VERSO 32
ajāta-śatruḥ pṛtanāṁ
gopīthāya madhu-dviṣaḥ
parebhyaḥ śaṅkitaḥ snehāt
prāyuṅkta catur-aṅgiṇīm
ajāta-śatruḥ — Mahārāja Yudhiṣṭhira, que não era inimigo de ninguém; pṛtanām — forças defensivas; gopīthāya — para dar proteção; madhu-dviṣaḥ — do inimigo de Madhu (Śrī Kṛṣṇa); parebhyaḥ — dos outros (inimigos); śaṅkitaḥ — temendo; snehāt — por afeição; prāyuṅkta — organizou; catuḥ-aṅginīm — quatro divisões defensivas.
Mahārāja Yudhiṣṭhira, embora não fosse inimigo de ninguém, organizou quatro divisões de defesa [cavalo, elefante, quadriga e infantaria] para acompanhar o Senhor Kṛṣṇa, o inimigo dos asuras [demônios]. O Mahārāja fez isso por causa do inimigo, e também por afeição pelo Senhor.
SIGNIFICADO—As medidas defensivas naturais são cavalos e elefantes, combinados com quadrigas e homens. Cavalos e elefantes são treinados a se moverem em toda parte nas colinas, florestas e planícies. Os quadrigários podiam lutar contra muitos cavalos e elefantes devido ao recurso de flechas poderosas, e armas até do tipo brahmāstra (semelhante às modernas armas atômicas). Mahārāja Yudhiṣṭhira sabia bem que Kṛṣṇa é o amigo e benquerente de todos, mas havia asuras que eram por natureza invejosos do Senhor. Assim, por medo de um ataque dos outros e também por afeição, ele organizou todas as variedades de forças defensivas como guarda-costas do Senhor Kṛṣṇa. Caso fosse necessário, o próprio Senhor Kṛṣṇa bastaria para Se defender do ataque de outros que O consideravam inimigo. Mesmo assim, Ele aceitou todos os arranjos feitos por Mahārāja Yudhiṣṭhira porque não podia desobedecer ao rei, que era Seu primo mais velho. O Senhor representa o papel de um subordinado em Seus divertimentos transcendentais e, dessa maneira, Ele às vezes Se põe aos cuidados de Yaśodāmātā para Sua proteção em Seu assim chamado desamparo infantil. Trata-se de līlā transcendental, ou passatempo do Senhor. O princípio básico para todos os intercâmbios transcendentais entre o Senhor e Seus devotos manifesta-se para o desfrute de bem-aventurança transcendental, para o que não há comparação possível, mesmo em nível de brahmānanda.