VERSO 47
yāte vaṁśī-dhvani-sukha, nā dekhi’ se cāṅda mukha,
yadyapi nāhika ‘ālambana’
nija-dehe kari prīti, kevala kāmera rīti,
prāṇa-kīṭera kariye dhāraṇa
yāte — em que; vaṁśī-dhvani-sukha — a felicidade de ouvir o tocar da flauta; nā dekhi’ — não vendo; se — aquele; cāṅda mukha — rosto de lua; yadyapi — embora; nāhika — não haja; ‘ālambana’ — o encontro da amante com o amado; nija — próprio; dehe — no corpo; kari — faço; prīti — afeição; kevala — apenas; kāmera — da luxúria; rīti — o jeito; prāṇa — de vida; kīṭera — da mosca; kariye — faço; dhāraṇa — continuando.
“Embora Eu não veja o rosto de lua de Kṛṣṇa a tocar Sua flauta e embora não Me seja possível Me encontrar com Ele, ainda assim, cuido de Meu próprio corpo. Isso é luxúria. Dessa maneira, mantenho Minha vida de mosca.”
SIGNIFICADO—A esse respeito, Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura diz que o adorável Senhor Supremo é o abrigo supremo. O Senhor é o sujeito supremo, e os devotos são o objeto. A reunião de um objeto com o sujeito se chama ālambana. O objeto ouve, e o sujeito toca a flauta. O sinal de estar sem ālambana é que o objeto nem pode ver o rosto de Lua de Kṛṣṇa, nem anseia vê-lO. Quem imagina tal coisa externamente, só faz satisfazer seus desejos luxuriosos e, assim, vive sem propósito.