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Capítulo Quatorze

Realização dos Passatempos de Vṛndāvana

Vestido de vaiṣṇava, Mahārāja Pratāparudra entrou sozinho no jardim e passou a recitar versos do Śrīmad-Bhāgavatam. Então, aproveitou a oportunidade para massagear os pés de lótus do Senhor. O Senhor, em Seu amor extático por Kṛṣṇa, imediatamente abraçou o rei, outorgando-lhe, assim, Sua misericórdia. Quando houve oferecimento de prasāda no jardim, o Senhor Caitanya também partilhou dela. Depois disso, quando a carruagem Ratha do Senhor Jagannātha parou de mover-se, o rei Pratāparudra mandou que trouxessem muitos elefantes para puxá-la, mas eles não foram exitosos. Ao ver isso, o Senhor Caitanya colocou-Se atrás da carruagem e começou a empurrá-la com Sua cabeça, em vista do que a carruagem começou a se mover. Então, os devotos se puseram a puxar a carruagem com cordas. Perto do templo de Guṇḍicā, há um local conhecido como Āiṭoṭā. Esse local foi preparado para receber Śrī Caitanya Mahāprabhu a fim de que Ele repousasse ali. Quando o Senhor Jagannātha chegou a Sundarācala, Śrī Caitanya Mahāprabhu a viu como Vṛndāvana. Ele desempenhou passatempos divertidos na água do lago conhecido como Indradyumna. Por nove dias consecutivos, durante o Ratha-yātrā, o Senhor permaneceu em Jagannātha Purī, e, no quinto dia, Ele e Svarūpa Dāmodara assistiram aos passatempos de Lakṣmī, a deusa da fortuna. Durante essa época, havia muita conversa sobre os passatempos das gopīs. Quando o ratha foi novamente puxado e retomou-se o canto, solicitou-se a dois devotos de Kulīna-grāma – Rāmānanda Vasu e Satyarāja Khān – que trouxessem cordas de seda todo ano para a cerimônia de Ratha-yātrā.

VERSO 1: Acompanhado de Seus devotos pessoais, Śrī Caitanya Mahāprabhu foi para o festival conhecido como Lakṣmī-vijayotsava. Ali, conversou sobre o amor sobre-excelente das gopīs. Só por ouvir sobre elas, Ele ficou muito satisfeito e dançou em grande êxtase de amor a Deus.

VERSO 2: Todas as glórias a Śrī Caitanya Mahāprabhu, conhecido como Gauracandra! Todas as glórias ao Senhor Nityānanda Prabhu! Todas as glórias a Advaita Ācārya, que é tão elevado!

VERSO 3: Todas as glórias a todos os devotos, encabeçados por Śrīvāsa Ṭhākura! Todas as glórias aos leitores que aceitaram Śrī Caitanya Mahāprabhu como sua vida e alma.

VERSO 4: Enquanto Śrī Caitanya Mahāprabhu descansava em amor extático, Mahārāja Pratāparudra entrou no jardim.

VERSO 5: Seguindo as instruções de Sārvabhauma Bhaṭṭācārya, o rei se desfizera de seu traje real. Agora, entrava no jardim vestido de vaiṣṇava.

VERSO 6: Mahārāja Pratāparudra era tão humilde que, de mãos postas, primeiro pediu permissão a todos os devotos. Então, com muita coragem, jogou-se ao chão e tocou os pés de lótus do Senhor.

VERSO 7: Śrī Caitanya Mahāprabhu encontrava-Se deitado em uma plataforma elevada, com Seus olhos fechados e absorto em amor extático e tomado de emoção. Foi nessa ocasião em que o rei se colocou a massagear-Lhe as pernas muito habilmente.

VERSO 8: O rei se colocou a recitar versos do Śrīmad-Bhāgavatam sobre a rāsa-līlā. Recitou o capítulo que começa com as palavras “jayati te ’dhikam”.

VERSO 9: Ao ouvir esses versos, Śrī Caitanya Mahāprabhu sentiu satisfação além de quaisquer limites, e dizia repetidas vezes: “Continua recitando, continua recitando.”

VERSO 10: Tão logo o rei recitou o verso que começa com as palavras “tava kathāmṛtam”, o Senhor levantou-Se em êxtase de amor e abraçou o rei.

VERSO 11: Ao ouvir os versos recitados pelo rei, Śrī Caitanya Mahāprabhu disse: “Tu Me presenteaste com joias inestimáveis, mas nada tenho para dar-te em troca. Por isso, vou simplesmente abraçar-te.”

VERSO 12: Após dizer isto, Śrī Caitanya Mahāprabhu colocou-Se a recitar o mesmo verso repetidas vezes. Tanto o rei quanto Śrī Caitanya Mahāprabhu tremiam, e lágrimas caíam de seus olhos.

VERSO 13: “Meu Senhor, o néctar de Vossas palavras e as descrições de Vossas atividades são a vida e alma daqueles que vivem aflitos neste mundo material. Personalidades gloriosas transmitem essas narrações, as quais erradicam todas as reações pecaminosas. Quem quer que ouça essas narrações, que são difundidas por todo o mundo e são cheias de poder espiritual, alcança toda a boa fortuna. Aqueles que propagam a mensagem de Deus são certamente os mais munificentes trabalhadores para o bem-estar de todos os seres vivos.”

VERSO 14: Logo após ouvir a recitação deste verso, Śrī Caitanya Mahāprabhu abraçou o recitador, o rei Pratāparudra, e bradou: “És o mais munificente! És o mais munificente!” Nesse momento, Śrī Caitanya Mahāprabhu nem mesmo sabia quem era o rei.

VERSO 15: A misericórdia de Śrī Caitanya Mahāprabhu foi desperta devido ao serviço anterior do rei. Logo, sem nem mesmo perguntar quem ele era, o Senhor imediatamente lhe outorgou Sua misericórdia.

VERSO 16: Quão poderosa é a misericórdia de Śrī Caitanya Mahāprabhu! Sem nem mesmo indagar acerca do rei, o Senhor tornou tudo exitoso.

VERSO 17: Por fim, Śrī Caitanya Mahāprabhu disse: “Quem és tu? Fizeste tanto por Mim. De repente, apareceste diante de Mim e fizeste-Me beber o néctar dos passatempos do Senhor Kṛṣṇa.”

VERSO 18: O rei respondeu: “Meu Senhor, sou o mais obediente servo de Teus servos. Tudo o que ambiciono é que me aceites como o servo de Teus servos.”

VERSO 19: Nesse momento, Śrī Caitanya Mahāprabhu manifestou ao rei algumas de Suas opulências divinas, mas proibiu-o de revelar isso a quem quer que fosse.

VERSO 20: Embora, dentro de Seu coração, Caitanya Mahāprabhu soubesse de tudo o que acontecia, Ele não revelava isso externamente. Tampouco revelou que sabia que estava falando com o rei Pratāparudra.

VERSO 21: Vendo a misericórdia especial do Senhor para com o rei Pratāparudra, os devotos louvaram a fortuna do rei, e suas mentes se tornaram generosas e bem-aventuradas.

VERSO 22: Submissamente oferecendo, de mãos postas, orações aos devotos e prestando reverências a Śrī Caitanya Mahāprabhu, o rei saiu.

VERSO 23: Depois disso, Vāṇīnātha Rāya trouxe todas as classes de prasāda, e Śrī Caitanya Mahāprabhu almoçou com os devotos.

