VERSO 21
pitṛ-bhrātṛ-suhṛt-putrā
hatās te vigataṁ vayam
ātmā ca jarayā grastaḥ
para-geham upāsase
pitṛ — pai; bhrātṛ — irmão; suhṛt — benquerentes; putrāḥ — filhos; hatāḥ — todos mortos; te — teus; vigatam — consumiste; vayam — idade; ātmā — o corpo; ca — também; jarayā — pela invalidez; grastaḥ — dominado; para-geham — lar alheio; upāsase — tu vives.
Teu pai, teu irmão, teus benquerentes e filhos estão todos mortos e desaparecidos. Tu mesmo já consumiste a maior parte de tua vida, teu corpo agora está tomado pela invalidez e vives em uma casa alheia.
SIGNIFICADO—O rei está sendo lembrado de sua condição precária, sob a influência do tempo eterno, e, por sua experiência passada, ele deveria ter sido mais inteligente para ver o que estava por acontecer com sua própria vida. Seu pai, Vicitravīrya, morrera há muito tempo, quando ele e seus irmãos mais novos eram todos crianças pequenas, e foi devido aos cuidados e à bondade de Bhīmadeva que eles foram criados adequadamente. Entretanto, seu irmão Pāṇḍu também morreu. Depois, no Campo de Batalha de Kurukṣetra, seus cem filhos e seus netos morreram todos, juntamente com todos os outros benquerentes, como Bhiṣmadeva, Droṇācārya, Karṇa e muitos outros reis e amigos. Desse modo, ele havia perdido todos os homens e todo o dinheiro, e agora estava vivendo à mercê de seu sobrinho, a quem havia colocado em várias situações difíceis. E, apesar de todos esses reveses, ele pensava que prolongaria sua vida cada vez mais. Vidura queria mostrar a Dhṛtarāṣṭra que todos têm de se proteger através de suas ações e da graça do Senhor. Devemos executar nosso dever fielmente, dependendo da autoridade suprema para o resultado. Nenhum amigo, nenhum filho, nenhum pai, nenhum irmão, nenhum estado nem pessoa alguma podem proteger alguém que não é protegido pelo Senhor Supremo. Deve-se, portanto, buscar a proteção do Senhor Supremo, pois a forma humana de vida se destina a buscar essa proteção. Dhṛtarāṣṭra foi alertado ainda mais acerca de suas precárias condições pelas seguintes palavras.