VERSO 113
tabe sei dui vipre kahila īśvara
“tumi-dui — janme-janme āmāra kiṅkara
tabe — depois disso; sei — aqueles; dui — dois; vipre — aos brāhmaṇas; kahila — falou; īśvara — o Senhor; tumi-dui — vós dois; janme-janme — nascimento após nascimento; āmāra — Meus; kiṅkara — servos.
Após realizar-se a cerimônia de casamento, o Senhor informou aos dois brāhmaṇas: “Vós, os dois brāhmaṇas, sois Meus servos eternos, nascimento após nascimento.”
SIGNIFICADO—Como esses dois brāhmaṇas de Vidyānagara, existem muitos devotos que são servos eternos do Senhor. Eles são conhecidos especificamente como nitya-siddhas, eternamente perfeitos. Embora apareçam no mundo material e pareçam ser habitantes comuns do mundo, os nitya-siddhas jamais se esquecem da Suprema Personalidade de Deus, em nenhuma condição. Esse é o sintoma de um nitya-siddha.
Existem duas classes de entidades vivas – nitya-siddha e nitya-baddha. O nitya-siddha jamais se esquece de sua relação com a Personalidade Suprema, ao passo que o nitya-baddha é sempre condicionado, antes mesmo da criação. Ele vive esquecido de sua relação com a Suprema Personalidade de Deus. Nesta passagem, o Senhor informa aos dois brāhmaṇas que eles são Seus servos nascimento após nascimento. A expressão “nascimento após nascimento” refere-se ao mundo material, pois, no mundo espiritual, não há nascimento, morte, velhice ou doença. Por ordem da Suprema Personalidade de Deus, o nitya-siddha permanece neste mundo material como se fosse um homem comum, mas o único interesse do nitya-siddha é difundir as glórias do Senhor. Este incidente parece ser a história comum de uma negociação matrimonial envolvendo duas pessoas comuns. Contudo, Kṛṣṇa aceitou os dois brāhmaṇas como Seus servos eternos. Ambos os brāhmaṇas enfrentaram muitas dificuldades nessas negociações, exatamente como pessoas mundanas, mas eles agiam como servos eternos do Senhor. Todos os nitya-siddhas que se encontram neste mundo material talvez pareçam labutar como homens comuns, mas jamais se esquecem de sua posição de servos do Senhor.
Outro ponto a analisar é: o brāhmaṇa idoso pertencia a uma família aristocrática, sendo culto e abastado. O brāhmaṇa jovem pertencia a uma família ordinária e era inculto. Essas qualificações mundanas, porém, não dizem respeito a um nitya-siddha ocupado a serviço do Senhor. Precisamos aceitar o fato de que os nitya-siddhas são inteiramente distintos dos nitya-baddhas, que são seres humanos comuns. Śrīla Narottama Dāsa Ṭhākura confirma essa declaração:
gaurāṅgera saṅgi-gaṇe, nitya-siddha kari’ māne,
se yāya vrajendra-suta pāśa
śrī-gauḍa-maṇḍala-bhūmi, yebā jāne cintāmaṇi
tāra haya vraja-bhūme vāsa
Quem aceitar os associados do Senhor Caitanya Mahāprabhu como nitya-siddhas com certeza se elevará ao reino espiritual para tornar-se um associado do Senhor Supremo. Além disso, deve-se entender que Gauḍa-maṇḍala-bhūmi – os locais na Bengala onde esteve Śrī Caitanya Mahāprabhu – são iguais a Vrajabhūmi, ou Vṛndāvana. Não há diferença entre os habitantes de Vṛndāvana e os de Gauḍa-maṇḍala-bhūmi, ou Śrīdhāma Māyāpur.