VERSO 24: O rei também enviou uma grande quantidade de prasāda por meio de Sārvabhauma Bhaṭṭācārya, Rāmānanda Rāya e Vāṇīnātha Rāya.

VERSO 25: A prasāda enviada pelo rei fora oferecida no festival de Balagaṇḍi, e incluía produtos lácteos não cozidos e frutas. Tudo era da mais fina qualidade, e havia um sem-fim de variedades.

VERSO 26: Havia coalhada, suco de fruta, coco, manga, coco seco, jaca, diversas categorias de banana e sementes da fruta da palmeira.

VERSO 27: Havia também laranjas, toranjas, tangerinas, amêndoas, frutas secas, passas e tâmaras.

VERSO 28: Havia centenas de variadas espécies de doces, como manoharā-lāḍu, doces como amṛta-guṭikā e diversas qualidades de leite condensado.

VERSO 29: Havia também mamões e saravatī, um tipo de laranja, e também abóbora batida. Havia creme simples, creme frito e uma espécie de purī feito com creme.

VERSO 30: Havia também doces conhecidos como hari-vallabha e doces feitos de flores seṅoti, flores karpūra e flores mālatī. Havia romãs, doces feitos com pimenta-do-reino, doces feitos com açúcar queimado e amṛti-jilipi.

VERSO 31: Havia açúcar de flor de lótus, uma espécie de pão feito de urad dhal, doces crocantes, açúcar-cande, doces de arroz frito, doces de sementes de gergelim e biscoitos feitos de sementes de gergelim.

VERSO 32: Havia doces apresentados no formato de laranjas, limões e mangas juntamente com frutas, flores e folhas, doces estes feitos com açúcar cristalizado.

VERSO 33: Havia iogurte, leite, manteiga, leitelho, suco de frutas, uma preparação feita de iogurte frito e açúcar-cande e brotos salgados de mung-dhal com gengibre picado.

VERSO 34: Também havia diversos tipos de picles – picles de limão, de amoras silvestres e assim por diante. Na verdade, sou incapaz de descrever as variadas preparações oferecidas ao Senhor Jagannātha.

VERSO 35: Ao ver metade do jardim repleta de grande variedade de prasāda, Śrī Caitanya Mahāprabhu ficou muito satisfeito.

VERSO 36: Na verdade, só de ver como o Senhor Jagannātha aceitou todo o alimento, Śrī Caitanya Mahāprabhu ficou plenamente satisfeito.

VERSO 37: Foi então que chegaram ali cinco ou sete carregamentos de pratos feitos de folhas da árvore ketakī. Cada pessoa recebeu dez desses pratos, e, desse modo, as preparações foram servidas.

VERSO 38: Śrī Caitanya Mahāprabhu pôde perceber o esforço de todos os cantores de kīrtana; por isso, era Seu desejo alimentá-los suntuosamente.

VERSO 39: Todos os devotos sentaram-se em filas, e o próprio Śrī Caitanya Mahāprabhu começou a distribuir a prasāda.

VERSO 40: No entanto, aos devotos não era possível aceitar a prasāda a menos que Caitanya Mahāprabhu primeiro a tomasse. Svarūpa Gosvāmī, então, informou isso ao Senhor.

VERSO 41: Svarūpa Dāmodara disse: “Meu Senhor, por favor, senta-Te. Ninguém comerá antes de que comeces a fazê-lo.”

VERSO 42: Nesse momento, Śrī Caitanya Mahāprabhu sentou-Se com Seus associados pessoais e alimentou todos eles muito suntuosamente, até ficarem cheios por completo.

VERSO 43: Após terminar, o Senhor lavou a boca e Se sentou. Sobrou tanta prasāda que a mesma foi distribuída entre milhares de pessoas.

VERSO 44: Obedecendo às ordens de Śrī Caitanya Mahāprabhu; Govinda, Seu servo pessoal, mandou chamar todos os pobres mendigos, que se sentiam infelizes devido à sua pobreza, e alimentou-os suntuosamente.

VERSO 45: Observando os mendigos comerem prasāda, Śrī Caitanya Mahāprabhu cantou: “Haribol!” e instruiu-lhes a cantar o santo nome.

VERSO 46: Tão logo cantaram o santo nome, “Haribol”, os mendigos ficaram absortos em amor extático por Deus. Dessa maneira, Śrī Caitanya Mahāprabhu realizava passatempos maravilhosos.

VERSO 47: Fora do jardim, chegado o momento de a carruagem de Jagannātha ser puxada, todos os trabalhadores chamados gauḍas tentaram puxá-la, mas a carruagem não se moveu.

VERSO 48: Ao verem que não podiam fazer a carruagem mover-se, os gauḍas desistiram da ideia. Então, o rei, acompanhado por seus funcionários e amigos, chegou demonstrando grande ansiedade.

VERSO 49: Então, o rei convocou lutadores avantajados para tentarem puxar a carruagem, sendo que o próprio rei se aliou ao grupo, mas, mesmo assim, a carruagem não se mexeu.

VERSO 50: Ficando ainda mais ansioso por mover a carruagem, o rei solicitou que trouxessem elefantes muito fortes para atrelá-los à carruagem.

VERSO 51: Os fortes elefantes puxaram com toda a sua força, apesar do que a carruagem permaneceu parada, não se movendo nem um centímetro.

VERSO 52: Tão logo ficou sabendo disso, Śrī Caitanya Mahāprabhu dirigiu-Se para aquele local com todos os Seus associados pessoais. Então, ficaram ali de pé, olhando os elefantes tentarem puxar a carruagem.

VERSO 53: Açoitados por seus domadores, os elefantes berravam, mas a carruagem seguia imóvel. O povo reunido exclamou: “Oh!”

VERSO 54: Nesse momento, Śrī Caitanya Mahāprabhu soltou todos os elefantes e deixou que partissem, passando as cordas da carruagem para as mãos de Seus próprios homens.

VERSO 55: Então, Śrī Caitanya Mahāprabhu colocou-Se atrás da carruagem e passou a empurrá-la com Sua cabeça. Foi então que a carruagem começou a mover-se e arrastar-se pela estrada, emitindo um matraquear alto.

VERSO 56: Na verdade, daí em diante, a carruagem movia-se automaticamente, e os devotos só faziam carregar a corda em suas mãos. Uma vez que ela se movia sem a necessidade de nenhuma força externa, não havia motivo para puxá-la.

VERSO 57: Quando a carruagem seguiu adiante, todos se puseram a cantar com muito prazer: “Todas as glórias! Todas as glórias!” e “Todas as glórias ao Senhor Jagannātha!” Ninguém podia ouvir nenhuma outra coisa.

VERSO 58: Em um instante, a carruagem chegou à porta do templo de Guṇḍicā. Ao verem a força incomum de Śrī Caitanya Mahāprabhu, todas as pessoas ficaram admiradas.

VERSO 59: A multidão fez uma vibração tumultuosa, cantando: “Jaya Gauracandra! Jaya Śrī Kṛṣṇa Caitanya!” Então, o povo se colocou a entoar: “Maravilhoso! Maravilhoso!”

VERSO 60: Ao verem a grandeza de Śrī Caitanya Mahāprabhu, Pratāparudra Mahārāja e seus ministros e amigos ficaram tão embevecidos em amor extático que ficaram com os cabelos arrepiados.

VERSO 61: Todos os servos do Senhor Jagannātha tiraram-nO, então, da carruagem, e o Senhor foi sentar-Se em Seu trono.

