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VERSO 23

aho mahīyasī jantor
jīvitāśā yathā bhavān
bhīmāpavarjitaṁ piṇḍam
ādatte gṛha-pālavat

aho — ai de mim; mahīyasī — poderosas; jantoḥ — dos seres vivos; jīvita-āśā — esperança de vida; yathā — tanto quanto; bhavān — tu estás; bhīma — de Bhīmasena (um irmão de Yudhiṣṭhira); apavarjitam — restos; piṇḍam — alimento; ādatte — comidos por; gṛha-pāla-vat — como um cão doméstico.

Ai de mim! Quão poderosas são as esperanças dos seres vivos de continuarem vivendo! Em verdade, estás vivendo como um cão doméstico e comes os restos de alimento dados por Bhīma.

SIGNIFICADO—Um sādhu nunca deve adular reis ou homens ricos para viver confortavelmente à custa deles. O dever de um sādhu é dizer aos chefes de família a verdade crua da vida, para que eles se conscientizem da vida precária na existência material. Dhṛtarāṣṭra era um exemplo típico de um velho apegado à vida familiar. Ele se tornara um indigente no verdadeiro sentido, apesar do que desejava viver confortavelmente na casa dos Pāṇḍavas, entre os quais Bhīma é especialmente mencionado porque matou pessoalmente dois filhos proeminentes de Dhṛtarāṣṭra, a saber, Duryodhana e Duḥśāsana. Esses dois filhos eram muito queridos por Dhṛtarāṣṭra, devido a suas atividades notórias e perversas, e Bhīma é particularmente mencionado porque matou esses dois filhos tão estimados. Por que Dhṛtarāṣṭra vivia ali na casa dos Pāṇḍavas? Porque ele queria continuar vivendo confortavelmente, mesmo correndo o risco de todo tipo de humilhação. Vidura, portanto, ficou atônito ao ver quão poderoso é o impulso de continuar vivendo. Esse senso de continuar vivendo indica que o ser vivo é eternamente uma entidade viva e não quer mudar de habitação corpórea. O tolo não sabe que recebe um período particular de existência corpórea para que ele se submeta a um período de aprisionamento, e assim se concede o corpo humano, depois de muitos e muitos nascimentos e mortes, como oportunidade de autorrealização para voltar ao lar, voltar ao Supremo. Porém, pessoas como Dhṛtarāṣṭra tentam fazer planos para viver em tal situação numa posição confortável com lucros e interesses, pois eles não veem as coisas como elas são. Dhṛtarāṣṭra é cego e mantém a esperança de viver confortavelmente em meio a todos os tipos de reveses da vida. Um sādhu como Vidura se destina a despertar essas pessoas cegas e, dessa maneira, ajudá-las a voltar ao Supremo, onde a vida é eterna. Uma vez lá, ninguém quer voltar a este mundo material de misérias. Podemos apenas imaginar quanta responsabilidade envolve a tarefa confiada a um sādhu como Mahātmā Vidura.

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