No edit permissions for Português

VERSO 42

yato yato dhāvati daiva-coditaṁ
mano vikārātmakam āpa pañcasu
guṇeṣu māyā-raciteṣu dehy asau
prapadyamānaḥ saha tena jāyate

yataḥ yataḥ — de um a outro lugar ou de uma a outra posição; dhāvati — especula; daiva-coditam — impelida por acaso ou de manei­ra deliberada; manaḥ — a mente; vikāra-ātmakam — mudando de uma classe de pensamento, sentimento e desejo para outro; āpa — no final, obtém-se (uma mentalidade); pañcasu — na hora da morte (quando o corpo material transforma-se apenas em matéria); guṇe­ṣu — (a mente, não estando liberada, apega-se) às qualidades mate­riais; māyā-raciteṣu — onde a energia material cria um corpo semelhante; dehī — a alma espiritual que aceita tal corpo; asau — ela; prapadyamānaḥ — rendendo-se (a essa condição); saha — com; tena — um corpo semelhante; jāyate — nasce.

Na hora da morte, de acordo com o pensamento, sentimento e desejo da mente, que está envolvida em atividades fruitivas, recebe-se um corpo específico. Em outras palavras, o corpo desenvolve-se de acordo com as atividades da mente. As mudanças de corpo devem­-se à instabilidade da mente, pois, de outro modo, a alma poderia permanecer em seu corpo espiritual original.

SIGNIFICADO—Pode-se entender com muita facilidade que a mente está sempre oscilan­do, mudando a qualidade de seu pensamento, sentimento e desejo. Arjuna explica isso na Bhagavad-gītā (6.34):

cañcalaṁ hi manaḥ kṛṣṇa
pramāthi balavad dṛḍham
tasyāhaṁ nigrahaṁ manye
vāyor iva suduṣkaram

A mente é cañcala, instável, e sofre mudanças bruscas. Portanto, Arjuna admitiu que controlar a mente não é uma tarefa possível; isso seria tão difícil como controlar o vento. Por exemplo, se em um rio ou no mar alguém estiver em um barco que navega ao sabor do vento e o vento for incontrolável, o barco instável ficará em uma situação crítica e será muito difícil controlá-lo. Ele poderá até mesmo virar. Portanto, no bhava-samudra, o oceano da especulação mental e da transmigração para diferentes classes de corpos, a pessoa primeiro deve controlar a mente.

Através da prática regulada, pode-se controlar a mente, e esse é o propósito do sistema de yoga (abhyāsa-yoga-yuktena). Contudo, sempre existe a possibilidade de o sistema de yoga falhar, em especial nesta era de Kali, porque o sistema de yoga utiliza meios artificiais. Entre­tanto, se a mente se ocupa em bhakti-yoga, pode-se controlá-la com muita facilidade, pela graça de Kṛṣṇa. Portanto, Śrī Caitanya Mahāprabhu recomenda que harer nāma harer nāma harer nāmaiva kevalam. Deve-se sempre cantar o santo nome do Senhor, pois o santo nome do Senhor não é diferente de Hari, a Pessoa Suprema.

Cantando sempre o mantra Hare Kṛṣṇa, pode-se fixar a mente nos pés de lótus de Kṛṣṇa (sa vai manaḥ kṛṣṇa-padāravindayoḥ) e, dessa maneira, alcançar a perfeição do yoga. Caso contrário, a mente oscilante, em busca de gozo dos sentidos, ficará pairando na plataforma da especulação mental, e a pessoa terá de transmigrar de um tipo de corpo a outro, porque a mente aprende a conviver apenas com os elementos materiais, ou, em outras palavras, com o gozo dos sentidos, que é falso. Māyā-sukhāya bharam udvahato vimūḍhān. (Śrīmad-Bhāgavatam 7.9.43) Os patifes (vimūḍhān), sendo controlados pela especulação mental, fazem enormes arranjos para poderem desfrutar da vida temporária, mas eles têm de abandonar o corpo na hora da morte, quando tudo é levado pela energia externa de Kṛṣṇa (mṛtyuḥ sarva-haraś cāham). Naquele momento, tudo o que a pessoa criou nesta vida se esvai, e ela automaticamente deve aceitar um novo corpo, que lhe é imposto pela natureza material. Nesta vida, talvez alguém tenha construído um arranha-céu muito alto, mas, na próxima vida, devido à sua mentalidade, ela talvez tenha de aceitar um corpo de cão, gato, árvore ou mesmo de semideus. Logo, o corpo é oferecido pelas leis da natureza material. Kāraṇaṁ guṇa-saṅgo ’sya sad-asad-yoni janmasu. (Bhagavad-gītā 13.22) A alma espiri­tual nasce em espécies de vida superiores ou inferiores devido apenas à sua associação com as três qualidades da natureza material.

ūrdhvaṁ gacchanti sattva-sthā
madhye tiṣṭhanti rājasāḥ
jaghanya-guṇa-vṛtti-sthā
adho gacchanti tāmasāḥ

“Aqueles situados no modo da bondade gradualmente elevam-se aos planetas superiores, aqueles no modo da paixão vivem nos planetas terrestres, e aqueles no abominável modo da ignorância descem para os mundos infernais.” (Bhagavad-gītā 14.18)

Concluindo, o movimento da consciência de Kṛṣṇa oferece a atividade que mais beneficia a sociedade humana. Portanto, para o benefício de toda a humanidade, o setor saudável da sociedade hu­mana deve levar este movimento muito a sério. Para salvar-se de repetidos nascimentos e mortes, a pessoa deve purificar sua consciência. Sarvopādhi-vinirmuktaṁ tat-paratvena nirmalam. Deve-se estar livre de todas as designações – “eu sou americano”, “eu sou indiano”, “eu sou isto”, “eu sou aquilo” –, e chegar à plataforma em que se compreende que Kṛṣṇa é o amo original e que somos Seus servos eternos. Quando os sentidos se purificam e ocupam-se a serviço de Kṛṣṇa, pode-se alcançar a perfeição máxima. Hṛṣīkeṇa hṛṣīkeśa-sevanaṁ bhaktir ucyate. O movimento da consciência de Kṛṣṇa é um movimento de bhakti-yoga. Vairāgya-vidyā-nija-bhakti-yoga. Seguindo os princípios deste movimento, as pessoas afastam-se das invenções mentais materiais e se estabelecem na plataforma original, na qual existe a relação eterna segundo a qual a entidade viva e a Suprema Personalidade de Deus agem como servo e mestre. Este, em suma, é o propósito do movimento da consciência de Kṛṣṇa.

« Previous Next »