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VERSO 360

prabhura tīrtha-yātrā-kathā śune yei jana
caitanya-caraṇe pāya gāḍha prema-dhana

prabhura — do Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu; tīrtha-yātrā — peregrinação pelos lugares sagrados; kathā — tópicos sobre; śune — ouça; yei — que; jana — pessoa; caitanya caraṇe — aos pés de lótus de Śrī Caitanya Mahāprabhu; pāya — obtém; gāḍha — profundo; prema-dhana — riquezas de amor extático.

Quem quer que ouça sobre a peregrinação de Śrī Caitanya Mahāprabhu a diversos lugares sagrados obtém as riquezas do profundíssimo amor extático.

SIGNIFICADO—Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura aponta: “Os impersonalistas imaginam algumas formas da Verdade Absoluta através da percepção direta de seus sentidos. Os impersonalistas adoram tais formas imaginárias, mas nem o Śrīmad-Bhāgavatam nem Śrī Caitanya Mahāprabhu aceitam que este gozo dos sentidos disfarçado de adoração tenha alguma importância espiritual.” Os māyāvādīs imaginam a si mesmos como o Supremo. Imaginam que o Supremo não tem forma pessoal e que todas as Suas formas são imaginárias como o fogo-fátuo ou uma flor no céu. Tanto os māyāvādīs quanto aqueles que imaginam formas de Deus estão desencaminhados. Segundo eles, a adoração à Deidade ou a qualquer forma do Senhor é decorrente da ilusão da alma condicionada. No entanto, Śrī Caitanya Mahāprabhu, apoiando-Se na força de Sua filosofia de acintya-bhedābheda-tattva, confirma a conclusão do Śrīmad-Bhāgavatam. Esta filosofia declara que o Senhor Supremo é simultaneamente igual à Sua criação e diferente da mesma. Em outras palavras, há unidade na diversidade. Dessa maneira, Śrī Caitanya Mahāprabhu desmascarou a limitação dos trabalhadores fruitivos, dos filósofos empíricos e especuladores e dos yogīs místicos. O processo de realização a que esses homens recorrem não passa de perda de tempo e energia.

Śrī Caitanya Mahāprabhu pessoalmente visitou templos em diversos locais sagrados para estabelecer o exemplo. Sempre que os visitava, imediatamente manifestava Seu amor extático pela Suprema Personalidade de Deus. Quando um vaiṣṇava visita o templo de um semideus, sua visão desse semideus é diferente da visão dos impersonalistas e māyāvādīs. A Brahma-saṁhitā confirma isso. A visita de um vaiṣṇava ao templo do senhor Śiva é diferente daquela de um não-devoto. O não-devoto considera a deidade do senhor Śiva como uma forma imaginária, pois, em última análise, toma a Suprema Verdade Absoluta como um vazio. No entanto, o vaiṣṇava vê o senhor Śiva como sendo simultaneamente igual ao Senhor Supremo e diferente dEste. Dá-se, a esse respeito, o exemplo do leite e do iogurte. Na realidade, o iogurte é simplesmente leite, mas, ao mesmo tempo, não é leite. É simultaneamente igual ao leite e, ainda assim, diferente deste. Essa é a filosofia de Śrī Caitanya Mahāprabhu, e a Bhagavad-gītā (9.4) a confirma:

mayā tatam idaṁ sarvaṁ
jagad avyakta-mūrtinā
mat-sthāni sarva-bhūtāni

na cāhaṁ teṣv avasthitaḥ

“Eu, sob Minha forma imanifesta, penetro todo este universo. Todos os seres estão em Mim, mas Eu não estou neles.”

Embora a Verdade Absoluta, Deus, seja tudo, isso não significa que tudo seja Deus. Por esta razão, Śrī Caitanya Mahāprabhu e Seus seguidores visitaram os templos de todos os semideuses, mas não os encaravam da mesma maneira que os encaram os impersonalistas. Todos devem seguir os passos de Śrī Caitanya Mahāprabhu e visitar todos os templos. Às vezes, sahajiyās mundanos presumem que as gopīs visitavam o templo de Kātyāyanī da mesma maneira que pessoas mundanas visitam o templo de Devī. No entanto, as gopīs oraram para que Kātyāyanī lhes concedesse Kṛṣṇa como esposo. As pessoas mundanas visitam o templo de Kātyāyanī para receber algum benefício material. Essa é a diferença entre a visita de um vaiṣṇava e a de um não-devoto.

Por não compreenderem o processo da sucessão discipular, os ditos lógicos expõem a teoria do pañcopāsanā, isto é, acreditam que a adoração a um deus não nega a existência de outros deuses. Śrī Caitanya Mahāprabhu ou os vaiṣṇavas não aceitam tal especulação filosófica. Pode ser que os impersonalistas aceitem um sem-número de deidades, mas os vaiṣṇavas aceitam unicamente Kṛṣṇa como o Supremo e rejeitam todos os demais. Por certo que a adoração à deidade feita pelos māyāvādīs é idolatria, e sua adoração imaginária à deidade recentemente transformou-se em impersonalismo māyāvāda. Por falta de consciência de Kṛṣṇa, as pessoas tornam-se vítimas da filosofia māyāvāda, em consequência do que às vezes tornam-se ateus inveterados. No entanto, Śrī Caitanya Mahāprabhu, através de Seu próprio comportamento pessoal, estabeleceu o processo da autorrealização. Como se afirma no Caitanya-caritāmṛta (Madhya 8.274):

sthāvara-jaṅgama dekhe, nā dekhe tāra mūrti
sarvatra haya nija iṣṭa-deva-sphūrti

“O mahā-bhagavata, o devoto avançado, vê, sem dúvida, tanto as coisas móveis quanto as imóveis, mas não vê exatamente suas formas. Ao invés disso; em toda parte, ele vê a forma do Senhor Supremo imediatamente manifesta. Ao ver a energia da Suprema Personalidade de Deus, o vaiṣṇava logo se lembra da forma transcendental do Senhor.”

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