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VERSO 28

nūnaṁ vrata-snāna-hutādineśvaraḥ
samarcito hy asya gṛhīta-pāṇibhiḥ
pibanti yāḥ sakhy adharāmṛtaṁ muhur
vraja-striyaḥ sammumuhur yad-āśayāḥ

nūnam — certamente no nascimento anterior; vrata — voto; snāna — banho; huta — sacrifício no fogo; ādinā — por tudo isso; īśvaraḥ — a Personalidade de Deus; samarcitaḥ — perfeitamente adorado; hi — certamente; asya — Suas; gṛhīta-pāṇibhiḥ — pelas esposas casadas; pibanti — saboreia; yāḥ — aquelas que; sakhi — ó amigas; adhara-amṛtam — o néctar de Seus lábios; muhuḥ — repetidamente; vraja-striyaḥ — as donzelas de Vrajabhūmi; sammumuhuḥ — desmaiavam frequentemente; yat-āśayāḥ — esperando ser favorecidas dessa maneira.

Ó amigas, apenas pensai em Suas esposas, cujas mãos Ele aceitou. Como elas devem ter-se submetido a votos, banhos, fogos de sacrifício e perfeita adoração ao Senhor do universo para agora saborearem constantemente o néctar de Seus lábios [através do beijo]! As donzelas de Vrajabhūmi desmaiavam frequentemente, esperando ser favorecidas dessa maneira.

SIGNIFICADO—Os rituais religiosos prescritos nas escrituras se destinam a purificar as qualidades mundanas das almas condicionadas de modo a capacitá-las a se promoverem gradualmente ao estágio de prestar transcendental serviço ao Senhor Supremo. O alcance desse estágio de vida espiritual pura é a perfeição máxima, e esse estágio se chama svarūpa, ou a verdadeira identidade do ser vivo. Liberação significa a renovação desse estágio de svarūpa. Nesse estágio perfeito de svarūpa, o ser vivo se estabelece em cinco fases de serviço amoroso, uma das quais é o estágio de mādhurya-rasa, ou a disposição de amor conjugal. O Senhor é sempre perfeito em Si mesmo e, sendo assim, Ele não anseia nada para Si mesmo. Contudo, torna-Se mestre, amigo, filho ou esposo para satisfazer o intenso amor do devoto em questão. Aqui, mencionam-se duas classes de devotos do Senhor no estágio de amor conjugal. Uma é svakīya, e a outra, parakīya. Ambos se relacionam em amor conjugal com a Personalidade de Deus, Kṛṣṇa. As rainhas de Dvārakā eram svakīya, ou esposas devidamente casadas, mas as donzelas de Vraja eram jovens amigas do Senhor enquanto Ele era solteiro. O Senhor permaneceu em Vṛndāvana até os dezesseis anos, e Suas relações amistosas com as mocinhas da vizinhança eram em termos de parakīya. Essas mocinhas, bem como as rainhas, submeteram-se a severas penitências fazendo votos, tomando banhos e oferecendo sacrifícios ao fogo, como se prescreve nas escrituras. Os ritos, como eles são, não constituem o fim em si mesmos, tampouco as ações fruitivas, o cultivo de conhecimento ou o aperfeiçoamento de poderes místicos constituem o fim em si mesmos. Todos eles são meios para se alcançar o estágio máximo de svarūpa, prestar serviço transcendental constitucional ao Senhor. Cada ser vivo tem sua posição individual em um dos cinco diferentes tipos de meios de reciprocação com o Senhor, e, na forma espiritual pura do svarūpa, a relação se manifesta sem afinidade mundana. O beijo no Senhor, seja por Suas esposas ou por Suas jovens namoradas que aspiravam ter o Senhor como seu noivo, não é de maneira alguma de natureza mundana pervertida. Se essas coisas fossem mundanas, uma alma liberada como Śukadeva não teria se dado ao trabalho de saboreá-las, tampouco o Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu teria Se sentido inclinado a participar desses assuntos após ter renunciado à vida mundana. Esse estágio se alcança após muitas vidas de penitências.

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