VERSO 62: Subhadrā e Balarāma também Se sentaram em Seus respectivos tronos. Seguiu-se, então, o banho do Senhor Jagannātha e, finalmente, a oferenda de alimentos.

VERSO 63: Enquanto o Senhor Jagannātha, o Senhor Balarāma e Subhadrā sentavam-Se em Seus respectivos tronos, Śrī Caitanya Mahāprabhu e Seus devotos puseram-se a realizar saṅkīrtana com muito prazer, cantando e dançando no pátio do templo.

VERSO 64: Enquanto cantava e dançava, Śrī Caitanya Mahāprabhu ficou arrebatado de amor extático, e todas as pessoas que O viram também mergulharam no oceano de amor a Deus.

VERSO 65: À noite, após terminar Sua dança no pátio do templo de Guṇḍicā, o Senhor participou da cerimônia de ārati. Em seguida, dirigiu-Se ao local conhecido como Āiṭoṭā, onde pernoitou.

VERSO 66: Nove devotos principais, encabeçados por Advaita Ācārya, tiveram, por nove dias, a oportunidade de convidar o Senhor às suas respectivas casas.

VERSO 67: Durante os quatro meses da estação das chuvas, os demais devotos fizeram convites ao Senhor, um para cada dia. Dessa maneira, compartilharam convites.

VERSO 68: Nesse período de quatro meses, todos os devotos importantes compartilharam entre si os convites cotidianos. O restante dos devotos não teve a oportunidade de convidar o Senhor.

VERSO 69: Já que nem todos os devotos tiveram a oportunidade de receberem, sozinhos, o Senhor por um dia; dois ou três devotos combinavam-se e faziam um convite. Esses são os passatempos em que o Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu aceita convites.

VERSO 70: Após tomar Seu banho de madrugada, Śrī Caitanya Mahāprabhu ia ver o Senhor Jagannātha no templo. Então, realizava saṅkīrtana com Seus devotos.

Text 71: Ao cantar e dançar, Śrī Caitanya Mahāprabhu induzia Advaita Ācārya a dançar. Às vezes, Ele induzia Nityānanda, Haridāsa Ṭhākura e Acyutānanda a dançarem.

VERSO 72: Às vezes, Śrī Caitanya Mahāprabhu ocupava Vakreśvara e outros devotos em cantar e dançar. Três vezes por dia – de manhã, à tarde e à noite –, realizava saṅkīrtana no pátio do templo de Guṇḍicā.

VERSO 73: Nessa ocasião, Śrī Caitanya Mahāprabhu sentia que o Senhor Kṛṣṇa retornara a Vṛndāvana. Absorto nesse pensamento, Seus sentimentos de saudade por Kṛṣṇa aquietavam-se.

VERSO 74: Śrī Caitanya Mahāprabhu estava sempre pensando nos passatempos de Rādhā e Kṛṣṇa, e permanecia pessoalmente mergulhado nessa consciência.

VERSO 75: Havia muitos jardins perto do templo de Guṇḍicā, e Śrī Caitanya Mahāprabhu e Seus devotos costumavam realizar os passatempos de Vṛndāvana em cada um deles. No lago chamado Indradyumna, Ele divertia-Se na água.

VERSO 76: O Senhor pessoalmente jogava água em todos os devotos, e esses, cercando-O por todos os lados, também jogavam água no Senhor.

VERSO 77: Enquanto na água, eles ora formavam um círculo, ora formavam muitos círculos. E também na água, costumavam tocar címbalos e imitar o coaxar das rãs.

VERSO 78: Às vezes, separavam-se aos pares para lutarem na água. Um saía vitorioso, e o outro, derrotado, e o Senhor assistia a toda essa brincadeira.

VERSO 79: O primeiro confronto deu-se entre Advaita Ācārya e Nityānanda Prabhu, que atiravam água um no outro. Advaita Ācārya foi derrotado e, mais tarde, começou a censurar Nityānanda Prabhu xingando-O.

VERSO 80: Svarūpa Dāmodara e Vidyānidhi também atiraram água um no outro, e Murāri Gupta e Vāsudeva Datta também se divertiram dessa maneira.

VERSO 81: Outro duelo aconteceu entre Śrīvāsa Ṭhākura e Gadādhara Paṇḍita, e ainda outro entre Rāghava Paṇḍita e Vakreśvara Paṇḍita. Assim, todos eles se ocuparam em jogar água.

VERSO 82: De fato, Sārvabhauma Bhaṭṭācārya se entreteve na água com Śrī Rāmānanda Rāya, e ambos, esquecendo sua gravidade, tornaram-se como crianças.

VERSO 83: Ao ver o ânimo de Sārvabhauma Bhaṭṭācārya e de Rāmānanda Rāya, Śrī Caitanya Mahāprabhu sorriu e falou com Gopīnātha Ācārya.

VERSO 84: “Dize ao Bhaṭṭācārya e a Rāmānanda Rāya que parem com sua brincadeira infantil, pois eles são estudiosos eruditos e personalidades importantes e graves.”

VERSO 85: Gopīnātha Ācārya respondeu: “Creio que uma gota do oceano de Tua grande misericórdia avolumou-se sobre eles.”

VERSO 86: “Uma gota do oceano de Tua misericórdia pode submergir grandes montanhas como os montes Sumeru e Mandara. Considerando-se que, se formos fazer uma comparação, esses dois cavalheiros se assemelharão a pequenas colinas, não é de se admirar que estejam submersos no oceano de Tua misericórdia.”

VERSO 87: “A lógica é como uma torta de linhaça da qual se extraiu todo o óleo. O Bhaṭṭācārya passou sua vida comendo tais tortas secas, mas agora fizeste com que ele bebesse o néctar dos passatempos transcendentais. Por certo que isso se deve à Tua grande misericórdia para com ele.”

VERSO 88: Após Gopīnātha Ācārya terminar de falar, Śrī Caitanya Mahāprabhu sorriu e, mandando chamar Advaita Ācārya, fez com que Ele agisse como se fosse a cama Śeṣa Nāga.

VERSO 89: Deitando-se sobre Advaita Prabhu, que flutuava na água, Śrī Caitanya Mahāprabhu demonstrou o passatempo de Śeṣaśāyī Viṣṇu.

VERSO 90: Manifestando Sua potência pessoal, Advaita Ācārya flutuou sobre a água transportando Śrī Caitanya Mahāprabhu.

VERSO 91: Após divertir-Se na água por algum tempo, Śrī Caitanya Mahāprabhu, acompanhado por Seus devotos, voltou à Sua residência em Āiṭoṭā.

VERSO 92: Paramānanda Purī, Brahmānanda Bhāratī e todos os outros principais devotos de Śrī Caitanya Mahāprabhu almoçaram a convite de Advaita Ācārya.

VERSO 93: Toda a prasāda excedente trazida por Vāṇīnātha Rāya foi tomada pelos outros associados de Śrī Caitanya Mahāprabhu.

VERSO 94: À tarde, o Senhor foi ao templo de Guṇḍicā para visitar o Senhor e dançar. À noite, descansou no jardim.

VERSO 95: No dia seguinte, Śrī Caitanya Mahāprabhu retoronou ao templo de Guṇḍicā e viu o Senhor. Então, cantou e dançou no pátio por algum tempo.

VERSO 96: Acompanhado por Seus devotos, Śrī Caitanya Mahāprabhu entrou então no jardim e desfrutou dos passatempos de Vṛndāvana.

