotos confidentes. Assim, Ele aparece no mundo material para satisfazer Seus devotos, e Suas qualidades são tão atrativas que o próprio Kṛṣṇa anseia por compreender a Si próprio. Quando Ele está todo decorado e Se posta com Seu corpo curvado de três maneiras – Suas sobrancelhas sempre se movendo e Seus olhos tão atrativos – as gopīs ficam encantadas. Sua morada espiritual está no topo do céu espiritual; onde Ele reside com Seus companheiros: os vaqueirinhos, as gopīs e todas as deusas da fortuna. Lá, todos O conhecem como Madana-mohana.
Existem muitos passatempos de Kṛṣṇa – tais como Seus passatempos sob as formas de Vāsudeva e Saṅkarṣaṇa –, e no céu material Seus passatempos são efetuados pela primeira encarnação puruṣa, o criador do mundo material. Também há passatempos nos quais Ele encarna como peixe ou como tartaruga, e há passatempos nos quais Ele assume as formas de Senhor Brahmā e de Senhor Śiva, como encarnações das qualidades materiais. Em Seus passatempos como uma encarnação dotada de poder, Ele assume a forma do rei Pṛthu. Ele também executa Seus passatempos como a Superalma nos corações de todos e como o Brahman impessoal.
Embora tenha inúmeros passatempos, o mais importante é o de Kṛṣṇa sob a forma humana, divertindo-se em Vṛndāvana, dançando com as gopīs, atuando com os Pāṇḍavas no Campo de Batalha de Kurukṣetra ou atuando em Mathurā e Dvārakā. Dentre Seus importantes passatempos sob a forma humana, os mais importantes são aqueles em que Ele aparece como vaqueirinho, um jovem adolescente tocando Sua flauta. Deve-se entender que uma mera manifestação parcial de Seus passatempos em Goloka, Mathurā e Dvārāvatī, ou Dvārakā, pode inundar de amor por Deus o Universo inteiro. As belas qualidades de Kṛṣṇa podem atrair toda entidade viva.
A manifestação de Sua potência interna nem sequer é exibida no reino de Deus ou nos planetas de Vaikuṇṭha, porém, Ele a exibe dentro deste universo quando, através de Sua inconcebível misericórdia, desce de Sua morada pessoal. Kṛṣṇa é tão maravilhoso e atrativo que Ele próprio Se atrai por Sua beleza, e isso é uma prova de que Ele é pleno de todas as potências inconcebíveis. No tocante aos ornamentos de Kṛṣṇa, quando eles decoram Seu corpo, em vez de O embelezarem, eles próprios é que se tornam belos por estarem sobre Seu corpo. Ao postar-Se, curvado de três maneiras, Ele atrai todas as entidades vivas, incluindo os semideuses. Na verdade, atrai até mesmo a forma Nārāyaṇa que preside cada planeta Vaikuṇṭha.