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VERSOS 65-66

ṛṣer vinirgame kaṁso
yadūn matvā surān iti
devakyā garbha-sambhūtaṁ
viṣṇuṁ ca sva-vadhaṁ prati

devakīṁ vasudevaṁ ca
nigṛhya nigaḍair gṛhe
jātaṁ jātam ahan putraṁ
tayor ajana-śaṅkayā

ṛṣeḥ — do grande sábio Nārada; vinirgame — com a partida (após dar informações); kaṁsaḥ — Kaṁsa; yadūn — todos os membros da dinastia Yadu; matvā — pensando em; surān — como semideuses; iti — assim; devakyāḥ — de Devakī; garbha-sambhūtam — os filhos nasci­dos do ventre; viṣṇum — (aceitando) como Viṣṇu; ca — e; sva-vadham prati — temendo morrer nas mãos de Viṣṇu; devakīm — Devakī; vasu­devam ca — e seu esposo, Vasudeva; nigṛhya — prendendo; nigaḍaiḥ — com algemas de ferro; gṛhe — confinados no lar; jātam jātam — cada um que nascia, um após o outro; ahan — matou; putram — os filhos; tayoḥ — de Vasudeva e Devakī; ajana-śaṅkayā — suspeitando que eles poderiam ser Viṣṇu.

Após a partida do grande santo Nārada, Kaṁsa considerou que todos os membros da dinastia Yadu eram semideuses e que qualquer filho nascido do ventre de Devakī poderia ser Viṣṇu. Temendo morrer, Kaṁsa prendeu Vasudeva e Devakī e acorrentou­-os com algemas de ferro. Suspeitando que cada filho fosse Viṣṇu, Kaṁsa matou-os um após o outro, devido à profecia de que Viṣṇu o mataria.

SIGNIFICADO—Śrīla Jīva Gosvāmī, em seus apontamentos sobre este verso, menciona como Nārada Muni deu esta informação a Kaṁsa. Este episódio é descrito no Hari-vaṁśa. Por arranjo da providência, Nārada Muni foi ter com Kaṁsa, e Kaṁsa recebeu-o muito bem. Nārada, portan­to, informou-lhe que qualquer um dos filhos de Devakī poderia ser Viṣṇu. Porque Viṣṇu o mataria, Kaṁsa não deveria poupar a vida de nenhum filho de Devakī, aconselhou Nārada Muni. A intenção de Nārada era que Kaṁsa, matando as crianças, aumentasse suas atividades pecaminosas para que Kṛṣṇa aparecesse logo e o matasse. Ao receber as instruções de Narada Muni, Kaṁsa matou seguidamente todos os filhos de Devakī.

A palavra ajana-śaṅkayā indica que o Senhor Viṣṇu nunca nasce (ajana) e que Ele, portanto, apareceu como Kṛṣṇa, nascendo exata­mente como um ser humano (mānuṣīṁ tanum āśritam). Kaṁsa tentou matar todos os bebês nascidos de Devakī e Vasudeva, embora sou­besse que, se Viṣṇu nascesse, Ele não poderia ser morto. Na verdade, aconteceu que, quando Viṣṇu apareceu como Kṛṣṇa, Kaṁsa não pôde matá-lo; ao contrário, como fora predito, foi Ele que matou Kaṁsa. Deve-se de fato saber como Kṛṣṇa, que nasce transcenden­talmente, age matando os demônios, mas nunca é morto. Quando alguém, por intermédio dos śāstras, entende perfeitamente Kṛṣṇa dessa maneira, ele se torna imortal. Como o Senhor diz na Bhagavad-gītā (4.9):

janma karma ca me divyam
evaṁ yo vetti tattvataḥ
tyaktvā dehaṁ punar janma
naiti mām eti so ’rjuna

“Aquele que conhece a natureza transcendental do Meu aparecimento e atividades, ao deixar o corpo não volta a nascer neste mundo material, senão que alcança Minha morada eterna, ó Arjuna.”

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