VERSO 97: Havia múltiplas árvores e trepadeiras no jardim, e todas elas se rejubilavam ao verem Śrī Caitanya Mahāprabhu. Na verdade, os pássaros gorjeavam, as abelhas zumbiam e brisas refrescantes sopravam.

VERSO 98: Vāsudeva Datta cantava sozinho enquanto Śrī Caitanya Mahāprabhu dançava debaixo de cada árvore.

VERSO 99: Enquanto Vāsudeva Datta cantava uma canção diferente embaixo de toda e cada árvore, Śrī Caitanya Mahāprabhu dançava ali sozinho e em grande êxtase.

VERSO 100: Então, Śrī Caitanya Mahāprabhu ordenou que Vakreśvara Paṇḍita dançasse, e, tão logo este começou a dançar, o Senhor colocou-Se a cantar.

VERSO 101: Então, devotos como Svarūpa Dāmodara e outros realizadores de kīrtana passaram a cantar juntamente com Śrī Caitanya Mahāprabhu. Imersos em amor extático, eles se esqueceram do tempo e das circunstâncias.

VERSO 102: Dessa maneira, após realizarem passatempos no jardim durante algum tempo, todos se dirigiram a um lago chamado Narendra-sarovara, em cuja água se divertiram.

VERSO 103: Depois de Se divertir na água, Śrī Caitanya Mahāprabhu voltou ao jardim e tomou prasāda com os devotos.

VERSO 104: Por nove dias seguidos, Sua Onipotência Śrī Jagannātha-deva permaneceu no templo de Guṇḍicā. Śrī Caitanya Mahāprabhu também permaneceu ali durante esse período e realizou com Seus devotos os passatempos que já foram descritos.

VERSO 105: O jardim de Seus passatempos era muito amplo e chamava-se Jagannātha-vallabha. Śrī Caitanya Mahāprabhu descansou ali por nove dias.

VERSO 106: Sabendo que o festival de Herā-pañcamī aproximava-se, o rei Pratāparudra atenciosamente conversou com Kāśī Miśra.

VERSO 107: “Amanhã será a cerimônia de Herā-pañcamī, ou Lakṣmī-vijaya. Faze com que este seja o festival mais bem comemorado dentre tantos quantos já houve.”

VERSO 108: O rei Pratāparudra disse: “Organiza este festival de maneira tão pomposa que, ao vê-lo, Caitanya Mahāprabhu fique plenamente satisfeito e admirado.”

VERSO 109: “Leva tantos panos estampados, sininhos, sombrinhas e cāmaras quantos haja em meu depósito e no estoque da Deidade.”

VERSO 110: “Junta todas as espécies de bandeiras pequenas e grandes e todas as espécies de sininhos. Então, decora o palanquim e forma diversos grupos de música e dança para acompanharem-no. Dessa maneira, deixa o portador muito bem decorado.”

VERSO 111: “Também deves duplicar a quantidade de prasāda. Faze-a em tamanha grandeza que até mesmo supere o festival de Ratha-yātrā.”

VERSO 112: “Organiza o festival de tal forma que Śrī Caitanya Mahāprabhu possa ir livremente com Seus devotos visitar a Deidade, sem contratempos.”

VERSO 113: De manhã, Śrī Caitanya Mahāprabhu levou consigo Seus associados pessoais e foi ver o Senhor Jagannātha em Sundarācala.

VERSO 114: Śrī Caitanya Mahāprabhu e Seus devotos pessoais voltaram para Nīlācala ávidos para ver o festival de Herā-pañcamī.

VERSO 115: Kāśī Miśra recebeu Caitanya Mahāprabhu com muito respeito e, levando o Senhor e Seus associados a um lugar muito agradável, conseguiu assentos para eles.

VERSO 116: Após sentar-Se, Śrī Caitanya Mahāprabhu quis ouvir sobre uma determinada doçura do serviço devocional; portanto, com um sorriso discreto, colocou-Se a interrogar Svarūpa Dāmodara.

VERSOS 117-118: “Embora o Senhor Jagannātha desfrute de Seus passatempos em Dvārakā-dhāma e naturalmente manifeste ali Sua sublime munificência; não obstante, uma vez ao ano, assoma-Lhe o desejo ilimitado de ver Vṛndāvana.”

VERSO 119: Chamando a atenção para os jardins vizinhos, Śrī Caitanya Mahāprabhu disse: “Todos estes jardins assemelham-se exatamente a Vṛndāvana; por isso, o Senhor Jagannātha está muito ansioso por revê-los.”

VERSO 120: “Externamente, Ele apresenta a desculpa de querer participar do festival de Ratha-yātrā, mas o que Ele realmente deseja é sair de Jagannātha Purī para ir a Sundarācala, o templo de Guṇḍicā, uma réplica de Vṛndāvana.”

VERSO 121: “Ali, o Senhor desfruta de Seus passatempos dia e noite em diversos jardins floridos. Mas por que Ele não levou conSigo Lakṣmīdevī, a deusa da fortuna?”

VERSO 122: Svarūpa Dāmodara respondeu: “Meu querido Senhor, por favor, ouve o porquê disto. Lakṣmīdevī, a deusa da fortuna, não é admitida nos passatempos de Vṛndāvana.”

VERSO 123: “Nos passatempos de Vṛndāvana, as únicas assistentes são as gopīs. Com exceção das gopīs, ninguém pode atrair a mente de Kṛṣṇa.”

VERSO 124: O Senhor disse: “Usando o festival das carruagens como desculpa, Kṛṣṇa vai até lá com Subhadrā e Baladeva.”

VERSO 125: “Todos os passatempos com as gopīs que acontecem nesses jardins são êxtases muito íntimos do Senhor Kṛṣṇa. Ninguém os conhece.”

VERSO 126: “Uma vez que não há nenhum vestígio de imperfeição nos passatempos de Kṛṣṇa, por que a deusa da fortuna fica irada?”

VERSO 127: Svarūpa Dāmodara respondeu: “É da natureza de uma jovem dominada pelo amor ficar imediatamente enfurecida ao sentir-se rejeitada por seu amante.”

VERSO 128: Enquanto Svarūpa Dāmodara e Śrī Caitanya Mahāprabhu conversavam, a procissão da deusa da fortuna aproximou-se. Ela passeava sobre um palanquim dourado carregado por quatro homens e decorado com vários tipos de joias.

VERSO 129: O palanquim também estava rodeado de pessoas que levavam sombrinhas, abanos cāmara e bandeiras, e, à sua frente, seguiam músicos e dançarinas.

VERSO 130: As criadas carregavam jarras d’água, abanos cāmara e caixas com nozes de bétel. Havia centenas de criadas, todas belamente vestidas e portando colares preciosos.

VERSO 131: Tomada de ira, a deusa da fortuna chegou ao portão principal do templo acompanhada por muitos membros de sua família, todos os quais apresentavam uma opulência incomum.

VERSO 132: Ao chegar a procissão, as criadas da deusa da fortuna puseram-se a deter todos os principais servos do Senhor Jagannātha.

VERSO 133: As criadas ataram os servos de Jagannātha, algemaram-nos e fizeram-nos cair aos pés de lótus da deusa da fortuna. Deveras, eles foram apreendidos exatamente como ladrões cujas riquezas são confiscadas.

