TEXTO 36

SIGNIFICADO—O progresso no cultivo do espírito humano traz como consequência o desaparecimento gradativo do ego materialista. Coberta pela ignorância, paixão e suposta bondade, a alma espiritual pensa que ela é tudo o que existe, ficando, assim, iludida pelo sentido de ego falso. Desse modo, ela identifica falsamente a alma com o corpo, e suas relações corpóreas e posses materiais tornam-se o objeto de sua atração. Essa falsa identificação com a matéria, e atração por ela, pouco a pouco secam e esmaecem, em virtude do bem-sucedido cultivo do espírito humano. É esse o efeito de semelhante cultivo superior. O progresso no cultivo espiritual acarreta a desintegração do falso ego e da atração pelos objetos materiais.

A meta última do cultivo do espírito humano é compreender Deus e render-se a Ele com um senso pleno de Sua natureza onipenetrante. Quando uma alma liberta rende-se desse modo aos pés de lótus do Deus onipenetrante, o oceano de ignorância torna-se-lhe tão insignificante como a água contida no buraco formado pela pegada de um bezerro. Ela imediatamente torna-se apta a ser promovida ao reino espiritual e deixa de ter qualquer relação com a região miserável do mundo material.

O cultivo do espírito humano não é, por conseguinte, o simples ajuste das anomalias materialistas. Consiste no processo de preparar a pessoa para ser promovida ao reino espiritual. Ninguém pode evitar os sofrimentos da existência material, mas, através do cultivo espiritual, a pessoa poderá posicionar-se acima dos efeitos dessa vida miserável. Como exemplo, pode-se citar a condição de um coco seco. A polpa do coco seco separa-se automaticamente da casca externa. Da mesma forma, a pele externa, ou as coberturas materiais grosseira e sutil da alma, automaticamente se separa da alma espiritual. Então, a alma espiritual pode viver em existência espiritual, muito embora, aparentemente, esteja dentro da pele seca. Libertar-se do sentido de falso ego é conhecido como “libertação da alma”.