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VERSO 166

rādhā-prati kṛṣṇa-sneha — sugandhi udvartana
tā’te ati sugandhi deha — ujjvala-varaṇa

rādhā-prati — para com Śrīmatī Rādhārāṇī; kṛṣṇa-sneha — a afeição do Senhor Kṛṣṇa; su-gandhi udvartana — massagem perfumada; tā’te — nisto; ati — muito; su-gandhi — perfumado; deha — o corpo; ujjvala — brilhante; varaṇa — brilho.

“O corpo transcendental de Śrīmatī Rādhārāṇī é imensamente brilhante e pleno de todos os aromas transcendentais. A afeição do Senhor Kṛṣṇa por Ela é como uma massagem perfumada.”

SIGNIFICADO—Sugandhi udvartana refere-se a uma pasta feita de diversos perfumes e óleos aromáticos. Massageia-se essa pasta por todo o corpo e, dessa maneira, a sujeira e o suor do corpo são removidos. O corpo de Śrīmatī Rādhārāṇī é naturalmente perfumado, mas, ao ser massageado com a pasta aromática da afeição do Senhor Kṛṣṇa, fica duplamente perfumado e torna-se brilhante e lustroso. Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī começa a descrever, assim, o corpo transcendental de Śrīmatī Rādhārāṇī. Esta descrição (encontrada nos versos de 165 a 181) baseia-se no livro conhecido como Premāmbhoja-maranda, de Śrīla Raghunātha Dāsa Gosvāmī. Em uma tradução do sânscrito original feita por Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura, lê-se o seguinte:

“O amor das gopīs por Kṛṣṇa é pleno de êxtase transcendental. Parece ser uma joia brilhante, e, iluminado por semelhante joia transcendental, o corpo de Rādhārāṇī fica mais perfumado e decorado com kuṅkuma. De manhã, o corpo dEla é banhado no néctar da compaixão; à tarde, no néctar da juventude, e, à noite, no néctar do brilho em pessoa. Dessa maneira, realizado o banho, o corpo dEla fica brilhante como a joia cintāmaṇi. Sua roupa compõe-se de diversas espécies de vestimentas de seda, que podem comparar-se à Sua timidez natural.

“Sua beleza aumenta cada vez mais ao ser decorada com kuṅkuma, o qual é comparado à própria beleza, e com o almíscar escuro, o qual é comparado ao amor conjugal. Assim, diferentes cores decoram-Lhe o corpo. O kuṅkuma é vermelho, e o almíscar, negro. Seus ornamentos personificam os sintomas naturais de êxtase – tremor, lágrimas, júbilo, atordoamento, transpiração, balbuciar da voz, vermelhidão corpórea, loucura e apatia. Dessa maneira, o corpo inteiro craveja-se dessas nove diferentes joias. Acima de tudo isso, a beleza do corpo dEla é realçada por Suas qualidades transcendentais, que ficam penduradas como uma guirlanda de flores em Seu corpo. O êxtase de amor por Kṛṣṇa é conhecido como dhīrā e adhīrā, sóbrio e inquieto. Tal êxtase constitui o revestimento do corpo de Śrīmatī Rādhārāṇī, sendo adornado com cânfora. A ira transcendental que Ela manifesta em relação a Kṛṣṇa personifica-se como o arranjo de Seu cabelo, e a tilaka de Sua grande fortuna brilha em Sua bela testa. Os brincos de Śrīmatī Rādhārāṇī são os santos nomes de Kṛṣṇa, bem como o ouvir de Seu nome e fama. Seus lábios estão sempre avermelhados devido à noz-de-bétel da afeição extática por Kṛṣṇa. O cosmético negro ao redor de Seus olhos é Seu comportamento astuto para com Kṛṣṇa, produzido pelo amor. Seus gracejos com Kṛṣṇa e Seu amável sorriso são a cânfora com a qual Ela Se perfuma. Ela dorme em Seu quarto com o aroma do orgulho, e, ao deitar-Se em Sua cama, a variedade transcendental de Seus êxtases amorosos é como um broche de joias entremeado ao Seu colar de saudade. Seus seios transcendentais estão cobertos por Seu sārī sob a forma da afeição para com Kṛṣṇa e da ira contra Ele. Ela tem um instrumento de cordas conhecido como kacchapī-vīṇā, o qual é a fama e a fortuna que murcham verdadeiramente o rosto e os seios das outras gopīs. Ela sempre mantém Suas mãos sobre o ombro de uma gopī amiga, a qual é comparada à beleza juvenil dEla; e, embora Ela seja altamente qualificada com tantos bens espirituais, o Cupido conhecido como Kṛṣṇa A afeta. Assim, Ela é derrotada. Śrīla Raghunātha Dāsa Gosvāmī presta suas respeitosas reverências a Śrīmatī Rādhārāṇī, tomando uma palha em sua boca. Na verdade, ele ora: ‘Ó Gāndharvikā, Śrīmatī Rādhārāṇī, assim como o Senhor Kṛṣṇa jamais rejeita uma alma rendida, por favor, não me rejeiteis.’” Esta é uma tradução resumida do Premāmbhoja-maranda, citado por Kavirāja Gosvāmī.

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