VERSO 79
pāpa-nāśane viṣṇu kaila daraśana
śrī-raṅga-kṣetre tabe karilā gamana
pāpa-nāśane — ao local chamado Pāpanāśana; viṣṇu — o Senhor Viṣṇu; kaila — fez; daraśana — visita; śrī-raṅga-kṣetre — ao local sagrado chamado Śrī Raṅga-kṣetra; tabe — então; karilā — fez; gamana — partida.
Após visitar o local sagrado chamado Śiva-kṣetra, Caitanya Mahāprabhu chegou a Pāpanāśana, onde viu o templo do Senhor Viṣṇu. Então, chegou enfim a Śrī Raṅga-kṣetra.
SIGNIFICADO—Há dois lugares sagrados conhecidos como Pāpanāśana: um se localiza a quatorze quilômetros a sudoeste de Kumbhakonam, e outro se encontra perto do rio Tāmraparṇī, no distrito de Tirunelveli, a trinta e cinco quilômetros a oeste da cidade de Tirunelveli (Pālamakoṭā).
Śrī Raṅga-kṣetra é um local muito famoso. Encontra-se no distrito de Tiruchchirāpalli, a cerca de 18 quilômetros a oeste de Kumbhakonam e perto da cidade de Tiruchchirāpalli, em uma ilha no rio Kāverī. O templo de Śrī Raṅga é o maior da Índia, tendo sete muros e sete estradas ao seu redor. Os antigos nomes dessas estradas são: estrada de Dharma, estrada de Rājamahendra, estrada de Kulaśekhara, estrada de Ālināḍana, estrada de Tiruvikrama, estrada Tirubiḍi de Māḍamāḍi-gāisa e estrada de Aḍa-iyāvala-indāna. O templo foi fundado antes do reinado de Dharmavarma, que reinou antes de Rājamahendra. Muitos reis célebres, como Kulaśekhara e outros, tais como Ālabandāru, residiram no templo de Śrī Raṅgam. Yāmunācārya, Śrī Rāmānuja, Sudarśanācārya e outros também supervisionaram este templo.
A encarnação da deusa da fortuna conhecida como Godādevī, que era uma das doze personalidades liberadas conhecidas como divya-sūris, casou-se com a Deidade, o Senhor Śrī Raṅganātha. Mais tarde, ela entrou no corpo do Senhor. Uma encarnação de Kārmuka, Tirumaṅga (um dos Ālvārs), adquiriu algum dinheiro roubando, e construiu o quarto muro delimitador de Śrī Raṅga. Conta-se que, no ano de 289 da era de Kali, nasceu o Ālvār de nome Toṇḍaraḍippaḍi. Enquanto se dedicava ao serviço devocional, ele se tornou vítima de uma prostituta, e Śrī Raṅganātha, ao ver Seu devoto tão degradado, enviou um de Seus servos com um prato de ouro para aquela prostituta. Ao darem falta do prato de ouro no templo, empreenderam uma busca, encontrando-o na casa da prostituta. Quando o devoto viu a misericórdia de Raṅganātha para com essa prostituta, seu erro retificou-se. Então, mandou construir o terceiro muro delimitador do templo de Raṅganātha, onde cultivou um jardim de tulasī.
Houve também um célebre discípulo de Rāmānujācārya conhecido como Kūreśa. Śrī Rāmapillāi foi filho de Kūreśa, e seu filho foi Vāgvijaya Bhaṭṭa, cujo filho foi Vedavyāsa Bhaṭṭa, ou Śrī Sudarśanācārya. Quando Sudarśanācārya estava velho, os muçulmanos atacaram o templo de Raṅganātha e mataram cerca de mil e duzentos śrī vaiṣṇavas. Nessa ocasião, transferiu-se a Deidade de Raṅganātha ao templo de Tirupati, no reino de Vijaya-nagara. O governador de Gingee, Goppaṇārya, trouxe Śrī Raṅganātha do templo de Tirupati a um local conhecido como Siṁha-brahma, onde o Senhor permaneceu por três anos. No ano de 1293 Śaka (1371 d.C.), reinstalou-se a Deidade no templo de Raṅganātha. No muro oriental do templo de Raṅganātha, há uma inscrição feita por Vedānta-deśika, relatando como Raṅganātha foi devolvido ao templo.