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VERSO 33

pīnāhi-bhogotthitam adbhutaṁ mahaj
jyotiḥ sva-dhāmnā jvalayad diśo daśa
pratīkṣya khe ’vasthitam īśa-nirgamaṁ
viveśa tasmin miṣatāṁ divaukasām

pīna muito grande; ahi-bhoga-utthitam emanando do corpo da serpente, que buscava o gozo material; adbhutam muito maravilhosa; mahat grande; jyotiḥ refulgência; sva-dhāmnā com sua própria iluminação; jvalayat tornando fulgurantes; diśaḥ daśa todas as dez direções; pratīkṣya esperando; khe no céu; avas­thitam permanecendo individualmente; īśa-nirgamam até que a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, saísse; viveśa entrou; tas­min no corpo de Kṛṣṇa; miṣatām enquanto observavam; divauka­sām todos os semideuses.

Do corpo do gigantesco píton, surgiu uma refulgência deslumbrante, iluminando todas as direções, e permaneceu individualmente no céu até Kṛṣṇa sair da boca do cadáver. Então, sob o olhar de todos os semideuses, essa refulgência entrou no corpo de Kṛṣṇa.

SIGNIFICADO—Aparentemente, a serpente chamada Aghāsura, por ter recebido a associação de Kṛṣṇa, obteve mukti, entrando no corpo de Kṛṣṇa. Entrar no corpo de Kṛṣṇa se chama sāyujya-mukti, mas os versos posteriores provam que Aghāsura, como Dantavakra e outros, rece­beu sārūpya-mukti. Isso foi amplamente descrito por Śrīla Viśvanatha Cakravartī Ṭhākura, citando referências do Vaiṣṇava-toṣaṇī, de Śrīla Jīva Gosvāmī. Aghāsura alcançou sārūpya-mukti e foi promovido aos planetas Vaikuṇṭha para viver com os mesmos traços corpóreos de Viṣṇu, que tem quatro braços. A explicação desse fenômeno pode ser resumida da seguinte maneira.

A refulgência saiu do corpo da serpente e purificou-se, alcançando śuddha-sattva espiritual – a fase em que se fica livre da contaminação material –, porque Kṛṣṇa permanecera dentro do corpo da serpen­te, mesmo após a morte desta. Talvez alguém duvide que semelhante demônio, cheio de atividades malévolas, pudesse alcançar a libera­ção sob a forma de sārūpya ou sāyujya, e talvez fique surpreso com isso. Mas Kṛṣṇa é tão bondoso que, para afastar essa dúvida, fez a refulgência, a vida individual do pitou, esperar algum tempo em sua individualidade, na presença de todos os semideuses.

Kṛṣṇa é a refulgência completa, e todo ser vivo é parte integrante dessa refulgência. Como se prova aqui, a refulgên­cia é individual em todo ser vivo. Por algum tempo, a refulgência permaneceu fora do corpo do demônio, individualmente, e não se uniu à refulgência total, o brahmajyoti. A refulgência Brahman não é visível aos olhos materiais, mas, para provar que todo ser vivo é individual, Kṛṣṇa fez essa refulgência individual permanecer fora do corpo do demô­nio por algum tempo, de modo que todos vissem. Em seguida, Kṛṣṇa mostrou que qualquer pessoa morta por Ele alcança a liberação, seja sāyujya, sārūpya, sāmīpya ou qualquer outro tipo.

Contudo, a liberação alcançada por aqueles que estão na plataforma de amor e afeição transcendentais é vimukti, liberação especial. Assim, a serpente primeiro entrou no corpo de Kṛṣṇa pessoalmente e juntou-se à refulgência Brahman. Essa imersão se chama sāyujya­-mukti. Nos versos posteriores, todavia, nós observamos que Aghāsura obteve sārūpya-mukti. O verso 38 explica que Aghāsura alcançou um corpo exatamente como o de Viṣṇu, e o verso seguinte a esse também afirma claramente que ele alcançou um corpo inteiramente espiri­tual, como o de Nārāyaṇa. Portanto, em duas ou três passagens, o Bhāgavatam confirma que Aghāsura alcançou sārūpya-mukti. Pode-se, então, argumentar: Como foi que ele se juntou à refulgência Brahman? Como resposta, menciona-se que, assim como Jaya e Vijaya, após três nascimentos, voltaram a alcançar sārūpya-mukti e a associação com o Senhor, Aghāsura recebeu uma liberação semelhante.

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