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VERSO 136

eta śuni’ sārvabhauma prabhure puchila
purī-gosāñi śūdra-sevaka kāṅhe ta’ rākhila

eta śuni’ — ouvindo isto; sārvabhauma — Sārvabhauma Bhaṭṭācārya; prabhure — ao Senhor; puchila — perguntou; purī-gosāñi — Īśvara Purī; śūdra-sevaka — um servo que é śūdra; kāṅhe ta’ — por que; rākhila — mantinha.

Após ouvir isso, Sārvabhauma Bhaṭṭācārya perguntou a Śrī Caitanya Mahāprabhu: “Por que Īśvara Purī mantinha um servo oriundo de família de śūdras?”

SIGNIFICADO—Tanto Kāśīśvara quanto Govinda eram servos pessoais de Īśvara Purī. Após o falecimento de Īśvara Purī, Kāśīśvara foi visitar todos os lugares sagrados da Índia. Seguindo as ordens de seu mestre espiritual, Govinda imediatamente buscou o abrigo de Śrī Caitanya Mahāprabhu. Govinda provinha de uma família de śūdras, mas, por ter sido iniciado por Īśvara Purī, com certeza era um brāhmaṇa. Nesta passagem, Sārvabhauma Bhaṭṭācārya pergunta a Śrī Caitanya Mahāprabhu por que Īśvara Purī aceitou um discípulo proveniente de uma família de śūdras. Segundo o smṛti-śāstra, que confere orientações para a administração da instituição varṇāśrama, um brāhmaṇa não pode aceitar um discípulo proveniente de castas menores. Em outras palavras, não se pode aceitar um kṣatriya, um vaiśya ou um śūdra como servo. Ao aceitar tal pessoa, o mestre espiritual fica contaminado. Portanto, Sārvabhauma Bhaṭṭācārya perguntou por que Īśvara Purī aceitou um servo ou discípulo nascido em família de śūdras.

Em resposta a isso, Śrī Caitanya Mahāprabhu disse que Seu mestre espiritual, Īśvara Purī, era dotado de tanto poder que estava no mesmo nível que a Suprema Personalidade de Deus. Sendo assim, Īśvara Purī era o mestre espiritual do mundo inteiro. Ele não estava sujeito a nenhuma regra ou regulamento mundanos. Um mestre espiritual dotado de poder como Īśvara Purī pode conceder sua misericórdia a qualquer pessoa, independentemente de casta ou credo. Em conclusão, um mestre espiritual dotado de poder é autorizado por Kṛṣṇa e deve-se considerá-lo tão bom quanto a própria Suprema Personalidade de Deus. É esse o veredito de Viśvanātha Cakravartī: sākṣād-dharitvena samasta-śāstraiḥ. Um mestre espiritual autorizado é tão bom quanto Hari, a Suprema Personalidade de Deus. Se Hari tem liberdade para agir como bem entenda, o mestre espiritual dotado de poder também tem esta liberdade. Assim como Hari não está sujeito às imposições de regras e regulações mundanas, o mestre espiritual dotado de poder por Ele também não está sujeito a elas. Segundo o Caitanya-caritāmṛta (Antya-līlā 7.11): kṛṣṇa-śakti vinā nahe tāra pravartana. Um mestre espiritual autorizado, a quem Kṛṣṇa deu poderes, tem a potência de propagar as glórias do santo nome do Senhor, pois é o mandatário da Suprema Personalidade de Deus. No mundo mortal, qualquer pessoa munida da procuração de seu patrão pode agir em nome deste. Analogamente, um mestre espiritual a quem, através de seu mestre espiritual fidedigno, Kṛṣṇa dotou de poder deve ser considerado tão bom quanto a própria Suprema Personalidade de Deus. Esse é o significado de sākṣād-dharitvena. Portanto, Śrī Caitanya Mahāprabhu descreve as atividades da Suprema Personalidade de Deus e do mestre espiritual fidedigno da seguinte maneira.

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