VERSO 10
abhidravati mām īśa
śaras taptāyaso vibho
kāmaṁ dahatu māṁ nātha
mā me garbho nipātyatām
abhidravati — vindo rumo a; mām — mim; īśa — ó Senhor; śaraḥ — flecha; tapta — incandescente; ayasaḥ — ferro; vibho — ó grandioso; kāmam — desejais; dahatu — deixai-a queimar; mām — a mim; nātha — ó protetor; mā — não; me — meu; garbhaḥ — embrião; nipātyatām — seja abortado.
Ó meu Senhor, sois todo-poderoso! Uma incandescente flecha de ferro está vindo rapidamente em minha direção. Meu Senhor, deixai-a queimar-me pessoalmente, se assim o desejais, mas, por favor, não a deixeis queimar e abortar meu embrião. Por bondade, fazei-me este favor, meu Senhor.
SIGNIFICADO—Este incidente aconteceu após a morte de Abhimanyu, o esposo de Uttarā. A viúva de Abhimanyu, Uttarā, devia ter seguido o caminho de seu esposo, mas, porque estava grávida, e porque Mahārāja Parīkṣit, um grande devoto do Senhor, vivia nela como embrião, ela era responsável por sua proteção. A mãe de uma criança tem a grande responsabilidade de dar toda proteção à criança, de maneira que Uttarā não se envergonhou de expressar isso francamente diante do Senhor Kṛṣṇa. Uttarā era a filha de um grande rei, a esposa de um grande herói e discípula de um grande devoto e, mais tarde, também seria a mãe de um bom rei. Ela era afortunada sob todos os aspectos.