VERSO 87
sakala brāhmaṇe purī vaiṣṇava karila
sei sei sevā-madhye sabā niyojila
sakala brāhmaṇe — todos os brāhmaṇas ali presentes; purī — Mādhavendra Purī Gosvāmī; vaiṣṇava karila — elevados à posição de vaiṣṇavas; sei sei — sob diferentes divisões; sevā-madhye — em prestar serviços; sabā — todos eles; niyojila — foram ocupados.
Naquela ocasião, Mādhavendra Purī iniciou todos os brāhmaṇas presentes no culto vaiṣṇava e os ocupou em diferentes classes de serviço.
SIGNIFICADO—As escrituras afirmam que ṣaṭ-karma-nipuṇo vipro mantra-tantra-viśāradaḥ. Mesmo que um brāhmaṇa de casta ou um brāhmaṇa qualificado seja perito nos deveres ocupacionais de um brāhmaṇa, ele não é necessariamente um vaiṣṇava. Mencionam-se seis ocupações como deveres do brāhmaṇa. Paṭhana significa que o brāhmaṇa deve ser versado nas escrituras védicas. Ele também deve ser capaz de ensinar outros a estudarem os textos védicos. Isso é pāṭhana. Ele também deve ser perito em adorar diferentes deidades e em realizar os rituais védicos (yajana). Devido a esse yajana, o brāhmaṇa, sendo o líder da sociedade, realiza todos os rituais védicos para os kṣatriyas, os vaiśyas e os śūdras. Isso se chama yājana, ou seja, ajudar outros a realizarem cerimônias. Os dois itens restantes são dāna e pratigraha. O brāhmaṇa aceita toda espécie de contribuições (pratigraha) de seus seguidores (principalmente os kṣatriyas, os vaiśyas e os śūdras). Ele, porém, não guarda todo o dinheiro para si. Ele só guarda o tanto que for necessário e dá o saldo aos outros em caridade (dāna).
Para que tal brāhmaṇa qualificado adore a Deidade, ele precisa ser um vaiṣṇava. Assim, a posição do vaiṣṇava é superior à do brāhmaṇa. Este exemplo dado por Mādhavendra Purī confirma que, mesmo que um brāhmaṇa seja muito perito, ele não pode tornar-se um sacerdote, ou servo da mūrti de Viṣṇu, a menos que seja iniciado no vaiṣṇava-mantra. Após instalar a Deidade de Gopāla, Mādhavendra Purī iniciou todos os brāhmaṇas no vaiṣṇavismo. A seguir, encarregou os brāhmaṇas com diferentes classes de serviço à Deidade. Desde as quatro da manhã até as dez da noite (do maṅgala-ārātrika ao śayana-ārātrika), deve haver, pelo menos, cinco ou seis brāhmaṇas a serviço da Deidade. Realizam-se seis ārātrikas no templo e, frequentemente, oferece-se alimento à Deidade e distribui-se a prasāda. Esse é o método de adoração à Deidade segundo as regras e regulações estabelecidas pelos predecessores. Nosso sampradāya pertence à sucessão discipular de Mādhavendra Purī, que pertencia ao Madhva-sampradāya. Estamos na sucessão discipular de Śrī Caitanya Mahāprabhu, que foi iniciado por Śrī Īśvara Purī, discípulo de Mādhavendra Purī. Portanto, nosso sampradāya chama-se Madhva- Gauḍīya-sampradāya. Sendo assim, devemos cuidadosamente seguir os passos de Śrī Mādhavendra Purī e observar como ele instalou a Deidade de Gopāla em cima da colina Govardhana, como organizou e realizou a cerimônia de Annakūṭa em apenas um dia, e assim por diante. A instalação de nossas Deidades nos Estados Unidos e nos países abastados da Europa deve ser realizada a exemplo das atividades de Śrī Mādhavendra Purī. Todos os servos da Deidade devem ser estritamente qualificados como brāhmaṇas e, especificamente, devem ocupar-se no costume vaiṣṇava de oferecer tanta prasāda quanto possível e distribuí-la aos devotos que visitam o templo para ver o Senhor.