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VERSO 33

aho adharmaḥ pālānāṁ
pīvnāṁ bali-bhujām iva
svāminy aghaṁ yad dāsānāṁ
dvāra-pānāṁ śunām iva

aho — vede só; adharmaḥ — irreligião; pālānām — dos governantes; pīvnām — daquele que é criado; bali-bhujām — como os corvos; iva — como; svāmini — ao mestre; agham — pecado; yat — que é; dāsānām — dos servos; dvāra-pānām — mantendo guarda à porta; śunām — dos cães; iva — como.

[Śṛṅgi, o filho do brāhmaṇa, disse:] Oh! Vede só os pecados dos governantes que, como corvos e cães de guarda à porta, perpetram pecados contra seus senhores, contrariando os princípios que regem os servos.

SIGNIFICADO—Os brāhmaṇas são considerados a cabeça e o cérebro do corpo social, e os kṣatriyas são considerados os braços do corpo social. Os braços são necessários para proteger o corpo de todos os males, mas os braços devem agir de acordo com as orientações da cabeça e do cérebro. Esse é o arranjo natural feito pela ordem suprema, pois se confirma na Bhagavad-gītā que as quatro ordens ou castas sociais, a saber, os brāhmaṇas, os kṣatriyas, os vaiśyas e os śūdras, são dispostas de acordo com a qualidade e o trabalho feito por eles. Naturalmente, o filho de um brāhmaṇa tem uma boa oportunidade de se tornar um brāhmaṇa através da orientação de seu pai qualificado, assim como o filho de um médico praticante tem uma boa oportunidade de se tornar um médico praticante qualificado. Assim, o sistema de castas é bastante científico. O filho deve aproveitar-se das qualificações do pai e, desse modo, tornar-se um brāhmaṇa ou um médico praticante, e não outra coisa. Sem ser qualificado, ninguém pode tornar-se um brāhmaṇa ou médico praticante, e esse é o veredito de todas as escrituras e ordens sociais. Aqui, Śṛṅgi, um filho qualificado de um grande brāhmaṇa, alcançou o necessário poder bramânico tanto por nascimento quanto por treinamento, mas ele carecia de cultura porque era um menino inexperiente. Pela influência de Kali, o filho do brāhmaṇa ficou envaidecido com o poder bramânico e, assim, comparou erroneamente Mahārāja Parīkṣit aos corvos e cães de guarda. Decerto, o rei é o cão de guarda do estado, no sentido de que ele mantém olhos vigilantes sobre as fronteiras do estado para sua proteção e defesa, mas tratá-lo de cão de guarda é sinal de um menino inculto. Desse modo, a queda dos poderes bramânicos começou logo que eles deram importância ao direito de nascimento sem a devida cultura. A queda da casta dos brāhmaṇas começou na era de Kali. E, uma vez que os brāhmaṇas são as cabeças da ordem social, todas as outras ordens da sociedade também começaram a deteriorar-se. Esse início de deterioração bramânica foi muito deplorado pelo pai de Śṛṅgi, como observaremos adiante.

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