VERSO 134: Ao caírem aos pés de lótus da deusa da fortuna, os servos ficam quase inconscientes. Eles são castigados e servem de chacota e falatório.

VERSO 135: Ao verem tamanha falta de cabimento manifestada pelas criadas da deusa da fortuna, os associados de Śrī Caitanya Mahāprabhu cobriram os rostos com as mãos e puseram-se a rir.

VERSO 136: Svarūpa Dāmodara disse: “Dentro dos três mundos, não há nenhum orgulho tão egoísta quanto este. Eu, ao menos, jamais vi ou ouvi falar de algo assim.”

VERSO 137: “Ao sentir-se rejeitada e decepcionada, a mulher, por orgulho egoísta, esquece seus adornos e, cheia de melancolia, senta-se no chão, riscando-o com suas unhas.”

VERSO 138: “Ouvi dizer dessa espécie de orgulho em Satyabhāmā, que, dentre todas as rainhas de Kṛṣṇa, era a mais orgulhosa, e também tomei conhecimento desse orgulho nas gopīs de Vṛndāvana, que são os reservatórios de todas as doçuras transcendentais.”

VERSO 139: “Porém, no caso da deusa da fortuna, vejo que há uma forma diferente de orgulho. Ela manifesta suas próprias opulências e chega ao ponto de atacar seu esposo com seus soldados.”

VERSO 140: Śrī Caitanya Mahāprabhu disse: “Por favor, narra para Mim os diversos tipos de orgulho egoísta manifestos em Vṛndāvana.”

VERSO 141: “As características do amor e as maneiras de amar diferem em cada mulher. Sua ira provocada pelo ciúme também assume diversas qualidades e variedades.”

VERSO 142: “Não é possível fazer uma afirmação definitiva sobre as diferentes espécies de ira provocadas pelo ciúme manifestas pelas gopīs, mas alguns princípios podem servir como referência.”

VERSO 143: “Existem três classes de mulheres que experimentam ira decorrente do ciúme: mulheres sóbrias, mulheres inquietas e mulheres tanto inquieta quanto sóbrias.”

VERSO 144: “Tão logo uma heroína sóbria vê à distância que seu herói se aproxima, ela se levanta para recebê-lo. Ao chegar junto dela, ela imediatamente lhe oferece um lugar para sentar-se.”

VERSO 145: “A heroína sóbria não deixa transparecer a ira que está dentro de seu coração, e fala palavras doces externamente. Ao ser abraçada pelo amante, ela também retribui o abraço.”

VERSO 146: “A heroína sóbria comporta-se com muita simplicidade. Ela deixa guardada em seu coração a ira decorrente de seu ciúme, mas, com palavras meigas e com sorrisos, rechaça as abordagens de seu amante.”

VERSO 147: “Em contraste, a heroína inquieta às vezes maltrata seu amante com palavras cruéis, às vezes puxa sua orelha e, outras vezes, amarra-o com uma guirlanda de flores.”

VERSO 148: “A heroína que é uma combinação de sobriedade e inquietude sempre joga com palavras ambíguas: às vezes louva seu amante, às vezes lhe diz blasfêmias e, algumas vezes, mostra-se indiferente.”

VERSO 149: “Pode-se também classificar as heroínas como enamoradas, intermediárias e descaradas. A heroína enamorada pouco conhece sobre as sutis complexidades da ira decorrente do ciúme.”

VERSO 150: “A heroína enamorada simplesmente cobre seu rosto e continua chorando. Ao ouvir doces palavras de seu amado, fica muito satisfeita.”

VERSO 151: “Pode-se classificar tanto as heroínas intermediárias quanto as descaradas como sóbrias, inquietas e tanto sóbrias quanto inquietas ao mesmo tempo. Ainda é possível classificar todas as suas características em três divisões.”

VERSO 152: “Algumas são muito tagarelas, algumas meigas e algumas equânimes. De acordo com seu caráter específico, cada heroína intensifica o êxtase amoroso de Śrī Kṛṣṇa.”

VERSO 153: “Embora algumas das gopīs sejam tagarelas, algumas meigas e algumas equânimes, todas elas são transcendentais e sem defeitos. Com suas características ímpares, elas agradam Kṛṣṇa.”

VERSO 154: Ao ouvir essas descrições, Śrī Caitanya Mahāprabhu sentia felicidade ilimitada e pedia repetidamente a Svarūpa Dāmodara que continuasse falando.

VERSO 155: Dāmodara Gosvāmī disse: “Kṛṣṇa é o senhor de todas as doçuras transcendentais. É Ele quem saboreia as doçuras transcendentais, e Seu corpo é constituído de bem-aventurança transcendental.”

VERSO 156: “Kṛṣṇa é pleno de amor extático e sempre subordinado ao amor de Seus devotos. As gopīs entendem muito de amor puro e de reciprocidade de doçuras transcendentais.”

VERSO 157: “O amor das gopīs é inadulterado e perfeito, daí elas darem a Kṛṣṇa o prazer máximo.”

VERSO 158: “‘O Senhor Śrī Kṛṣṇa, que é a Verdade Absoluta, gozou de Sua dança da rāsa noite após noite durante o outono. Ele realizou essa dança ao luar e com doçuras transcendentais plenas. Ele usava palavras poéticas e estava rodeado de mulheres que se sentiam muito atraídas por Ele.’”

VERSO 159: “Pode-se dividir as gopīs em duas alas – a esquerda e a direita. Ambas as alas induzem Kṛṣṇa a saborear doçuras transcendentais por intermédio de diversas manifestações de amor extático.”

VERSO 160: “De todas as gopīs, Śrīmatī Rādhārāṇī é a principal. Ela é uma mina das pedras preciosas do amor extático e a fonte de todas as doçuras conjugais transcendentes e purificadas.”

VERSO 161: “Rādhārāṇī é ajuizada e tem caráter equânime. Ela está sempre profundamente absorta em amor extático e sempre Se sente identificada como uma gopī da ala esquerda.”

VERSO 162: “Por ser uma gopī da ala esquerda, Sua ira feminina está sempre acesa, mas Kṛṣṇa obtém prazer transcendental a partir das atividades dEla.”

VERSO 163: “‘O transcorrer das trocas amorosas entre jovens casais é tortuoso por natureza, como o movimento de uma serpente. Desse modo, surgem duas classes de ira entre jovens casais – ira com uma causa e ira sem causa.’”

VERSO 164: Quando Śrī Caitanya Mahāprabhu ouviu estas conversas, Seu oceano de bem-aventurança transcendental cresceu. Portanto, Ele disse a Svarūpa Dāmodara: “Continua falando, continua falando”, de modo que Svarūpa Dāmodara continuou.

VERSO 165: “O amor de Śrīmatī Rādhārāṇī é um êxtase muito avançado. Todas as atitudes dEla são inteiramente puras e destituídas de qualquer vestígio material. Com efeito, Seus relacionamentos são de uma pureza dez vezes superior à do ouro.”

VERSO 166: “Basta Rādhārāṇī ter a oportunidade de ver Kṛṣṇa para diversos ornamentos extáticos subitamente decorarem Seu corpo.”

VERSO 167: “Os ornamentos transcendentais do corpo de Śrīmatī Rādhārāṇī incluem os oito sāttvikas, ou sintomas transcendentais, os trinta e três vyabhicārī-bhāvas, a começar por harṣa, ou júbilo em amor natural, e os vinte bhāvas, ou ornamentos emocionais extáticos.”

