VERSO 11
vadanti tat tattva-vidas
tattvaṁ yaj jñānam advayam
brahmeti paramātmeti
bhagavān iti śabdyate
vadanti — dizem; tat — isto; tattva-vidaḥ — almas eruditas; tattvam — a Verdade Absoluta; yat — que; jñānam — conhecimento; advayam — não-dual; brahma — Brahman; iti — assim; paramātmā — Paramātmā; iti — assim; bhagavān — Bhagavān; iti — assim; śabdyate — é conhecida.
“Transcendentalistas eruditos que conhecem a Verdade Absoluta dizem que Ela é conhecimento não-dual e Se chama Brahman impessoal, Paramātmā localizado e a Personalidade de Deus.”
SIGNIFICADO—Este verso sânscrito é o décimo primeiro que aparece no primeiro canto, segundo capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, onde Sūta Gosvāmī responde às perguntas dos sábios encabeçados por Śaunaka Ṛṣi a respeito da essência de todas as instruções das escrituras. Tattva-vidaḥ refere-se a pessoas que têm conhecimento da Verdade Absoluta. Certamente elas podem entender conhecimento sem dualidades porque estão na plataforma espiritual. A Verdade Absoluta é conhecida ora como Brahman, ora como Paramātmā, ora como Bhagavān. As pessoas que têm conhecimento da verdade sabem que quem tentar aproximar-se do Absoluto pela mera especulação mental finalmente compreenderá o Brahman impessoal, e quem tentar aproximar-se do Absoluto por meio da prática de yoga será capaz de perceber o Paramātmā. No entanto, aquele que possui conhecimento e compreensão espiritual plenos percebe a forma espiritual de Bhagavān, a Personalidade de Deus.
Os devotos da Personalidade de Deus sabem que Śrī Kṛṣṇa, o filho do rei de Vraja, é a Verdade Absoluta. Eles não fazem discriminação entre o nome, a forma, as qualidades e os passatempos de Śrī Kṛṣṇa. Deve-se entender que quem deseja separar o nome, a forma e as qualidades absolutas do Senhor carece de conhecimento absoluto. O devoto puro sabe que, ao cantar o transcendental nome de Kṛṣṇa, Śrī Kṛṣṇa está presente como o som transcendental. Portanto, ele canta com todo respeito e veneração. Ao ver as formas de Śrī Kṛṣṇa, ele não vê nada diferente do Senhor. Alguém que vê de outra maneira deve ser considerado destreinado no conhecimento absoluto. Essa falta de conhecimento absoluto chama-se māyā. Quem não é consciente de Kṛṣṇa é dominado pelo encanto de māyā sob o controle de uma dualidade no conhecimento. Assim como as formas múltiplas de Viṣṇu, o controlador de māyā, são não-duais, da mesma forma, no Absoluto, todas as manifestações do Senhor Supremo são não-duais. Os filósofos empíricos que buscam o Brahman impessoal aceitam apenas o conhecimento de que a personalidade da entidade viva não é diferente da personalidade do Senhor Supremo. Os yogīs místicos que tentam localizar o Paramātmā aceitam apenas o conhecimento de que a alma pura não é diferente da Superalma. Entretanto, o conceito absoluto do devoto puro inclui todos os demais. O devoto vê todas as coisas conforme a relação que elas tenham com Kṛṣṇa, e por isso sua compreensão é a mais perfeita de todas.