VERSO 49
sūta uvāca
dharmyaṁ nyāyyaṁ sakaruṇaṁ
nirvyalīkaṁ samaṁ mahat
rājā dharma-suto rājñyāḥ
pratyanandad vaco dvijāḥ
sūtaḥ uvāca — Sūta Gosvāmī disse; dharmyam — de acordo com os princípios da religião; nyāyyam — justiça; sa-karuṇam — cheias de misericórdia; nirvyalīkam — sem duplicidade em dharma; samam — equidade; mahat — gloriosas; rājā — o rei; dharma-sutaḥ — filho; rājñyāḥ — pela rainha; pratyanandat — apoiou; vacaḥ — afirmações; dvijāḥ — ó brāhmaṇas.
Sūta Gosvāmī disse: Ó brāhmaṇas, o rei Yudhiṣṭhira apoiou plenamente as afirmações da rainha, que estavam de acordo com os princípios da religião e eram justificadas, gloriosas, cheias de misericórdia e equidade, e sem duplicidade.
SIGNIFICADO—Mahārāja Yudhiṣṭhira, que era filho de Dharmarāja, ou Yamarāja, apoiou plenamente as palavras da rainha Draupadī, que pediam a Arjuna para libertar Aśvatthāmā. Não se deve tolerar a humilhação do membro de uma grande família. Arjuna e sua família estavam endividados com a família de Droṇācārya porque Arjuna aprendera dele a ciência militar. Caso se mostrasse ingratidão para com essa família tão benevolente, isso não seria justificável de modo algum do ponto de vista moral. A esposa de Droṇācārya, que era a metade do corpo daquela grande alma, devia ser tratada compassivamente, e não deveria ser afligida por causa da morte de seu filho. Isso é compaixão. Tais afirmações de Draupadī são desprovidas de duplicidade, pois as medidas devem ser tomadas com pleno conhecimento. Havia aí sentimento de equanimidade, visto que Draupadī falou baseada em sua experiência pessoal. Uma mulher estéril não pode entender o pesar de uma mãe. Draupadī mesma era mãe, e, por cauda disso, seu cálculo sobre a profundidade da aflição de Kṛpī era muito acertado. E era glorioso porque ela queria mostrar o devido respeito a uma grande família.