VERSO 168: “Alguns dos sintomas explicados detidamente nos versos seguintes são kila-kiñcita, kuṭṭamita, vilāsa, lalita, vivvoka, moṭṭāyita, maugdhya e cakita.”

VERSO 169: “Quando o corpo de Śrīmatī Rādhārāṇī manifesta os ornamentos de muitos sintomas extáticos, o oceano da felicidade de Kṛṣṇa imediatamente apresenta ondas transcendentais.”

VERSO 170: “Agora, atentai para a descrição de diferentes êxtases, começando com kila-kiñcita. Com estes ornamentos extáticos, Śrīmatī Rādhārāṇī encanta a mente de Kṛṣṇa.”

VERSO 171: “Ao ver Śrīmatī Rādhārāṇī e desejar tocar em Seu corpo, Śrī Kṛṣṇa proíbe-A de ir ao local de onde se pode atravessar o rio Yamunā.”

VERSO 172: “Aproximando-Se dEla, Kṛṣṇa proíbe Śrīmatī Rādhārāṇī de colher flores. Há também a possibilidade de que Ele A toque em frente a Suas amigas.”

VERSO 173: “São nesses momentos em que se despertam os sintomas extáticos de kila-kiñcita. Em primeiro lugar, manifesta-se o júbilo em amor extático, que é a causa primordial desses sintomas.”

VERSO 174: “‘Orgulho, ambição, choro, sorriso, inveja, temor e ira são os sete extáticos sintomas amorosos manifestos por um jubilante retraimento, e esses sintomas chamam-se kila-kiñcita-bhāva.’”

VERSO 175: “Existem outros sete sintomas extáticos transcendentais, e, quando esses se combinam na plataforma do júbilo, a combinação se chama mahā-bhāva.”

VERSO 176: “Os sete ingredientes combinados de mahā-bhāva são orgulho, ambição, temor, choro seco e artificial, ira, inveja e sorriso meigo.”

VERSO 177: “Na plataforma de júbilo transcendental, existem oito sintomas de amor extático, os quais, ao combinarem-se e serem saboreados por Kṛṣṇa, deixam Sua mente inteiramente satisfeita.”

VERSO 178: “Na verdade, eles são comparados a uma combinação de iogurte, açúcar-cande, ghī, mel, pimenta-do-reino, cânfora e cardamomo, que, ao combinarem-se, são muito saborosos e doces.”

VERSO 179: “O Senhor Śrī Kṛṣṇa fica muitos milhares de vezes mais satisfeito ao ver o rosto de Śrīmatī Rādhārāṇī iluminado por esta combinação de amor extático do que fica ao unir-Se diretamente a Ela.”

VERSO 180: “‘Que a visão do êxtase kila-kiñcita de Śrīmatī Rādhārāṇī, que é como um ramalhete, traga boa fortuna a todos. Quando Śrī Kṛṣṇa impediu Rādhārāṇī de chegar ao dāna-ghāṭi, o coração dEla se encheu de risos. Seus olhos brilharam intensamente, e lágrimas frescas escorreram de Seus olhos, deixando-os avermelhados. Devido a Seu doce relacionamento com Kṛṣṇa, havia entusiasmo em Seus olhos, e, ao cessar Seu choro, Ela parecia ainda mais bela.’”

VERSO 181: “‘Agitados pelas lágrimas, os olhos de Śrīmatī Rādhārāṇī tingiram-se de vermelho, assim como o horizonte oriental ao alvorecer. Seus lábios contorciam-se de júbilo e por estarem repletos de desejos luxuriosos. Suas pálpebras curvaram-se, e Seu rosto de lótus sorriu meigamente. Ao ver o rosto de Rādhārāṇī manifestar tamanha emoção, o Senhor Śrī Kṛṣṇa sentiu-Se um milhão de vezes mais feliz do que Se sentiria ao abraçá-lA. É certo que a felicidade do Senhor Śrī Kṛṣṇa nada tem de mundana.’”

VERSO 182: Ao ouvir isso, Śrī Caitanya Mahāprabhu ficou muito feliz e, absorto nessa felicidade, abraçou Svarūpa Dāmodara Gosvāmī.

VERSO 183: Então, Śrī Caitanya Mahāprabhu pediu a Svarūpa Dāmodara: “Por favor, fala dos ornamentos extáticos que embelezam o corpo de Śrīmatī Rādhārāṇī, com os quais Ela encanta a mente de Śrī Govinda.”

VERSO 184: Recebendo esse pedido, Svarūpa Dāmodara começou a falar. Todos os devotos de Śrī Caitanya Mahāprabhu ficaram muito felizes ao ouvi-lo.

VERSO 185: “Às vezes, estando sentada ou a caminho de Vṛndāvana, Śrīmatī Rādhārāṇī vê Kṛṣṇa.”

VERSO 186: “Os sintomas de diversos êxtases que se manifestam nesse momento chamam-se vilāsa.”

VERSO 187: “‘Os diversos sintomas manifestos no rosto, nos olhos e nas outras partes do corpo de uma mulher, e a maneira como ela se locomove, levanta-se ou senta-se ao encontrar-se com seu amado, chamam-se vilāsa.’”

VERSO 188: Svarūpa Dāmodara disse: “Timidez, júbilo, ambição, respeito, temor e as características das gopīs da ala esquerda eram todos sintomas extáticos que se combinavam para agitar Śrīmatī Rādhārāṇī.”

VERSO 189: “‘Quando via o Senhor Kṛṣṇa bem em frente a Ela, o avanço de Śrīmatī Rādhārāṇī era interrompido, e Ela adotava uma atitude de oposição. Embora Seu rosto estivesse discretamente coberto por um véu azul, Seus olhos cintilantes estavam agitados, apresentando-se grandes e encurvados. Assim, Ela estava enfeitada com os ornamentos de vilāsa, e Sua beleza aumentava a fim de dar prazer a Śrī Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus.’”

VERSO 190: “Ao colocar-Se de pé em frente a Kṛṣṇa, Śrīmatī Rādhārāṇī apresenta três lugares encurvados – o pescoço, a cintura e as pernas – e Suas pálpebras ficam dançando.”

VERSO 191: “Quando despertam diversos aspectos extáticos no rosto e nos olhos de Śrīmatī Rādhārāṇī, os ornamentos lalita manifestam-se.”

VERSO 192: “‘Quando os aspectos físicos são delicados e o corpo tem curvas bem traçadas, e quando as pálpebras se agitam de uma maneira muito peculiar, o ornamento de fascínio, chamado lalita-alaṅkāra, manifesta-se.’”

VERSO 193: “Quando o Senhor Śrī Kṛṣṇa vê Śrīmatī Rādhārāṇī enfeitada com esses ornamentos lalita, ambos desejam ansiosamente marcar um encontro.”

VERSO 194: “‘Quando Śrīmatī Rādhārāṇī estava decorada com o ornamento de lalita-alaṅkāra, Seu pescoço, Seus joelhos e Sua cintura manifestaram curvas atrativas apenas para aumentar o amor de Śrī Kṛṣṇa. Isso foi decorrente de Sua timidez e de Seu aparente desejo de evitar Kṛṣṇa. Os movimentos pestanejantes de Suas pálpebras poderiam conquistar o poderoso arco do Cupido. Para intensificar a alegria do amor sentido por Seu amado, Seu corpo ficou enfeitado com os ornamentos de lalita-alaṅkāra.’”

