VERSO 8
dharmaḥ svanuṣṭhitaḥ puṁsāṁ
viṣvaksena-kathāsu yaḥ
notpādayed yadi ratiṁ
śrama eva hi kevalam
dharmaḥ — ocupação; svanuṣṭhitaḥ — executada em termos da própria posição; puṁsām — da humanidade; viṣvaksena — a Personalidade de Deus (porção plenária); kathāsu — na mensagem de; yaḥ — que é; na — não; utpādayet — produz; yadi — se; ratim — atração; śramaḥ — esforço inútil; eva — apenas; hi — sem dúvidas; kevalam — inteiramente.
As atividades ocupacionais executadas por um homem de acordo com sua própria posição não passam de esforços inúteis se não provocam atração pela mensagem da Personalidade de Deus.
SIGNIFICADO—Há diferentes atividades ocupacionais, em termos das diferentes concepções de vida do homem. Para o materialista grosseiro que não pode ver nada além do corpo material grosseiro, não há nada além dos sentidos. Portanto, suas atividades ocupacionais limitam-se ao egoísmo concentrado e extenso. O egoísmo concentrado centraliza-se em torno do corpo individual – isto é visto geralmente entre os animais inferiores. O egoísmo extenso manifesta-se na sociedade humana e centraliza-se em torno da família, da sociedade, da comunidade, da nação e do mundo, com vistas ao conforto corpóreo grosseiro. Acima desses materialistas grosseiros, estão os especuladores mentais, que pairam acima, nas esferas mentais, e seus deveres ocupacionais consistem em fazer poesia e filosofar, ou propagar algum “ismo” com o mesmo objetivo do egoísmo limitado ao corpo e à mente. Todavia, acima do corpo e da mente, está a alma espiritual adormecida, cuja ausência de corpo torna completamente nulo e vazio todo o campo de egoísmo corpóreo e mental. Porém, os menos inteligentes não têm informações acerca das necessidades da alma espiritual.
Porque esses tolos não têm informações relativas à alma e a como ela está além do âmbito do corpo e da mente, não estão satisfeitos com a execução de seus deveres ocupacionais. Levanta-se aqui a questão da satisfação do eu. O eu está além do corpo grosseiro e da mente sutil. Ele é o princípio ativo potente do corpo e da mente. Sem conhecer a necessidade da alma adormecida, não se pode ser feliz simplesmente com a gratificação do corpo e da mente. O corpo e a mente são apenas coberturas externas supérfluas da alma espiritual. As necessidades da alma espiritual é que têm de ser satisfeitas. Uma pessoa que simplesmente limpa a gaiola do pássaro não satisfaz o pássaro. É preciso conhecer realmente as necessidades do próprio pássaro.
A necessidade da alma espiritual é que ela quer livrar-se da limitada esfera do cativeiro material e satisfazer seu desejo de liberdade completa. Ela quer transpor os muros cobertos do universo maior. Quer ver a luz livre e o espírito. Essa liberdade completa será alcançada quando ela encontrar o espírito completo, a Personalidade de Deus. Há uma afeição adormecida por Deus dentro de todos; a existência espiritual manifesta-se através do corpo grosseiro e da mente, sob a forma de afeição pervertida à matéria grosseira e sutil. Portanto, temos que nos dedicar a atividades ocupacionais que evoquem nossa consciência divina. Isso somente é possível se ouvimos e cantamos as atividades divinas do Senhor Supremo, e qualquer atividade ocupacional que não nos ajude a nos apegarmos a ouvir e cantar a mensagem transcendental de Deus é considerada aqui como mera perda de tempo. Isso porque outros deveres ocupacionais (qualquer que seja o “ismo” a que pertençam), não podem dar liberação à alma. Mesmo as atividades dos salvacionistas são consideradas inúteis, por causa de sua incapacidade de assimilar o manancial de todas as liberdades. O materialista grosseiro pode ver na prática que seu ganho material se limita apenas a tempo e espaço, ou neste mundo, ou no outro. Mesmo que ele suba até Svargaloka, não encontrará morada permanente para sua alma ansiosa. É preciso satisfazer a alma ansiosa através do processo perfeito e científico do serviço devocional perfeito.