VERSO 20
cintāmaṇi-bhūmi, kalpa-vṛkṣa-maya vana
carma-cakṣe dekhe tāre prapañcera sama
cintāmaṇi-bhūmi — a terra de pedra filosofal; kalpa-vṛkṣa-maya — repleta de árvores-dos-desejos; vana — florestas; carma-cakṣe — os olhos materiais; dekhe — veem; tāre — a ela; prapañcera sama — igual à criação material.
Ali, a terra é pedra filosofal [cintāmaṇi], e as florestas estão repletas de árvores-dos-desejos. Os olhos materiais veem-na como um lugar ordinário.
SIGNIFICADO—Pela graça do Senhor, Seus dhāmas e Ele próprio podem estar todos presentes simultaneamente, sem perder sua importância original. Somente quando alguém se desenvolve plenamente em afeição e amor a Deus é que pode ver esses dhāmas em sua aparência original.
Śrīla Narottama Dāsa Ṭhākura, grande ācārya na linha preceptoral do Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu, diz, para nosso benefício, que só poderemos ver perfeitamente os dhāmas quando abandonarmos inteiramente a mentalidade de assenhorearmo-nos da natureza material. A visão espiritual de alguém se desenvolve à medida que ele abandona a mentalidade degradada de desfrutar desnecessariamente da matéria. Uma pessoa que adoece devido a determinado mau hábito deve estar disposta a seguir o conselho do médico, e, como consequência natural, deve esforçar-se por abandonar a causa da doença. O paciente não pode se entregar ao mau hábito e, ao mesmo tempo, ter esperança de que o médico o cure. No entanto, a civilização material moderna mantém uma atmosfera doentia. O ser vivo é uma centelha espiritual, tão espiritual como o próprio Senhor. A única diferença é que o Senhor é grande, e o ser vivo é pequeno. Qualitativamente, eles são iguais, mas, quantitativamente, são diferentes. Portanto, uma vez que o ser vivo é espiritual por constituição, ele só pode ser feliz no céu espiritual, onde há esferas espirituais ilimitadas, chamadas Vaikuṇṭhas. Portanto, um ser espiritual condicionado por um corpo material deve procurar livrar-se de sua doença, ao invés de desenvolver a causa da doença.
Pessoas tolas, absortas em seus recursos materiais, orgulham-se desnecessariamente de ser líderes do povo, mas ignoram o valor espiritual do homem. Tais líderes iludidos fazem planos ao longo de muitos anos, mas não podem fazer a humanidade feliz num estado condicionado pelas três espécies de misérias impostas pela natureza material. Por mais esforço que se faça, não se podem controlar as leis da natureza. Afinal, todos temos que nos sujeitar à morte, a lei derradeira da natureza. Morte, nascimento, velhice e doença são sintomas da condição doentia do ser vivo. Portanto, o objetivo mais elevado da vida humana deve ser livrar-se dessas misérias e voltar ao lar, voltar ao Supremo.