VERSO 195: “Quando Kṛṣṇa adianta-Se e sofregamente tenta agarrar as bordas do sārī de Rādhārāṇī; dentro de Si, Ela realmente fica muito satisfeita, mas, através de Seus atos, Ela tenta refrear Kṛṣṇa.”

VERSO 196: “Essa atitude extática de Śrīmatī Rādhārāṇī chama-se kuṭṭamita. Quando isso se manifesta, Ela tenta evitar Kṛṣṇa externamente, demonstrando uma aparente ira, embora, no íntimo, sinta-Se muito feliz.”

VERSO 197: “‘Quando as bordas de Seu sārī e o véu que encobre Seu rosto são tocados, Ela externamente parece ofendida e irada, mas, dentro de Seu coração, sente-Se muito feliz. Estudiosos eruditos chamam essa atitude de kuṭṭamita.’”

VERSO 198: “Embora Śrīmatī Rādhārāṇī estivesse segurando Seu sārī com a mão; em Seu íntimo, Ela pensava: ‘Que Kṛṣṇa satisfaça Seus desejos.’ Dessa maneira, Ela, no fundo do coração, ficava muito satisfeita, mesmo que externamente demonstrasse oposição e ira.”

VERSO 199: “Śrīmatī Rādhārāṇī manifesta externamente algo como se fosse um choro seco, aparentando sentir-Se ofendida. Então, dá um meigo sorriso e repreende o Senhor Kṛṣṇa.”

VERSO 200: “‘Acontece que Ela não tem nenhuma intenção de impedir o avanço de Kṛṣṇa de tentar tocar Seu corpo com as mãos. Mesmo assim, Śrīmatī Rādhārāṇī, cujas coxas são como a tromba de um bebê elefante, protesta contra o assédio e, sorrindo docilmente, repreende-O. Em tais momentos, Ela chora sem que lágrimas escorram por Seu rosto encantador.’”

VERSO 201: “Dessa maneira, Śrīmatī Rādhārāṇī fica adornada e embelezada com diversos sintomas extáticos, que atraem a mente de Śrī Kṛṣṇa.”

VERSO 202: “Não há nenhuma possibilidade de se descreverem os passatempos ilimitados de Śrī Kṛṣṇa, muito embora Ele próprio os descreva sob Sua encarnação de Sahasra-vadana, o Śeṣā Nāga de mil bocas.”

VERSO 203: Nesse momento, Śrīvāsa Ṭhākura sorriu e disse a Svarūpa Dāmodara: “Meu querido cavalheiro, por favor, ouve! Vê só como é opulenta a minha deusa da fortuna!”

VERSO 204: “Quanto à opulência de Vṛndāvana, esta consiste em algumas flores e vergônteas, alguns minérios das colinas, algumas penas de pavão e a planta conhecida como guñjā.”

VERSO 205: “Quando decidiu visitar Vṛndāvana, Jagannātha foi até lá, e, ao ouvir sobre isso, a deusa da fortuna sentiu-se inquieta e enciumada.”

VERSO 206: “Ela se perguntou: ‘Por que o Senhor Jagannātha abandonou tamanha opulência e foi para Vṛndāvana?’ Para fazer dele motivo de piada, a deusa da fortuna providenciou muita decoração.”

VERSO 207: “Então, as criadas da deusa da fortuna disseram aos servos do Senhor Jagannātha: ‘Por que vosso Senhor Jagannātha abandonou a grande opulência da deusa da fortuna e, por causa de algumas folhas, frutas e flores, foi ver o jardim florido de Śrīmatī Rādhārāṇī?’”

VERSO 208: “‘Se vosso amo é tão entendido de tudo, por que Ele faz coisas assim? Por favor, trazei vosso amo perante a deusa da fortuna.’”

VERSO 209: “Dessa maneira, todas as criadas da deusa da fortuna capturaram os servos de Jagannātha, amarraram-nos pela cintura e levaram os mesmos até a deusa da fortuna.”

VERSO 210: “Quando todas as criadas levaram os servos do Senhor Jagannātha até os pés de lótus da deusa da fortuna, os servos do Senhor foram multados e forçados a se submeterem.”

VERSO 211: “Todas as criadas puseram-se a bater na carruagem Ratha com varas e trataram os servos do Senhor Jagannātha quase como ladrões.”

VERSO 212: “Finalmente, todos os servos do Senhor Jagannātha, de mãos postas, submeteram-se à deusa da fortuna garantindo a ela que lhe trariam o Senhor Jagannātha no dia seguinte.”

VERSO 213: “Sendo assim apaziguada, a deusa da fortuna voltou aos seus aposentos. Vede só! Não há palavras que descrevam a opulência da minha deusa da fortuna.”

VERSO 214: Śrīvāsa Ṭhākura continuou falando a Svarūpa Dāmodara: “Todas as gopīs dedicam-se a ferver o leite e batê-lo para que vire iogurte, mas a minha ama, a deusa da fortuna, fica sentada em um trono feito de joias e pedras preciosas.”

VERSO 215: Desse modo, Śrīvāsa Ṭhākura, que estava vivenciando os sentimentos de Nārada Muni, fazia brincadeiras. Ao ouvi-lo, todos os servos pessoais de Śrī Caitanya Mahāprabhu começaram a sorrir.

VERSO 216: Então, Śrī Caitanya Mahāprabhu disse a Śrīvāsa Ṭhākura: “Meu querido Śrīvāsa, tens exatamente a mesma natureza que Nārada Muni. A opulência da Suprema Personalidade de Deus tem influência direta sobre ti.”

VERSO 217: “Svarūpa Dāmodara é um devoto puro de Vṛndāvana. Ele nem mesmo sabe o que é opulência, pois está simplesmente absorto em serviço devocional puro.”

VERSO 218: Então, Svarūpa Dāmodara retrucou: “Meu querido Śrīvāsa, por favor, ouve-me com atenção. Esqueceste a opulência transcendental de Vṛndāvana.”

VERSO 219: “A opulência natural de Vṛndāvana é tal qual um oceano. A opulência de Dvārakā e Vaikuṇṭha não se compara nem mesmo a uma gota desse oceano.”

VERSO 220: “Śrī Kṛṣṇa é a Suprema Personalidade de Deus pleno de todas as opulências, e Suas opulências completas manifestam-se apenas em Vṛndāvana-dhāma.”

VERSO 221: “Vṛndāvana-dhāma se constitui de pedras filosofais transcendentes. Toda a sua superfície produz todas as joias preciosas, e a pedra cintāmaṇi serve para decorar os pés de lótus das criadas de Vṛndāvana.”

VERSO 222: “Vṛndāvana é uma floresta natural de árvores-dos-desejos e de trepadeiras, e seus habitantes não desejam nada além das frutas e das flores das árvores-dos-desejos.”

VERSO 223: “Em Vṛndāvana, existe um número ilimitado de vacas que satisfazem todos os desejos [kāma-dhenus]. Elas pastam de floresta em floresta e dão apenas leite. As pessoas não querem nada mais.”

VERSO 224: “Em Vṛndāvana, o falar natural das pessoas soa como música, e seu movimentar parece dança.”

VERSO 225: “A água em Vṛndāvana é néctar, e a refulgência do brahmajyoti, que é plena de bem-aventurança transcendental, é diretamente percebida ali em sua forma.”

VERSO 226: “As gopīs lá também são deusas da fortuna, e superam a deusa da fortuna que mora em Vaikuṇṭha. Em Vṛndāvana, o Senhor Kṛṣṇa está sempre tocando Sua doce flauta transcendental, que é Sua querida companheira.”

VERSO 227: “‘As donzelas de Vṛndāvana, as gopīs, são superdeusas da fortuna. O desfrutador de Vṛndāvana é Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus. As árvores lá são todas árvores que satisfazem os desejos, e a terra é feita de pedra filosofal transcendente. Toda a água é néctar, cada palavra é uma canção, cada passo é uma dança e a flauta de Kṛṣṇa é Sua companheira inseparável. Em toda parte, experimenta-se a refulgência da bem-aventurança transcendental. Portanto, Vṛndāvana-dhāma é a única morada deleitável.’”

VERSO 228: “‘Nos tornozelos das donzelas de Vraja-bhūmi, há adornos feitos de pedra cintāmaṇi. As árvores são árvores que satisfazem os desejos e produzem flores com as quais as gopīs se enfeitam. Também existem vacas que satisfazem os desejos [kāma-dhenus], as quais dão quantidades ilimitadas de leite. Essas vacas são a fortuna de Vṛndāvana. Assim, a opulência de Vṛndāvana manifesta-se com toda a sua bem-aventurança.’”

VERSO 229: Então, Śrīvāsa Ṭhākura colocou-se a dançar em amor extático. Ele produzia sons batendo nas axilas com as palmas de suas mãos e gargalhava sonoramente.

VERSO 230: Assim, Śrī Caitanya Mahāprabhu ouviu esses comentários sobre as doçuras transcendentais puras de Śrīmatī Rādhārāṇī. Absorto em êxtase transcendental, o Senhor começou a dançar.

VERSO 231: Enquanto Śrī Caitanya Mahāprabhu dançava em amor extático ao som do cantar de Svarūpa Dāmodara, o Senhor disse: “Continua cantando! Continua cantando!” Então, o Senhor esticou Suas próprias orelhas.

VERSO 232: Por ter ouvido as canções de Vṛndāvana, acendeu-se o amor extático de Śrī Caitanya Mahāprabhu. Dessa maneira, Ele inundou Puruṣottama, Jagannātha Purī, com amor a Deus.

VERSO 233: Por fim, a deusa da fortuna regressou a seus aposentos. No devido curso do tempo, enquanto Śrī Caitanya Mahāprabhu dançava, entardeceu.

VERSO 234: Após muito canto, todos os quatro grupos de saṅkīrtana sentiram-se cansados, mas o amor extático de Śrī Caitanya Mahāprabhu dobrou.

VERSO 235: Enquanto dançava absorto no amor extático de Śrīmatī Rādhārāṇī, Śrī Caitanya Mahāprabhu apareceu na forma dEla. Vendo isso de longe, Nityānanda Prabhu ofereceu orações.

VERSO 236: Ao ver o amor extático de Śrī Caitanya Mahāprabhu, Nityānanda Prabhu não Se aproximou, senão que preferiu ficar um pouco afastado.

VERSO 237: Apenas Nityānanda Prabhu poderia conter Śrī Caitanya Mahāprabhu; o sentimento de êxtase do Senhor, entretanto, não parava. Ao mesmo tempo, já não havia ninguém que pudesse continuar o kīrtana.

VERSO 238: Então, Svarūpa Dāmodara informou ao Senhor que todos os devotos estavam cansados. Vendo esta situação, Śrī Caitanya Mahāprabhu recobrou a consciência externa.

VERSO 239: Então, Śrī Caitanya Mahāprabhu, acompanhado de todos os Seus devotos, entrou em um jardim florido. Após descansar ali por algum tempo, Ele tomou Seu banho vespertino.

VERSO 240: Então, chegaram ali, em grande quantidade, diversas classes de alimentos que haviam sido oferecidos a Śrī Jagannātha e vários outros que haviam sido oferecidos à deusa da fortuna.

VERSO 241: Śrī Caitanya Mahāprabhu terminou Sua refeição vespertina e, após Seu banho da tardinha, foi ver o Senhor Jagannātha.

VERSO 242: Tão logo viu o Senhor Jagannātha, Śrī Caitanya Mahāprabhu colocou-Se a cantar e a dançar. Em seguida, acompanhado de Seus devotos, o Senhor divertiu-Se no lago chamado Narendra-sarovara.

VERSO 243: Então, entrando em um jardim de flores, Śrī Caitanya Mahāprabhu fez Sua refeição. Dessa maneira, Ele continuamente realizou passatempos de todas as espécies por oito dias.

VERSO 244: No dia seguinte, o Senhor Jagannātha saiu do templo e, passeando de carruagem, regressou à Sua própria morada.

VERSO 245: Tal como antes, Śrī Caitanya Mahāprabhu e Seus devotos novamente cantaram e dançaram com grande prazer.

VERSO 246: Durante o Pāṇḍu-vijaya, o Senhor Jagannātha foi carregado, e, enquanto Ele era levado, um feixe de cordas de seda se partiu.

VERSO 247: Ao ser transportada, a Deidade de Jagannātha, a intervalos, é colocada em almofadas de algodão. Quando as cordas se romperam, as almofadas de algodão também se rasgaram devido ao peso do Senhor Jagannātha, e o algodão flutuou no ar.

VERSO 248: Rāmānanda Vasu e Satyarāja Khān estavam presentes representando Kulīna-grāma. Śrī Caitanya Mahāprabhu, com grande respeito, conferiu-lhes as seguintes ordens.

VERSO 249: Śrī Caitanya Mahāprabhu ordenou que Rāmānanda Vasu e Satyarāja Khān se tornassem os adoradores dessas cordas e, todo ano, trouxessem cordas de seda de sua própria vila.

VERSO 250: Após lhes dizer isso, Śrī Caitanya Mahāprabhu mostrou-lhes as cordas de seda partidas, dizendo: “Vede só estas cordas partidas. Deveis fazer cordas que sejam muito mais resistentes.”

VERSO 251: Então, Śrī Caitanya Mahāprabhu informou a Rāmānanda Vasu e a Satyarāja Khān que aquela corda era a morada do Senhor Śeṣa, que Se expande em dez formas e que serve à Suprema Personalidade de Deus.

VERSO 252: Após receber ordens do Senhor sobre como prestarem seu serviço, os afortunados Satyarāja e Rāmānanda Vasu ficaram muito satisfeitos.

VERSO 253: A partir de então, anualmente, quando o templo de Guṇḍicā estava sendo limpo, Satyarāja e Rāmānanda Vasu vinham com outros devotos e, com grande prazer, traziam a corda de seda.

VERSO 254: Assim, o Senhor Jagannātha regressou a Seu templo e sentou-Se em Seu trono, ao passo que Śrī Caitanya Mahāprabhu voltou para a Sua residência com Seus devotos.

VERSO 255: Desse modo, Śrī Caitanya Mahāprabhu mostrou a cerimônia de Ratha-yātrā a Seus devotos, com os quais realizou estes passatempos de Vṛndāvana.

VERSO 256: Os passatempos do Senhor Caitanya são ilimitados e infindáveis. Nem mesmo Sahasra-vadana, o Senhor Śeṣa, pode abarcar os limites de Seus passatempos.

VERSO 257: Orando aos pés de lótus de Śrī Rūpa e Śrī Raghunātha, desejando sempre a misericórdia deles, eu, Kṛṣṇadāsa, narro o Śrī Caitanya-caritāmṛta seguindo seus passos.

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